UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.

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Rayssa

Sabia que André iria se descontrolar com qualquer coisa que fosse dita nesse testamento e já estava preparada. Mas minha mãe, como sempre, me surpreendeu.
Não vou dizer que não fiquei desapontada, achei mesmo que eu seria sua escolha para as ações do hospital, mas fico feliz que tenha sido a Belle. Isso aqui é uma mina de ouro, e ela assegurou todo o futuro financeiramente para neta. Mas é claro que André não vê assim.
O que me preocupa é o que André fará com tudo isso.
Rayssa: Eu... Eu vou atrás dele, a gente já volta. — Levanto e vou atrás do André depois que sai que nem um furacão.
Assim que chego na parte externa, vejo o sentado na grama do jardim e me aproximo.
Rayssa: Hey... Posso ficar aqui? — Ele não responde, mas levo como um sim.— Estou bem surpresa com tudo.
André: Ela é... Ela é complemente louca! — Assinto. — Como ela pode morrer e deixar uma carta? Eu não posso nem xingar ela agora.
Rayssa: Claro que pode, vai em frente. — Ele me olha incrédulo.
André: Ela e a minha mãe tiveram um caso, você sabia?
Rayssa: Mais ou menos, eu percebi pela forma em que se olhavam. — Ele começa a ficar em negação novamente, movendo a cabeça de um lado pro outro.— Olha André, sobre o testamento acho que você deveria aceitar.— Ele ri.
André: Tá de sacanagem?
Rayssa: Não. Eu acho que com tudo isso ela terá um futuro brilhante. Vai escolher a faculdade que ela quiser, vamos ter uma vida financeira ótima pra dar a ela.
André: Vamos? Nada disso é meu. Eu vou continuar sendo um fudido, enquanto a vovó suicida deixou tudo de bandeja pra ela. Ela tem que crescer e fazer por merecer o dinheiro. Ou então ela vai ser que nem... — O interrompo
Rayssa: Igual a quem? A mim? Porque eu sei que você ia falar isso. Eu tive tudo de bandeja sim, e ela me forçou a querer ser médica, mas eu amei essa profissão. Eu quis ser que nem ela e eu tive que me esforçar pra caralho pra me formar ok? — Já estava de pé.
André: Não foi isso que eu quis dizer.
Rayssa: Mas disse. Ninguém aqui vai obrigar a Belle a ser médica, se ela quiser ser vai ser porque ela quer. Mas você não tem o direito de tirar essa oportunidade dela de ter um futuro melhor.

André: Eu posso dar um futuro bom pra ela. Eu mesmo. — Eu assinto.
Rayssa: Ok. Vou voltar lá e assinar a minha parte. Espero que tenha tomado a decisão certa e não pensando apenas no seu rabo e no seu orgulho. — Dou meia volta e entro no hospital. Senti durante meu trajeto seu olhar me perfurando, mas não dou a mínima pra ele.
Assino minha parte do documento. Pego minha bolsa e quando eu já estava saindo, André apareceu. Seu olhar era quase perdido, tava assustado, com certeza com medo de tirar uma oportunidade incrível da própria filha. Ele desviou seu olhar de mim e olhou para o advogado.
André: Onde eu assino?
Wilson: Senhor André, ainda há mais uma coisa para o Senhor. — Ele retira um documento da mesa e o entrega — Solicitado pela Eva e pelo Doutor Carlos, entrei com o processo de paternidade da menor Isabele. Carlos confirmou que não era o pai biológico e facilitou as coisas. Essa é a nova certidão da sua filha. — Consigo olhar junto com o André o papel e meus olhos se enchem d'água — Consta seu nome e da sua esposa Bella. Foi um pedido da Eva.— Eu levei as mãos a boca, ainda mais supreendida. André não esboçava reação.
André: A.... — Ele não conseguia falar e precisou sentar. — Essa é a certidão da minha filha?
Wilson: Sim, legalmente o Senhor já é responsável por sua filha. — O advogado abriu um sorriso e André não se aguentou. Levou as duas mãos ao rosto e se desmoronou. Eu o abracei.
Rayssa: Você é o pai dela meu amor! — Eu chorava junto e ficamos por algum tempo assim, até que ele se recuperou e limpou os olhos.
Wilson: Sem esse documento você não poderia assinar por ela, por não ser o responsável legal da menor. — André assente. — A Eva pensou em tudo. Ela me contou tudo o que aconteceu e eu sinto muito, mas ela estava disposta a fazer de tudo pra tentar mudar e do jeito dela ela quis mudar. — Claro o jeito dela de usar dinheiro. Eva sempre previsível, pensei. André assentiu.
André: Onde eu assino? — Sorri orgulhosa e afaguei suas costas, enquanto ele assinava.
Tempo depois saímos juntos do hospital e assim que pisamos na rua ele respirou fundo.
Rayssa: Tá tudo bem?— perguntei.
André: Sim! Nossa... Eu não consigo acreditar que ela é minha. Minha legalmente sabe? Achei que isso fosse demorar tanto. — Eu sorri.— Acho que de tudo que poderia fazer pra me provar que se arrependia, ela escolheu a melhor coisa.
Rayssa: É, ela mandou bem — Sorrimos juntos — E então, vamos lá buscar sua filha e contar pra ela que ela é uma bilionária? — André sorriu.
André: Ela só vai saber disso com 40 anos. — Segurou minha mão e saímos correndo até o carro.