42°

144 9 0
                                    

Rayssa

Sinto meu corpo pesado, um pouco de dor de cabeça que me faz lembrar de algumas garrafas de vodka que viramos e beijos sendo disparados em meu rosto.
André: hmmmm...
Rayssa: Bom dia dorminhoco. Vai ficar na cama até que horas?
André: Se você ficar nela posso ficar pra sempre sem problemas— Escuto sua risada gostosa e sinto que seu corpo já não está mais tão próximo. Viro e vejo a colocando a roupa — Aonde você pensa que vai?
Rayssa: Seus pais, meus sogros, estão te visitando e eu não acho justo que não o acompanhemos no almoço hoje. — Lembrar dos meus pais na minha casa me faz me sentir bem culpado por ter esquecido desse detalhe.
André: Você tem razão! Eu sou um péssimo filho. — Ela ri
Rayssa: Sim com certeza, mas tem a melhor namorada do mundo pra te colocar no rumo. Anda, toma banho que eu já estou pronta.
André: Podia ter me acordado quando você foi tomar banho, assim a gente teria tomado banho junto — Digo caminhando até seu corpinho depois de levantar completamente nu da cama. Beijo seu pescoço e sinto seu corpo derreter — Agora eu vou ter que tomar banho sozinho. — Sua mão espalma meu peito me afastando e ela vai parar quase do outro lado do quarto. Fujona!
Rayssa: Tentador. Mas estamos realmente atrasados, vá! — Como uma mandona ela apontou o dedo pro banheiro e eu fui com um obediente.
Tomei meu banho, fiz minhas necessidades e quando sai ela já estava me aguardando e mexia no celular com uma expressão séria, posso arriscar que ela nem percebeu que eu já estou ao seu lado.
André: Ei.— ela da um salto do sofá nitidamente assustada — Te assustei?
Rayssa: Sim — riu sem graça — Não tinha te visto sair do banho. — A olho desconfiado.
André: É eu percebi!
Rayssa: Vamos? — sua mão ainda estava trêmula e quando ela virou de costas eu puxei seu braço.
André: O que tá rolando? Aconteceu alguma coisa?— eu sabia que sim, mas quero que ele me conte
Rayssa: Tá tudo bem, não aconteceu nada — Droga! Ela mente tão mal.
André: Tem certeza? Você estava com uma expressão bem séria pra esse telefone e está toda nervosa...

Rayssa: São só problemas, coisas do hospital... — Ela abriu um sorriso que eu sabia que era pra me tranquilizar — Não se preocupe. — Me deu um leve beijo e eu resolvi deixar pra lá.
Saímos do motel e fomos direto para minha casa. Durante o caminho conversamos um pouco
André: Quando você vai na sua casa buscar suas coisas? — Ela me olha sem entender — agora você mora comigo lembra?
Rayssa: Ah, sim! — ela riu. — Hoje quando eu sair do meu plantão vou lá buscar
André: Se quiser posso ir buscar, hoje estou atoa.
Rayssa: Não! — Rapidamente ela me cortou, novamente esquisita. — não precisa. — Enruguei minha testa. — A minha irmã teve alta do hospital e todos estão por lá, meu pai e Suzane.
André: Ok. — Não discute e fiz questão de deixar claro meu descontamento. Sua irmã me adora, porque eu iria atrabalhar?
Não foquei mais no assunto e fiquei só na estrada.
Assim que chegamos fomos reunidos pelos meus pais e por um cheiro muito agradável de comida.
André: Vocês sabiam que nos iríamos vir aqui?
Gisele: Não meu filho, mas eu quis fazer pra caso viessem como eu queria. — Ela abraça Rayssa — Oi minha querida.
Paulo: Venham, sentam aqui na mesa. Sua mãe fez aquele ensopadinho de carne que eu sei que você ama filho. — Disse exclusivamente pra mim. — Espero que coma carne Rayssa. — Ela riu.
Rayssa: Como sim. — Na verdade ela quase não come, mas eu sabia que não ia fazer desfeita.
A comida estava ótima e como sempre me fez lembrar dos meus tempos de juventude em que morava ainda com meus pais, sinto meu coração se apertar. Que saudades. Quase não via meu pais desde que me casei com Bella, passei um tempo com eles depois do acidente e novamente os afastei. Sou de verdade um péssimo filho.
Saindo do meu desvaneio, ajudo a Rayssa a limpar toda a louça depois do almoço e depois vejo a agitada
Rayssa: Pessoal vou ter que sair, tenho que voltar para o hospital. Estão precisando de mim.
Gisele: Você trabalha nesse hospital aqui de frente minha querida?
Rayssa: Sim. Se quiser voltar aos trabalhos, pode vir trabalhar conosco. Arruma uma vaga boa pra você. — minha mãe riu.

Gisele: Não. Eu me aposentei de verdade. Hoje em dia eu só cuido de um paciente — Olhou para meu pai comendo uma das sobremesas e o bateu de leve no braço — Chega de doce Paulo! — Todos nós rimos.
Rayssa: Está certa! O hospital me consome muito tempo, espero o dia em que irei me aposentar também.
Gisele: e cuidar do meu garoto. — Rayssa ficou sem graça e me olhou.
Não sei o que deu pra ficarmos tão estranhos. A noite foi ótima, transamos inúmeras vezes e trocamos todas as carícias imagináveis, mas ao acordar parecíamos dois estranhos. Como se algo estivesse a afastando de mim.
Ela beijou meus pais, pegou sua bolsa, me beijou de leve e saiu. Acompanhei seus passos até o hospital pela janela e minha mãe se aproximou.
Gisele: Tá tudo bem entre vocês?
André: Espero que sim mãe. — Ela me abraçou.
Gisele: Preciso da sua ajuda filho. Você conhece os médicos desse hospital?— Estranho sua pergunta, mas a respondo.
André: Acredito que bastante, porque?
Gisele: Estou procurando por uma médica que foi minha amiga durante alguns anos. Tenho a impressão que é esse o hospital que ela herdou.
André: Herdou? Como assim?
Gisele: É... O nome dela era Eva. Eva Garcia, conhece?
André: Eva? Você era amiga da Doutora Eva?
Gisele: Sim. Melhores amigas até um certo tempo. Então você conhece ela? Ela trabalha ali?— Atordoado respondo que sim.
André: Sim, e ela é mãe da Rayssa. — Vejo minha mãe ficando em choque em seguida empalidecendo na minha frente, seguro em sua mão. — Mãe? Tá tudo bem? — Um segundo depois ela desmaia em meus braços. — Mãe?!

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora