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André

Quando cheguei em casa na quinta feira e vi que tinha uma embrulho na minha porta, não imaginava que seria um terno para o baile.
A princípio eu fiquei um pouco irritado, afinal eu poderia ter arrumado um. Mas agora me olhando no espelho, tenho que concordar que ela realmente acertou nesse paletó.
Última vez que me vi arrumado desse jeito foi no meu casamento.
Olhei para o porta retrato de uma foto minha com Bella que fica em minha cabeceira e peguei em minhas mãos.
O paletó do meu casamento também tinha sido ela que escolherá.
Será que nas entrelinhas elas estejam falando que me visto mal? Sorri com esse pensamento e tentei não ficar triste por lembrar-me de Bella, afinal hoje seria uma dia talvez um pouco interessante.
Confesso não estar tão animado com esse baile, tenho medo de não conseguir socializar como Rayssa espera que seja, e de ter que enfrentar o gelo que era sua mãe. Isso me deixava aflito pra caralho.
Meu telefone apitou e peguei-o em minhas mãos. Era mensagem da Rayssa.
"oi, está pronto?"
"Sim"— respondi. —" e você?"
"Também." — peguei a chave do meu carro e minha carteira e coloquei no bolso.
"Então já estou indo, em 15 minutos chego aí"— digitei e guardei o celular.
Durante o trajeto coloquei uma música pra distrair meus pensamentos e quando a vi me aguardando em seu portão, eu perdi a fala.
Rayssa é bonita, muito bonita. Desde o dia em que a vi pela primeira vez eu tive certeza disso, mas hoje... Hoje é está espetacular. Nem se eu tivesse me preparado para vê-la tão bonita assim eu iria surpreender.
André: UAL. — Disse pegando em suas mãos e fazendo a vidar.
Rayssa: E então? Como estou?
André: Está ainda mais perfeita. — Ela sorriu.
Rayssa: Você também está perfeito. Sabia que ia ficar perto em você. — disse olhando para meus trajes.
André: Tenho que concordar, você aceitou em cheio. — Ela me olhou surpresa.
Rayssa: Nossa, então evoluímos? Estava até ontem dizendo que eu não deveria ter feito isso porque você poderia se vestir sozinho e blá blá blá.— disse imitando minha voz e eu não contive meu riso

André: Ainda acho que poderia fazer sozinho, mas você acertou em cheio.— Beijei seu rosto.— Agora vamos? Estou nervoso e temo desistir e fazer você ir sozinha.
Raysaa: Mas nem morto eu deixaria vc me deixar sozinha. —Abri a porta do carro para que ela entrasse e depois fiz o mesmo.
Assim que chegamos notei de que cara que era um evento chique e absurdamente caro. Sabia que sua família tinha dinheiro, mas talvez ainda fosse maior do que eu imaginava.
Ela apertava forte em minhas mãos enquanto ia cumprimentando algumas pessoas e me apresentando a elas. A maioria eram médicos, ou seja, ricos. Continuamos até pararmos em uma área de bebidas.
André: Só era permitido entrar médicos?— perguntei.
Rayssa: Não, se fosse você não teria entrado bobo. — Sorri pensando que realmente faz sentido.— A maioria dos médicos estão aqui pelo mesmo motivo, doações. É mais fácil conseguir dinheiro deles que sabem a real situação do nosso país em relação a saúde pública.
André: Entendi. Você também doa?
Rayssa: Sim, além do hospital e da minha família, e praticamente elaborar e colaborar com todo esse evento, eu também doou todo ano.— assenti.
André: Eu posso doar se eu quiser? — Ela abriu todos os dentes pra mim demonstrando seu... Seria orgulho? Talvez felicidade.
Rayssa: Claro que pode, ficaríamos muito grato. Todo dinheiro é bem vindo aqui. — Foi ela terminar de falar e sentimos o clima de rosto mundo mudar e os olhos direcionados a uma só pessoa. Lembro-me bem dela, doutora Eva.— E a metida a anfitriã chegou. — Ainda não tinha a visto de perto. Sua mãe sempre foi bem bonita, mas hoje ela estava quase um espetáculo. Só não tão bonita quanto a filha que estava do meu lado.
André: Ela sempre para tudo onde vai?
Rayssa: sempre. — Disse e pigarreou quando sua mãe vinha em nossa direção olhando exclusivamente para mim. — droga!
Eva: Boa noite! Pelo visto temos um convidado novo aqui. Conheço-o de algum lugar...— disse me estudando com seus olhos tão mel quanto de Rayssa.
Rayssa: Esse é o André mãe, deve se lembrar dele. Tratei durante anos de sua esposa.

Eva: Ah seja bem vindo ao nosso baile, onde está sua esposa?— ela falou olhando para os lados
André: Ela faleceu. — Ela me fitou novamente e desse vez havia algo ali e não era pena.
Eva: Sinto muito. — olhou para Rayssa. — Poderíamos conversar?
Rayssa: Claro.
Eva: A sós. — percebi que era um pedido educado para que eu saísse dali e comecei a me retirar. Rayssa me olhava como se tivesse me pedindo desculpas.
André: Tudo bem, estarei lá fora. — beijei seu cabelo e me retirei com um desconforto do que poderia rolar nessa conversa.
Lembro me bem de Eva e de como ela insistia que desligassem rápido os aparelho que mantinham Bella viva, como se quisesse que eu não frequentasse o local. Como ela não iria lembrar de mim? Não nos víamos a apenas um pouco mais de um ano.
Resolvi não pensar nisso, afinal ela poderia mesmo não lembrar.
Parei na sacada de um das janelas e olhei para a cidade agitada pelo fim do expediente e não percebi que havia alguém do meu lado a qual reconheci imediatamente, mas estava com os pensamentos tão distantes quanto eu.
João, o doutor amigo da Rayssa.

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora