Rayssa
Há dois anos atrás....
Jéssica: Amiga acho melhor você maneirar nessa bebida, você já está ficando bêbada.
Rayssa: Bom mesmo seria eu beber e esquecer de tudo, mas isso nunca acontece. Eu queria esquecer da minha vida pra sempre. Essa vida de merda — bebo mais um gole.
Jéssica: Não sei porque toda essa fossa. Você tem o João, não está carente. Transa com ele quase todos os dias.
Rayssa: Eu quero mais que isso amiga— choramingo
Jéssica: Um amor igual daquele casal do hospital. Já entendi
Rayssa: Eu me sinto horrível por sentir desejo por aquele homem, ele sofre tanto e eu com tesão nele. — viro mais um copo de tequila. — E o pior é que ele nunca vai me notar, porque ele é um cara direito, um homem de verdade! João nunca vai ser assim por ninguém, ele não presta, é igual a mim.
Jéssica: Olha vou ao banheiro, não sai daqui. Quando eu voltar vamos conversar e eu falo o que eu acho — Ela sai da mesa e aproveito pra ir embora.
Levo comigo uma garrafa de tequila na bolsa e só quando chego ao hospital noto que fiz o caminho errado.
Já estando aqui não me contive e fui em direção ao quarto da Bella. Já passava das onze da noite e esse horário todos os leitos já estão com as luzes apagadas.
Entro fazendo barulho e sei que o André está acordado. Ele me olha assustado.
André: Doutora?
Rayssa: Tava batendo uma? Se escondeu rápido — sorrio. Olha o álcool agindo, trombei com meu próprio pé e cambaleei pelo quarto. Ele tava sem graça.
André: Não, eu só me assustei.
Rayssa: Você andou bebendo?— disse sentindo o cheiro, mas nem sabia se era ele ou eu mesmo.— Sabe que não pode beber aqui no hospital né?
André: Eu que deveria perguntar isso pra você. Uma médica pode trabalhar bêbada?— Faço uma careta e me jogo no sofá.
Rayssa: Não estou te plantão. Vim porque.... — enrolo a língua.— na verdade eu não sei porque eu vim. Quer tequila? Roubei do bar. — Ele me olha um pouco assustado. — Pode beber, você precisa mais do que eu. Não vou contar pra ninguém que você já estava bebendo aqui antes de eu chegar
André: Ok. — Ele pega da minha mão e dá um bom gole. — Todo dia eu bebo. Não consigo dormir mais sem estar bebado.Rayssa: Talvez você morra se continuar assim
André: Talvez é o que eu queira.— ele continua a beber e eu tomo a garrafa da sua mão.
Rayssa: E se ela acordar? O que eu digo pra ela? Que o marido dela se matou de tanto beber?
André: Ela não vai acordar. Você sabe disso tanto quanto eu quando não tô sóbrio também sei. — dou um gole na garrafa.
Rayssa: O mais sente falta no relacionamento de vocês?
André: Ouvir a risada dela. Sentir o abraço e o cheiro do shampoo que ela usava no cabelo. Do sexo.
Rayssa: Sexo era bom?
André: Era sim — Ele toma a garrafa da minha mão e entorna mais pra dentro do seu organismo. Percebo que há um volume nas suas calças, deve tá pensando no sexo deles e eu senti uma puta inveja. Que nojo de mim.
Rayssa: Espero que saiba que tá de pau duro na minha frente André.
André: Espero que saiba que eu sei que a médica da minha mulher tá olhando pro meu pau. — meu Deus! Estamos muito bebados. Acho que tá na hora de ir embora.— Ficou tímida? Seu rosto tá todo vermelho. — continua a beber.
Rayssa: Não estou tímida.
André: Fala pra mim o que mais gosta de fazer além de ser médica e transar pelo hospital
Rayssa: Como sabe que eu transo pelo hospital?
André: Eu escuto vocês na sala de medicamentos, é aqui do lado sabia? E porra eu não transo e isso me dá um tesão do caralho. Se puderem ir pra outro lugar ficarei agradecido. — Odeiei saber que ele pudia ouvir tudo aquilo e já sabia que jamais voltaria para aquele lugar com João
Rayssa: Tive uma ideia que talvez eu possa te ajudar com esse seu problema.
André: Duvido muito. — Não fala isso Rayssa, não fala isso Rayssa. Mentalizo, mas não adianta de nada. O defeito de estar com álcool até o cu é o famoso freio da língua não funcionar.
Rayssa: Você pode imaginar a Bella comigo e se aliviar — ele bebeu uns três goles me encarando.
André: A Bella tem mais bunda que você.
Rayssa: Andou olhando pra minha bunda?
André: Talvez. Mas isso não vai rolar, tenho grande certeza de que o álcool tá falando alto aqui nessa conversa
Rayssa: Pode até ser mais eu tô falando sério. Não me importo se quiser usar meu corpo e pensar nela. Somos amigos. — Ele ri.
André: Melhor não.Rayssa: Um beijo só. Um beijo e você decide...
André: Um beijo?
Rayssa: Sim. — ele sussurrou algo pra si mesmo, e depois levantou e eu também. Parou bem próximo de mim e lambeu meus lábios. Foi bem erótico.
André: Tem gosto de morango.— Entrou com a língua em meus lábios e eu dei passagem. — Você é quente. — Disse e beijou meu pescoço. — Eu topo.
Rayssa: Oi?— Ja estava tão fora de mim com esses beijos que esqueci até meu nome.
André: Eu vou te foder como se tivesse fodendo a minha mulher. Porque eu tô com saudade dela.
Rayssa: Pode fazer o quem quiser. — Agora foi eu quem lambi seus lábios e desencadeou a fera que estava dentro dele. Em alguns segundos ele me empurrou contra o sofá que havia e ficou entre minhas pernas, beijando do meu pescoço até quase meu seio, até que a porta abriu.
Jéssica: Mas que porra é essa? — André saiu de cima de mim e limpou os lábios sem demonstrar nenhum constrangimento. — Rayssa?
Rayssa: O que você tá fazendo aqui?
Jéssica: Você vem comigo. Se quiserem continuar fazendo isso amanhã depois que estiverem sóbrios ok, mas agora acabou. — ela disse séria e o André já parecia querer apagar. — e você, vou chamar um enfermeiro pra cuidar de você. — Diz olhando para o André e em seguida me puxa pra fora do quarto.
Depois tudo o que acontece foi um grande borrão, lembro de ser colocada no táxi e na cama e apagar.
No dia seguinte a ressaca veio com tudo. E com ela toda a vergonha e zero dignidade. Como eu pude praticamente atacar o André? Que merda que eu tava na cabeça?
Cheguei no hospital e a Jéssica estava super me ignorando e eu não tinha com quem conversar. Precisava encarar o André e não sabia como.
Peguei o prontuário dos meus pacientes e fui fazer a revisão diária. Quando chegou a vez de Bella eu parei antes da porta e respirei fundo.
Assim que entrei André estava sentado com um tablet na mão. Abriu um sorriso pra mim e levantou para me cumprimentar.
André: Oi doutora. Bom dia. — ele tava estranho.
Rayssa: Bom dia André. Tá de ressaca?
André: Uma das brabas. Não sei como cheguei a esse ponto. Lembro só de acordar tomando glicose na veia, que estranho né? Poderia perguntar a algum médico como me encontraram?
Rayssa: Andou bebendo aqui no hospital André? — ele só pode tá brincando comigo. — Sabe que não pode.
André: Me perdoe. Eu sei que você já me ajuda o suficiente, mas é que.... É que chega uma hora que não aguento dormir, preciso relaxar.— passo por ele super irritada e vou examinar Bella.
Rayssa: Quando quiser se aliviar aconselho que vá pra algum lugar fora do hospital. — Termino de fazer minhas anotações. — Bom, ela tá na mesma. Qualquer coisa me chame. — Já ia saindo e ele segurou meu braço. Só esse toque me faz lembrar tudo o que aconteceu ontem e até minha espinha arrepiou.
André: Aconteceu alguma coisa? Você parece meio bolada.
Rayssa: Não aconteceu nada. Absolutamente nada. Eu como sempre vivi tudo sozinha — Dei um sorriso triste e ele enrugou a testa. — Esquece. Até mais André. — saio do quarto e vou até o banheiro prometendo a mim mesma que realmente não aconteceu absolutamente nada.
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UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.
RomansaUma médica e um professor. Duas pessoas completamente diferentes que se encontraram. De Jene Andrade. 🌠