Capítulo 53

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Sábado. Acordei super bem, apesar de ontem não conseguir dormir por não parar de pensar nos Sparks. Minha mãe não me contou o que disse que contaria e isso é outra coisa que me preocupou mais ainda. Não tive vontade nem de ler aquele blog na internet. Dava-me arrepios só de pensar. Precisava fazer algo que me dispersasse desses pensamentos, e eu sei muito bem o que.

Tomei um banho relaxante e passei meu hidratante que o Justin tanto gosta. Queria estar com ele agora. Coloquei um vestido e prendi meu cabelo em um rabo alto e soltinho.

Desci as escadas e vi minha mãe na cozinha, tomando café e lendo seu livro. Sorri, mordendo os lábios e peguei uma xícara para mim e despejando café nela. O aroma forte me invadia as narinas. Adoro café. Sentei em uma das cadeiras e só assim ela me notou.

- Ah, bom dia filha.

- Bom dia mãe. Está tão bom assim? – perguntei, segurando o riso.

- Está sim. Contou ao Justin sobre o vestido?

- Contei. Ele ficou curioso.

- Imaginei que ficasse. – ela olhou para mim enquanto tomava meu café e ela ergueu uma das sobrancelhas. – Vai a casa dele?  

- Quem dera. Mas ele não estaria acordado à uma hora dessas em um sábado. Vou naquele hospital para crianças deficientes.

- Ah, tudo bem. Vai voltar para o almoço?

- Vou comer lá com eles. Faz bastante tempo que não vou lá, então vou passar à tarde para compensar.

- Ok. Se precisar de mim, é só ligar, você sabe. E quando chegar, vamos conversar sobre ontem.

Assenti, terminando de tomar meu café e subi para escovar os dentes e pegar meu celular. Despedi-me de minha mãe e fui a pé mesmo. É um pouco longe, mas quero andar pela cidade. Encontrei a Sra. Harold e falamos sobre suas roseiras impecáveis. Topei com uma amiga da minha mãe, a Lauren, e ela insistiu em me levar até o hospital, mas eu neguei. Precisava me distrair um pouco, pelo menos até a hora de conversar com a minha mãe.

Andava pela calçada e via as pessoas passando com suas sacolas de compras, rindo. Outras já estavam apressadas, estressadas. Crianças chorando e rindo no colo das mães. Homens bebendo no bar logo cedo. Garotas no salão e lendo revistas dos famosos e fofocando. Idosos fazendo suas compras do mercado. Dobrei a esquina, vendo um homem sentado no chão, com uma expressão de tristeza no rosto e com um cartaz de papelão escrito “um centavo ou um sorriso”. Suas roupas sujas e rasgadas falavam o tempo que passou ali. Parei na frente dele e sorri, procurando dinheiro na minha bolsa. Tinha vinte dólares. Peguei dez e dei para o homem, que sorriu em seguida.

- Você é muito gentil, mocinha.

- Imagina. Você deve estar com sede e com fome, não é?

- E muita. Há dias que não como.

- Vem, eu te pago pelo menos um lanche.

- Está falando sério?

- Por que eu brincaria? Anda, levanta. Eu conheço uma lanchonete aqui perto.

Ele me olhava estranhando, mas sorriu quando vi que não estava brincando. Levei-o até a lanchonete do Sr. Morris e pedi um misto quente e uma garrafa d’água. Já ajudei o Sr. Morris a limpar a sua lanchonete duas vezes na semana por dois meses. Ele estava sem funcionários para a limpeza e, até contratar um, decidi ajudá-lo.

Little Angel- 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora