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Rayssa

Já tinha amanhecido e eu esperei até dar 8 da manhã e ir até a casa do André.
Porteiro avisou que eu estava na porta e André liberou minha entrada. Por um segundo eu achei que ele poderia dizer que eu não podia subir, mas ele liberou minha entrada.
Entrei no elevador e minhas mãos estavam suando demais e meu coração parecia uma verdadeira escola de samba. Quando chega, saio e já vejo a porta do seu apartamento aberta.
Rayssa: licença. Tô entrando...— Ele tava sentado na mesa de frente pro notebook. — Oi. — Ele levantou tirando o óculos que usava.
André: Oi. Como Jéssica está?
Rayssa: Ela tá bem, acredita que ela tá grávida?
André: grávida? — ele tava tão surpreso quanto eu. — E ela estava bebendo a beça no baile, isso faz mal ao bebê.
Rayssa: É, mas ela não tava muito preocupada com isso — Disse me sentando no seu sofá e ele sentou também.— Ela não quer ter o bebê, se jogou na frente do carro de propósito.
André: Que isso... E o bebê tá bem?
Rayssa: Tá sim. — Ele sorriu e eu também, mas logo nosso problema pairou sobre nossa cabeça e ele me encarou sério.— Quero te explicar o que aconteceu
André: Estou ouvindo.
Rayssa: Tinha quase 1 ano e meio que a Bella estava em coma, e eu tinha saído com as meninas para beber. A noite quando eu voltei pro hospital, eu fui ver você.
André: foi me ver?
Rayssa: Sim... Enfim, quando cheguei você estava bebendo. Lembra que você bebia vodka escondido no hospital pra conseguir dormir?— assinto. Não me orgulho disso, mas na época eu não conseguia dormir sem álcool.— Eu e você começamos a conversar. E.... Aí meu Deus! Eu não consigo contar.— eu levo minha mão ao meu rosto envergonhada.
André: eu preciso saber Rayssa. Continua. — respirei fundo e continuei
Rayssa: Nossa conversa acabou seguindo um caminho novo e um pouco perigoso.
André: Perigoso?
Rayssa: Sim, nós dois estávamos bem bêbados já. Você estava carente e eu queria você. Eu te fiz uma proposta e você aceitou. Foi isso.
André: Que proposta Rayssa?— continuava sério e eu mordi meus lábios.
Rayssa: Que você transasse comigo como se eu fosse a Bella. Pronto, foi isso. — Vi a expressão do André berrar ao horror. Seus olhos estavam arregalados e de alguma forma ele tentava se lembrar.
André: A gente transou?
Rayssa: Não. A Jéssica chegou bem na hora e me levou embora. No dia seguinte quando voltei, você não lembrava de absolutamente nada.
André: Me lembre de agradecer a Jéssica na próxima vez que eu a ver. Se tivesse rolado algo entre nós eu nunca ia me perdoar.
Rayssa: Você iria fazer o que? Talvez você nem saberia André...
André: Como eu também nunca iria saber sobre isso né? Não tinha que ter feito essa proposta ridícula pra mim, porra, a minha mulher tava na cama do nosso lado.
Rayssa: Ela tava morta André.
André: Não, ela não tava. — grita. E eu dou um passo para atrás com o susto. — Você sabe que ela não tava morta.
Rayssa: Não se esqueça que eu era a médica dela e soube exatamente o dia em que ela morreu.
André: Ela tava ali, devia ter respeitado ela.
Rayssa: Não joga essa responsabilidade pra mim ok? Eu também estava bêbada.
André: Ah é? Porque me parece que de nós dois você é a única que lembra de tudo.
Rayssa: Ah entendi, ta achando que eu me aproveitei de você?— ri do tamanho absurdo.
André: Isso é você que tá dizendo.
Rayssa: Ok. Pra mim chega. Eu realmente achei que você seria maduro e percebesse que o que rolou entre nós naquele dia foi muito além do que pudéssemos controlar.
André: Eu era uma homem casado. Você não entende isso?
Rayssa: E eu era a médica apaixonada pelo marido da minha paciente em coma. Eu não tinha culpa.
André: Você o que?— ele pergunta atônito e eu percebo que contei o que não era pra contar.
Rayssa: Eu não sei se apaixonada é o termo certo, mas eu sempre quis você, André. É horrível, mas eu tinha inveja da Bella, queria ser ela pra pelo menos ter a atenção que ela tinha de você até mesmo deitada naquela cama. Eu jamais teria armado tudo, fazer você beber demais pra apenas transar com você e ser esquecida no dia seguinte.
André: Isso é doidera. Não sei mais o que falar...

Rayssa: Não me arrependo daquele dia, foi nele que eu tive certeza que eu gostava de verdade de você e durante todo esse tempo o sentimento esteve presente em mim. — ele assentiu e ficou calado durante muito tempo. Tempo demais. Peguei minha bolsa e coloquei a nos ombros. — Vou indo nessa, tenho que ir pro hospital. — Ele não respondeu. — Tem como falar alguma coisa? Esse seu silêncio tá me matando.
André: Não sei o que falar. Se tá esperando que eu diga que também sempre senti algo entre nós desde aquela época está se enganando atoa. E hoje em dia eu já não sei mais... — Assenti tentando ser forte, mas por dentro suas palavras foram mais pesadas do que um elefante sobre minhas costas.— Quero ficar sozinho agora.— não respondi, apenas sai de sua casa e quando ele não podia mais me ver ou ouvir, eu desabei.

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora