UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.

38°

Rayssa

Depois que me despedi do André, respirei fundo e continuei em busca do meu objetivo que era descobrir tudo.
Minha vontade foi de contar tudo logo para ele, contar minhas suspeitas e deixar ele esperançoso, mas e se eu estiver errada? Seria horrível. Não! Não posso contar ainda.
Cheguei até a ala da maternidade e falei com uma das recepcionistas. Carlinha.
Rayssa: Oi Carlinha, preciso falar com a Drª Joana, é urgente!
Carlinha: Doutora, ela vai entrar agora em cirurgia para um parto, acho que não será possível.— Abaixo minha cabeça tentando pensar rápido.
Rayssa: Tenho quantos minutos?— Ela olha algo no computador
Carlinha: Acho que tem uns 10 minutos no máximo.
Rayssa: Ok, é suficiente. — antes que ela fale algo eu sigo meu caminho e entro na sala sem cerimônia. — Boa tarde doutora! Precisamos conversar. — ela se assusta e leva a mão no peito. Joana não era uma médica jovem, era um pouco mais velha do que eu, mas não passa dos 40 anos. Sua fama no hospital é boa, mas ao mesmo tempo todo mundo sabe o quanto é ambiciosa e faz o que for preciso pra subir na vida. Hoje ela é chefe da obstetrícia. Parece que alguém subiu de cargo né? As evidências ficam cada vez mais nítidas.
Joana: Rayssa, meu Deus! Quer me matar de susto?
Rayssa: Preciso que me fale o que você estava fazendo a três anos atrás no dia da cirurgia da Bella. Você sabe, minha paciente.
Joana: Bella? Perdão Rayssa, mas eu atendo muitas mulheres todos os dias. Não lembraria se fosse ontem, imagina a três anos atrás. — Ela diz tentando parece distraída, mas eu pego um mentiroso muito fácil.
Rayssa: Eu vou perguntar mais uma vez. Todo mundo sabe quem é a Bella nesse hospital e eu tenho certeza que você não esqueceu o motivo pelo qual você subiu tão rápido de carreira né? — pude ver seu rosto ficar pálido quase como se eu estivesse descobrindo o seu segredo mais sórdido. E talvez eu estivesse mesmo.
Joana: O que você está insinuando menina? Você não pode entrar na minha sala dessa forma e me acusar de seja lá o que for que você está insinuando.

Rayssa: Não posso? — sorri de escárnio. — Se você não se lembra, eu sou dona desse hospital e eu posso entrar e sair dele da forma que eu quiser. Agora desembucha Doutora Joana.
Joana: Se está tão curiosa porque não pergunta sua mãe? Ela que me chamou pra equipe dela. Pergunte a ela ou melhor, olhe os arquivos, lá consta tudo. Não vou perder meu tempo com você criança. — Ela passa por mim e eu seguro seu braço.
Rayssa: Forjar arquivos seria muito fácil né?
Joana: Tira suas mãos de cima de mim.
Rayssa: Pensa na sua carreira como ela vai ficar depois que eu contar pra todo mundo o que você fez. — Seu olhar era de ódio e eu tinha cada vez mais certeza. Eu só queria que ela confessasse. — Você vai perder sua licença e com certeza eu vou fazer questão de te denunciar.
Joana: Ah é? Você acha que eu tenho medo de você? Fique sabendo que se sujar pra mim, vai ficar pior ainda pra esse hospital aqui. Imagina se tudo vem a tona agora? — Ela ri. — Sua mãe te mata Rayssa. Você sabe mais do que ninguém que ela coloca esse hospital a frente de todo mundo, inclusive da filhinha dela. Então, pensa bem antes de fazer qualquer merda. — Com isso ela puxa o braço de minhas mãos e sai pela porta. E eu com raiva soco a mesa machucando minha mão.
Rayssa: Piranha! — Agora eu tenho certeza que aquela menina é filha do André.
Porque elas fizeram isso? Meu Deus! É difícil acreditar no tamanho dessa crueldade.
Saio varada da ala da maternidade, com tanta pressa que ainda escuto meu nome sendo chamado, mas não atendo.
Eu tenho que confrontar outra pessoa agora. Minha mãe.
Mas não a acho. Não acho em lugar nenhum.
Rayssa: João, você viu a Eva por aí?— Esbarro com ele no corredor.
João: Olha eu acho que ela tá com sua irmã no quarto. Parece que seu pai chamou ela... Esses dois hein, aposto que estão brigando....— Não falo mais nada, corro no sentido contrário indo pro quarto da Isabelle.
Antes de entrar tentei me acalmar o máximo possível, a forma como eu estou exausta e irritada eu seria capaz de explodir nesse exato momento com esses dois monstros a qual eu tenho como pais.

Respiro e abro a porta, mas paro para ouvir a conversa que pareceu ser bem interessante e eles nem perceberam minha presença na porta.
Carlos: Agora que ela já sabe que a Suzane não é mãe biológica dela, ela não é burra Eva. Você precisa fazer alguma coisa.
Eva: A Rayssa não vai descobrir. Eu não vou permitir isso. Essa garota é nosso segredo mais secreto Carlos. Se isso chega no ouvido dela, ainda mais ela transando com o pai dessa garota. Que mundo pequeno! Ela vai me matar.
Rayssa: Pode apostar que eu vou matar mãe, vou matar vocês dois. — Disse estupidamente séria e revelando minha presença no quarto, sob o olhar de pânico dos dois. Me aproximei em um silêncio absurdo, ela estava totalmente em choque e eu não pude evitar o tapa que minha mão estalou em seu rosto.