Rayssa
Depois que sai do restaurante e entrei no carro sem saber se eu estava em condições psicológicas para dirigir. Botei a cabeça no volante e respirei fundo.
Passei minha mãos nos meus lábios e sorri. Eu já havia perdido as esperanças de um dia nos beijarmos e aconteceu. Foi até melhor do que eu imaginava que seria.
Ligo o carro e dou partida pro hospital. Assim que chego percebo a movimentação intensa de médicos e enfermeiros. Vou direto trocar de roupa e depois pego ficha de algum paciente.
Acidente grave de carro, inconciente, possível traumatismo crânioencefálico.
Rayssa: Mas que merda!— Corro atrás da maca em direção a cirurgia.
João: Por onde esteve?— Ele entra enquanto eu estou higienizando e esterelizando minhas mãos.— Toquei seu paige mil vezes.
Rayssa: Desculpa, peguei trânsito até aqui.
João: Trânsito a essa hora da noite? — me olha desconfiado, mas não tenho tempo pra isso agora.
Rayssa: Sem tempo agora João, tenho que entrar em cirurgia e você está me atormentando.— Entro na sala de cirurgia e ele sai do lavatório.
Depois de 4 horas de cirurgia, nos finalizados e ocorreu tudo bem, conseguimos reverter o caso da jovem e ela logo irá acordar.
Estou saindo da sala quando meu pai aparecer no corredor em minha direção.
Carlos: Andando pelos corredores fiquei sabendo que você é a melhor neurocirurgiã do hospital. Devo acreditar?
Rayssa: Nível de mortalidade baixa, por isso falam que sou a melhor. — digo dando de ombros. Não ligo pra esse posto, apenas quero fazer o certo e salvar vidas.
Carlos: Eu e sua mãe também sempre fomos os melhores. Tá no sangue filha.
Rayssa: É talvez. Mas o que faz aqui?
Carlos: Sua mãe me chamou pra ajudar. Esse acidente deixou muitos feridos.
Rayssa: Entendi, então fique a vontade. Vou dar uma descansada. — Passo por ele, mas antes escuto-o me chamar
Carlos: Estou orgulhoso de você filha. — Assinto e saio.
Entro no vestiário feminino e Jéssica está deitada em um dos bancos dormindo. Bato com a porta do meu armário e ela toma um susto.
Jéssica: filha da puta!— Eu gargalho.
Rayssa: Desculpa, não resisti.
Jéssica: Como ficou sua paciente?
Rayssa: Bem.
Jéssica: Ela te lembrou a Bella né?
Rayssa: Lembrou — digo triste e me sentando. — O marido dela tá de volta amiga. — Ela arregala os olhos.
Jéssica: É o que? O bonitão viúvo?
Rayssa: exato. Nos encontramos no café hoje mais cedo.
Jéssica: e como foi? Vocês conversaram?— sorri.
Rayssa: Sim. Eu o levei comigo pra buscar meu pai no aeroporto e depois paramos pra jantarmos juntos.
Jéssica: Você é louca! E aí? Descobriu por onde ele esteve?
Rayssa: Casa dos pais. — Me distraio pensando no nosso rápido beijo.
Jéssica: Ih já vi tudo... Você ainda gosta dele né?
Rayssa: Eu disse pra ele que tava com vontade de beijar ele e ele me beijou. — minha amiga bate as mãos em comemora com um gritinho abafado.
Jéssica: Até que enfim esse beijo saiu! E depois?
Rayssa: E depois que o paige tocou e eu tive que sair de lá correndo... Aí eu chego aqui e um caso igualzinho da Bella aparece nas minhas mãos. Que dia nostálgico.
Jéssica: Eu acho que é o destino. Eu sei como você ficou arrasada com a morte da Bella. Eu estava aqui quando você se desestabilizou toda, acho que essa foi a chance de você ver que você é capaz e de que não foi você quem a matou.
Rayssa: É, mas não foi eu quem a salvou também.— Ela nega.
Jéssica: Não estava mais no seu alcance — ela me puxa para um abraço e eu consigo soltar o ar que eu nem sabia que estava prendendo.— E vocês vão se ver quando de novo?
Rayssa: Não sei.
Jéssica: Pegou número dele?— nego.— Nem você deu o seu?— nego novamente.— Porra vocês são dois idiotas! Ainda bem que ele sabe onde te encontrar.
Rayssa: Pois é. Acho que ele vai me procurar. — pelo menos isso era o que eu esperava.
Se passaram uma semana e ele não apareceu por aqui e nem tentou descobrir meu número para me ligar. Eu sempre perguntava a minha assistente se algum André havia ligado e a resposta era sempre não. Uma mensagem chega no meu telefone, é o João.
João: Já faz uma semana que você está me ignorando? Cansou de transar comigo?
Rayssa: Não estou te ignorando. Estava menstruada, você sabe. — minto.
João: Somos médicos querida, sangue não nos intimida lembra?
Rayssa: Não estou no clima João.
João: Ok, quer sair comigo hoje pra distrair? Acho que você tá precisando...
Rayssa: Ah não sei...
João: Eu prometo deixar minhas mãos longe de você e você me conta o que tá rolando.
Rayssa: Algum lugar em mente?
João: Boate. Encher a cara. Estamos de folga do próximo plantão
Rayssa: Me convenceu.
João: Boa gata, te pego as 22h. Esteja pronta. — Sorrio para o telefone sabendo que nunca estou pronta quando ele chega pra me buscar.
Eu queria ficar em casa e curtir minha fossa, afinal o André fugiu de mim de novo sem deixar registros. Ele é um cuzão.
Ele diz que quer me beijar e some. Ele me beija daquela forma e some.
Não dá pra entender esse homem! Por isso beber é a solução.
João é ótimo na arte de me divertir, então é isso. Vou me divertir.
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UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.
RomanceUma médica e um professor. Duas pessoas completamente diferentes que se encontraram. De Jene Andrade. 🌠