Capitulo 47- Dias de glória

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Sinto um ódio sobrecomum me consumir aos poucos e crio uma força e agilidade desconhecida por mim, olho para o retrovisor e lanço um sorriso macabro para o motorista que estava mais ocupado em tentar derrubar a Camila para fora da estrada do que comigo.

Mexeu com a pessoa errada, cara.

Esmorro com certa força meu cotovelo no vidro da janela a quebrando no mesmo instante, coloco minha mão dentro da porta e a abro, me seguro na porta e com agilidade dou um chute na cara do motorista, mas como um brutamonte que ele era, não fez muito efeito, então, chuto mais duas vezes com muita força o descordando. Assim, rapidamente, antes que o caminhão perca o controle, puxo o homem do volante o fazendo se deitar no banco do passageiro e com dificuldade cento no banco tentando controlar o volante, mas o máximo que consigo é para-lo no meio da estrada.

Então, vejo a Camila estacionar logo ao lado.

Por fim, fico parada dentro do caminhão e olhando para um ponto fixo, com vários "e se" rondando em minha cabeça. E se eu não tivesse conseguido? E se os tiros tivessem me acertado? E se meu pé escorregasse na hora de pular? E se?

Fecho meus olhos com força e tento expulsar esses pensamentos de minha cabeça e escuto a porta sendo aberta e uma Camila aparece super atenciosa e preocupada.

— Lauren, você está bem?-Ela pega em minha mão e verifica meu pulso, sinto sua mão gelada e então a olho. Minha nossa! Ela estava... chorando?

— Camz, estou bem, não chora.-Me ajeito no bano e limpo suas lagrimas, ela me puxa pela camisa e me abraça.

— Foi quase, Lo.-Diz com a voz abafada em meu pescoço, sua respiração estava acelerada e seu corpo estava mole e muito gelado.

— Camz, você está bem?-A chamo e ela só assente.

— Estou, vamos logo sair daqui, as meninas já derrubaram todos que seguiam o caminhão.-Diz e sai dos meus braços, me deixando uma profunda sensação de vazio. — Vem, eu te ajudo.-Ela estica os braços para mim na descida das escadas do caminhão, me jogo sem medo em seus braços e ela pega com facilidade.

Olho para a estrada e vejo a van onde as meninas estavam paradas no meio fio, Camila me coloca no chão e vamos caminhando de mãos dadas até elas.

— E ai, vamos ver o que tem dentro?-Pergunta Vero descendo da van e as meninas fazem o mesmo.

—Evans disse que não era pra gente tocar na carga até eles chegarem onde estamos.-Jack diz se escorando no carro. 

— Mas eles ainda vão demorar, percorremos mais do que o planejado.-Vero insiste, olhamos para o Jack e ele dá de ombros indo até à traseira da Van e voltando com um pé de cabra na mão. 

 — Por que fez isso, Jack?-Camila pergunta estranhando.

— Para abrir a porta?! - Ele diz irônico, Camila não aguentou e riu do garoto que fez uma careta emburrado.

—Deixe de ser burro, Jack, temos a chave do caminhão, não precisa arrombar.-Camila diz pegando a chave em seu bolso da frente de suas calças, coisa que nem percebi quando ela pegou.

— Não precisa humilhar também.-resmunga indo colocar o pé de cabra no mesmo lugar.

— Pessoal, acho melhor você serem rápidos, pois o Braga e o James já saíram em direção de vocês e tudo indica que vocês não vão voltar para o celeiro.-Dinah avisa e os meus sentidos apitaram a mil.

— Então para aonde vamos?-Perguntamos todos de uma vez.

— Acho que é para a casa que o Braga esconde todo seu esquema sujo.-Jack diz formando as mãos em punhos.

— O esquema de tráfico de mulheres?-Camila pergunta tentando arrancar algo do rapaz.

— Sim, esse mesmo.-Ele pareceu não se tocar, mas logo caiu na real. — Hey, como você sabe?-Ele se vira e encara Camila, confuso.

— Apenas ouvi de alguns dos capangas.-Essa foi boa, isso Camz.

— Ah, tá.-Ele pareceu acreditar, ainda bem, pois, não precisamos de mais em nosso pé, se bem que, ele não parece gostar muito desse trabalho. E talvez ele não fosse um problema, mas é melhor na arriscar.

— Então, vamos olhar ou não?-Vero pergunta tentando desviar o rumo da conversa.

— Vamos.-Camila responde indo até o Jack, ela fica frente a frente com ele, todos estávamos sem entender, até que ela dá uma tapa no rosto dele e sai correndo com ele atrás.

— Ah! Sua...- Ele grita raivoso correndo atrás dela que ria alto. Duas crianças.

(...)

Por fim, eles só param de correr quando a Dinah ameaçou capar cada um, e por incrível que pareça, eles pararam.

— O que será que vamos ver aqui?-Pergunto com medo, não quero perder noites de sono, não com isso.

— Só vamos descobrir quando abrir, então cuida, Camila.-Vero diz impaciente, Camila estava em cima do para-lama traseiro do caminhão para poder subir a porta sem se machucar.

— Um, dois, três...- Um estrondo alto ecoou por todo local, ela abriu, e puta que pariu, que merda era aquela?

— Meu Deus!-Lucy exclama em surpresa.

— Então, era real.-Camila diz com as mãos na cintura e olhando para a desagradável visão que tínhamos. 

Eram várias mulheres de todos os tipos amarradas com vendas e panos impedindo-as de ver e gritar. Algumas tentavam se soltar e choravam muito, elas estavam apavoradas e não era para menos.

— Mas que tipo de monstro são esses, caras?-Falo olhando para as várias mulheres espalhadas pelo caminhão, ali tinha paletes cheias de drogas e armas, mas não dava para ver, pois, tinham produtos os escondendo, mas sabíamos que tinha.

— Eu não sei, a minha única vontade agora é de quebrar a cara deles e esse esquema de merda.-Camila esbraveja e dá um soco na lataria do carro assustando a todas ali, então me coloquei no lugar delas, elas devem estar pensando que somos eles.

— Meninas, não vamos machucar vocês-Digo chegando perto de uma, coloco minhas mãos ao lado de sua venda para tira-la, mas a mesma se esquivou e impediu que eu o fizesse.

Respirei fundo e continuei, lentamente tirei a venda dela dando de cara com seus olhos assutados e amedrontadas, ela olhou para todos os lados e encolheu seus ombros ficando quase em posição fetal.

— Calma, não irie fazer mau a você.-Digo, ela olha para mim ainda com medo, mas não relaxa muito.

— Vamos, Lauren, Dinah acabou de avisar que eles já estão próximos.-Sinto uma mão pairar em meu ombro, então olho para cima e vejo Camila me olhando em compreensão, ela sabia o que estava sentindo e me compreendia, esse foi muito reconfortador, pois me incentivou a querer acabar logo com tudo isso.

— Eu já vou, mas eu volto.-Digo e rapidamente ponho a venda novamente saindo de dentro do caminhão e indo esperar todos lá fora.

Eu só quero que tudo isso acabe logo, essa missão está sendo muito desagastante, tanto para minhas estruturas emocionais quanto físicas. Eu não aguento mais.

CONTINUA>>>>>>>

Notas Finais

Aproveitem....

Testando Limites[Revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora