Capítulo 69 - Precisamos Conversar.

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Dulce voltava ao quarto da filha com a menina enrolada em uma  toalha de cachorrinho após o banho bagunçado e divertido quando o telefone toca

Dulce: alô? - atendeu passando o peso de Lara para o outro braço.

~ precisamos conversar. - falou com receio.

Dulce: não temos nada para conversar e acho que isso já ficou claro. - ia desligar.

~ Dulce, por favor, não desliga. Me ouve, pelo Miguel. - implorou.

~ por que eu faria isso? Você pensou no seu filho em algum momento? - ergueu o telefone que a filha tentava agarrar.

~ eu sei, você está certa. E não sabe o que me custou.

Dulce: Anahí, diga de uma vez o que você quer. Estou muito ocupada e não posso ficar o dia no telefone, pois tenho um bebê para cuidar.

~ pode vir até minha casa? É melhor para conversamos. - suspirou. - não consigo encarar o Christopher. Pode vir?

Dulce fechou os olhos já se arrependendo da reposta.

Dulce: está bem. Eu vou. - Lara lhe sorriu e o coração de Dulce aliviou. - Só diga a hora.

~ às 18:00 horas, pode ser?

Dulce olhou o relógio de parede e viu que tinhas duas horas e meia até o horário marcado.

Dulce: sim. Às 18:00 horas então. - desligou sem dizer adeus e voltou ao caminho que seguia.

Amamentou a filha, lhe arrumou e quando a menina adormeceu foi a sua vez de cuidar antes de sair.

...

Chegando a casa de Anahí Dulce foi recebida pela mesma. Olhou ao redor da sala e lembrou da última briga que teve com Christopher, a pior de todas. Foi dispersa de suas lembranças quando Miguel agarrou suas pernas e com poucos dentes sorriu para a madrinha.

Dulce: meu anjinho, lindo. Está cada vez mais forte e crescido. - abaixou com cuidado e ele beijou o rosto da priminha. - a madrinha trouxe um presente pra você.  - entregou-lhe o kit de bombeiro e o menino ficou radiante.

Anahí: amor, como a mamãe ensinou? - Miguel olhou para mãe e depois de volta para a madrinha.

Miguel: bigado. - sorriu animado.

Dulce: mas é um príncipe!

Levantou-se e a babá de Miguel levou-lhe para experimentar o novo brinquedo.

Anahí: não precisava... Eu nem comprei nada para a Lara... - deu de ombros com vergonha. - ainda não consigo sair de casa sozinha.

Dulce: gosto de ver a animação do Miguel. Lara é pequena demais e tem tudo. Não precisa de nada que venha de você, já fez demais por ela, não acha? - falou sarcasticamente.

Anahí ignorou e continuou.

Anahí: acho melhor irmos até meu quarto. Lá você pode deitar a Lara e ficar mais a vontade. Nossa conversa vai ser longa.

Dulce: confortável seria a última palavra que eu usaria ao retornar aqui. - continuou no mesmo tom.

As duas subiram e Anahí parou ao chegar no quarto de hóspedes, Dulce ficou sem entender. Conhecia a casa e sabia que ali não era o quarto principal.

Anahí: o cheiro dele está por todos os lados. É difícil sentí-lo aqui e não tê-lo comigo. - respondeu ao ver a dúvida na expressão de Dulce.

Dulce: somos responsáveis pelos nossos atos e devemos lidar com eles de cabeça erguida, sendo bons ou maus. - deteve-se a dizer.

Anahí assentiu visivelmente sentida e abriu a porta dando espaço para que Dulce entrasse. Anahí entrou e buscou por todas as almofadas ali colocou na beirada da cama e apontou para que Dulce aconchegasse Lara, assim a ruiva fez, pois percebeu que a filha estava caindo de sono.

Elas sentaram-se em um sofá que havia ao fim da cama, uma de frete para a outra, prontas para iniciar o primeiro confronto.

Dulce: Então, estou aqui. - começou. - Pode dizer o motivo da ligação repentina.

Anahí: precisamos conversar. - falou em um tom mais baixo.

Dulce: você repetiu várias vezes e eu continuo sem saber o motivo. Mas vou avisando, se for algo sobre sua armação, está perdendo tempo. Se aceitei vir aqui é porque estou preocupada com o Miguel e no que suas crises podem resultar para ele!

Anahí: do que está falando? Eu estou bem. Sou uma excelente mãe para o Miguel. - defendeu-se.

Dulce: não foi o que chegou aos meus ouvidos. É o que de verdade você quer? Quer prejudicar o Miguel e perdê-lo?

Anahí não aguentou e caiu em pranto.

Anahí: não quero ficar longe do Miguel. Ele é tudo o que me restou. É o que me aproxima do Poncho, - apontando para fora do quarto. - o desprezo dele é o máximo que eu consigo, é isso ou nada.  Eu estou sozinha, Dulce! A culpa me corrói 24 horas por dia, eu não tenho paz.

Dulce: Anahí, você buscou por isso. - acusou. - foi uma escolha sua! Você escolheu por todos nós.

Dulce estava fria e Anahí entendia bem, mas precisava de uma chance. Queria consertar o estrago que havia feito, devia isso ao filho, ao ex marido e principalmente a Dulce e Christopher.

Anahí: eu nunca quis te fazer mal! Eu estava cega de ciúmes, você era o centro das atenções por onde passávamos. A doce e tímida Dulce María, Christopher, meu ex namorado era completamente louco por você, Poncho, meu marido... ex marido. - corrigiu com dificuldade. - te idolatra. o Chris, a Maite... o Pedro. E eu... Sou a garota que só liga pra aparência e coisas fúteis. Sabe como isso dói? Me rotulavam sem me conhecer. E se me conheciam, não absorviam a verdadeira Annie, aquela que tem sentimentos tão grandes, que acredita na mágia do amor, da esperança e nos sonhos.

Dulce: eu vi, Anahí. Você esqueceu disso. - falou ríspida. - Esqueceu como eu sofri quando você adoeceu. Como me senti inútil ao ver você se destruindo porque sua cabeça te enganava. Esqueceu como aqueles dias no hospital acabaram comigo, eu quase vi você morrer! Mas nunca saí do seu lado. Eu estava nas terapias, te defendia quando a mídia atacava, quando as crises surgiam... Sempre foi eu, e na primeira oportunidade você... você me virou as costas... Deu ouvidos a Belinda que te odiava, que também tentou tirar Alfonso de você.

Anahí: eu sei, eu sei, eu sei. - colocou as mãos nos ouvidos como se as palavras de Dulce lhe causassem muito mal. - EU FUI INJUSTA COM VOCÊ! UMA VERDADEIRA TRAÍRA!

Dulce arregalou os olhos olhando para Lara que movia-se.

A Dor Desse Amor - VONDY - Repostada.Onde histórias criam vida. Descubra agora