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André

Assim que sai da universidade fui direto pra casa, afinal Rayssa iria pra lá hoje e eu precisava arrumar para recebê-la.
Ainda estava um pouco nervoso e aflito, ela saberia assim que entrasse que da minha janela eu tenho uma visão perfeita pra sala dela no hospital. Ela acreditaria que foi coincidência? Óbvio que não!
O quão maníaco isso parece? Acho que muito!
Preparei um jantar para ela e estava com um cheiro maravilhoso, depois tomei um banho e faltando cinco para as 20h eu desci e a aguardei.
Ela saiu com os olhos apertados tentando em encontrar e não demorou muito, ela acenou pra mim e veio em minha direção e me beijou. Isso tem ficado cada vez mais normal entre nós.
André: Oi.
Rayssa: Oi. Vamos?
André: Claro, por aqui... — Guiei ela para atravessarmos a rua.
Rayssa: Achei que você tivesse vindo de carro, você mora perto daqui?
André: Bem mais do que você imagina. — Pego em sua mão e atravesso a rua.
Rayssa: Ah ta me zoando, sério? — disse quando o porteiro abriu o portão pra mim e nós entramos no prédio. Rayssa olhava pra mim e para o local ao mesmo tempo. — Porque não me falou que morava de frente pro hospital?
André: Ainda não vou responder suas perguntas — O elevador chega e nós entramos.
O clima estava um pouco pesado, ela sabe expressar bem o rosto quando algo não está lhe agradando.
Quando ele apita avisando que chegou ao 7° andar, abro a porta e guio-o nos ate abrir a porta do meu apartamento dando passagem para ela entrar.
Rayssa: licença. — entra e automaticamente meu coração da uma acelerada, ela olha minha sala, a cozinha americana um pouco mais ao fundo e para bem ali, na janela e fica olhando para o lado de fora por um bom tempo. E eu fico esperando uma reação.
Rayssa: Porque não me disse André? —Ela fica de frente para mim. — Cara...— Interrompo-a
André: Você tem que entender que quando eu decidi retornar minha vida aqui no Rio e comprei o apartamento eu só queria de algum jeito ficar perto de você. Você é a única pessoa que ainda tá na minha vida depois de todos esses anos que eu só me afundei, você permaneceu Rayssa. Eu precisava ficar próximo, mesmo que fosse um próximo distante. — Ela me encarava.

André: E quando eu cheguei e vim conhecer o apartamento que eu já havia encontrado, coincidentemente ele tinha uma visão perfeita paro o seu consultório.
Rayssa: A questão não é essa. A questão é que você tinha que ter me contado... Antes, antes eu transava ali André. — Ela lembra de algo — Mas é óbvio, por isso você sabia que eu ainda tinha um caso com o João né? — Eu assinto. — Porra!
André: Eu odiei ver, se você quiser saber.
Rayssa: Era só fechar o olho. — Ela disse com raiva e novamente virou de costas.
André: Eu fechei, não fiquei olhando porque eu senti inveja. Senti inveja que ele te dava prazer, que você tava feliz com ele.
Rayssa: Feliz? Eu nunca estive feliz com o João. — esbravejou ficando de frente pra mim de novo.
André: Mas de longe parecia, você gostava do jeito que ele te tocava, eu via sua cara e de um jeito louco eu queria ser ele.
Rayssa: Que ironia do destino, parece que os papéis de inverteram. Porque durante anos era assim que eu me sentia, eu queria estar numa cama morta, porque de um jeito louco eu queria ser a Bella. — Não compreendi
André: O quê? Do que você tá falando? Queria ser a Bella?— eu realmente não havia compreendido.
Rayssa: Tinha inveja de vocês juntos. Porque o jeito que você a tratava mesmo deitada numa cama, praticamente morta, era bem melhor do que a forma como me olhavam viva e sim eu tinha inveja.
André: Você percebe o que tá falando?
Rayssa: Não vou brigar com você André por ter comprado um apartamento pra ficar perto de mim.
André: Não muda de assunto. Você é linda Rayssa, incrível pra caralho. Como pode ter inveja de uma pessoa que estava morta? Ela nem estava mais ali, eu a amava ali sozinho — Toquei em seu rosto e uma lágrima dos seus olhos caiu.
Rayssa: Porque ela tinha você e eu nunca tive ninguém.— limpei seus olhos
André: Como uma pessoa como você nunca teve ninguém? — ela dá de ombros.
Rayssa: Vai ver eu nasci pra ser apenas médica, não pra ter um grande amor. É compreensível, conheço umas lá no hospital que nunca casaram, talvez eu seja como elas, talvez....

André: Shiii — Levei meu dedo indicador ao seus lábios e a calei. — Não fala merda. Todo mundo tem um grande amor na vida, as vezes ele só tá perdido por aí esperando por você.
Rayssa: Queria que o meu fosse você. Ou bem parecido com você — Sorri. Ela é tão direta que as vezes me deixa constrangido. — mas você já teve o seu grande amor na vida.
André: É, eu já tive. Mas um senhor me falou um dia desses que as vezes a gente precisa ser egoísta e se permitir ter dois. — Ela enrugou a testa
Rayssa: Tá dizendo que quer ser o amor da minha vida?
André: Não. Tô dizendo que eu posso ter dois amores na minha vida.
Rayssa: Terei que lutar pelo seu amor professor?
André: Talvez. — Sorri ainda mais perto de seus lábios e roubei um beijo. Dois beijos. Três beijos e então demos passagem um pro outro para que pudéssemos nos beijar agora com vontade.

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora