Capítulo 68 - Acordo e Supervisão.

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Dulce: não, Christopher. Lara, não sai daqui sem a Mônica, esse é o acordo! - andava de um lado para o outro com as mãos na cintura e totalmente impaciente com a insistência.

Christopher: uma exceção, é só o que eu estou pedindo. Um dia e nada mais. - justificava-se com Lara no colo e a bolsa da menina no ombro. - poxa, fui dispensado de última das cenas que foram adiadas e queria passar um tempo com a minha filha. É pedir muito?

Dulce: nossa filha. - corrigiu. - E é pedir demais, sim! Eu já disse, você tem duas horas aqui para aproveitar sob a minha supervisão e isso, porque estou de bom humor.

Christopher: é diferente. Ficar enfornardo aqui não é o programa que planejei. Queria levá-la ao parque, mostrar o ar livre, outras crianças.

Dulce: Lara é um bebê, não sabe nem que está no mundo. - falou óbvia. - Além disso, todos os dias eu a levo para fazer exatamente o mesmo. Por acaso acha que a crio em cativeiro?

Christopher: não é nada disso. Como sempre você está me julgando errado. VOCÊ - enfatizou. - sempre faz isso, eu não. - aproximou-se dela. -  É um momento pai e filha. Lara gosta de estar comigo, não vai poder proibir que eu a veja com supervisão de alguém para sempre. Eu tenho o direito, ela tem.

Dulce riu negando.

Dulce: por favor, não venha falar sobre direitos. Sabe muito bem minha opinião. Agradeça a Lara por eu ter voltado atrás e não ter ido a justiça.

Christopher: Dulce, entenda de uma vez! Não podemos passar a vida como cães e gatos. Nossa filha e nosso afilhado estão no meio dessa confusão, isso não faz mal só a nós dois. - deu uma pausa  e voltou a falar com tranquilidade. - você pode vir junto, vai ser um momento em família... Como nos velhos tempos. - sorriu lembrando.

Dulce: não seja cara de pau! Família? Como nos velhos tempos? Você destruiu essa família. Nunca houve velhos tempos, porque você não nos deu tempo para isso, tomou da Lara. E não venha culpar a mim, porque fui forte, aguentei coisas que nunca me achei capaz de suportar e tudo por minha filha. Então, não venha falar de família, pois você nunca quis ter uma. Muito menos esforçou-se para mantê-la.

Christopher: quantas vezes eu preciso pedir perdão? Não vê? Estou pagando caro, esses momentos são migalhas que me sobram com Lara. Vai ser assim por toda a vida!

Dulce: pois cresça, e assuma a consequência de seus atos. - falou ríspida e Christopher baixou a cabeça como se levasse um tapa. - pode voltar quando Mônica estiver disponível, mas lembre de avisar com antecedência.

Ele entregou-lhe novamente Lara e colocou a bolsa sobre a mesa de centro. Deu um beijo na cabeça da filha e despediu-se.

Dulce tinha o rosto erguido e virado para a direção oposta a de Christopher.

Christopher: boa noite, Dulce.

Ela sequer deu-se ao trabalho de responder.

Ao ouvir a porta ser batida o choro escapou com intensidade.

Dulce: me perdoa. - sussurou para a filha. - me perdoa, mas não posso.

Apertou Lara e ficou ali parada até acalma-se.

...

Christian: bom dia, para as chicas mais guapas e, você não está guapa. - começou empolgado e logo foi desanimando.

Lara ria e Dulce passou-a para o amigo.

Dulce: entrem. - indo para a cozinha e sendo seguida por Maite, enquanto Christian fechava a porta.

Maite colocou as panquecas e o recheio sobre a bancada e procurou café pela dispensa.

Maite: noite difícil? - sorriu orgulhosa ao encontrar o que procurava sem muito esforço.

Dulce: um pouco. - seu rosto estava inchado e dava sinais que havia chorado. - Christopher, pra variar. - deu de ombros apoiou-se na bancada com a cabeça sobre os braços.

Christian: Lara de novo? - peguntou certeiro, porque as mesmas brigas eram frequentes.

Dulce: temos um acordo. Por que ele insiste em passar por cima da minha autoridade?

Maite: porque quer mais tempo com a filha. Dul, querida, você não pode ser egoísta. O Christopher adora a Lara e é um excelente pai, você deve isso a sua filha. Seja diferente da Blanca.

Christian: eu discordo. Não é porque agora ele move céus pela Lara que vai apagar o que aconteceu. Christopher também já causou muito mal a nossa afilhada.

Dulce: sinto que minha cabeça vai explodir. - suspirou. - não foi assim que imaginei a maternidade. Eu sonhava com paz pro meu bebê, uma infância diferente da minha. Sem pais loucos e brigando o tempo todo, mas acho que me tornei o reflexo exato dos meus.

Christian: não fala isso. É só uma questão de adaptação, logo vocês vão  conseguir conviver civilizadamente.

Dulce: assim espero. - com um olhar triste.

Maite: escuta, Dul. Seus pais não entraram em contato?

Dulce: o que você acha? - deu uma pausa e logo respondeu. - A doce família Saviñón. - deu um falso sorriso.

Maite: poxa, é triste. Nem mesmo o nascimento da neta os aproximou. Como uma mentira pode destruir laços tão fortes? Não entendo. Não posso acreditar.

Dulce: pois se você perguntar à Anahí ela te dar a receita completa e sem falhas. É certeiro, pode confiar. - falou sarcasticamente.

Christian: eu sinto pena do Miguel. De um lado para o outro, entre as crises da mãe e as frequentes viagens do pai.

Dulce: o Poncho tem se esforçado. - defendeu o amigo.

Maite: sabemos. Mas uma criança precisa da atenção integral dos pais. Deve ser difícil para ele, tão pequeno associar as mudanças que ocorreram.

Christian: é. Num instante você tem tudo. Fama, felicidade, dinheiro, amor e no outro...

Dulce engoliu em seco pensando em Lara. E se filha senti-se exatamente assim?

Maite: amor, ainda estamos falando de um bebê. - negou e entregou a xícara de café para Dulce. - está muito magrinha, precisa se alimentar.

Dulce: e eu me alimento. Sua afilhada que tem sugado minhas forças. - riu apertando o nariz de Lara.

Christian: quem diria, chuck mãe e chuck filha.

Maite gargalhou seguida de Lara que arrancou risos com tamanha fofura.

A Dor Desse Amor - VONDY - Repostada.Onde histórias criam vida. Descubra agora