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André

Alguns dias haviam se passado desde o almoço e toda aquela esquisitice que rolou na casa da Rayssa.
Estava voltando para casa, depois de um dia cansativo de muita aula na faculdade, quando o tempo fechou, começou uma chuva muito forte e eu precisei encostar o carro. Como se pressentice que eu podia atender, meu telefone tocou e era a Rayssa.
André: Oi amor, tudo bem?
Rayssa: Oi já tá em casa?
André: Estou na rua, tá caindo o mundo. Tive que encostar o carro porque não estava enxergando nada.
Rayssa: Não acredito que você tá na rua! — seu tom foi de recriminação.— Já está chegando várias pessoas aqui na emergência por causa desse temporal André.
André: Ta tudo bem Ray, não exagera.
Rayssa: Ok. Tenho que ir atender. Me manda mensagem quando chegar em casa ok?
André: Ok doutora. — pude ouvir uma risadinha dela e em seguida desligou e eu abri um sorriso. Era fofo quando ela agia toda preocupada comigo.
Fiquei por algum tempo encostado e a chuva não queria dar uma trégua. Se eu ficar pode ser que tudo alague e aí vai ficar ainda mais difícil chegar em casa. Liguei o carro e segui meu caminho até em casa.
Em uma das vias mais movimentadas, os carros estavam em altas velocidades e a água subia e ficava ainda mais difícil a visualização. Numa dessas não vi um galho no meio da rua e quando eu tive que freiar bruscamente, um carro bateu forte na minha traseira e minha cabeça bateu forte no volante.
André: Porra!— levantei meus olhos até o espelho e vi que havia cortado um pouco e sai do carro pra ver o estrago que alguém fez. Em meio ao um temporal e muitos raios eu saí e vi que o carro de trás também não estava muito bom.
Uma pessoa que parecia ser uma mulher levantou os olhos e eu a reconheci. Era Suzane.
Corri e tentei ajudá-la a abrir a porta do seu carro.
André: Suzane! Meu Deus! — Ela estava visivelmente assustada, mas parecia bem. Pude ouvir gritos e choros que vinham de dentro do carro, era a Isabelle chorando.

Suzane: Essa porcaria do freio não quis funcionar, agora além de uma filha doente eu tenho que lidar com esse carro todo fodido. — ela ao perceber que xingou olhou para ver se a filha estava olhando, mas ela estava chorando tanto na sua cadeirinha que tenho certeza que ela não ouviu. Suzane abriu a porta de trás e pegou sua filha no colo, que graças a Deus estava bem. — Calma filha! Foi só um susto. — Mas ela não parava de chorar e já estava toda molhada.
André: Ela não pode ficar na chuva, entra no meu carro! Da pra gente sair daqui.
Suzane: Preciso pegar meus documentos no carro, segura ela pra mim. — Suzane jogou sua filha em meu colo e sem saber muito o que fazer corri para o meu carro e coloquei ela lá dentro a protegendo da chuva.
Alguma coisa legal deve haver em mim já que ela parou de chorar milagrosamente e parecia ficar cada vez mais calma.
André: Você gostou do meu carro é? Agora você tá toda molhada. — ela riu.
Isabelle: Cadê a mamãe?
André: Ela tá pegando alguma roupa pra você e já vem. Tá com frio?
Isabelle: Sim! A mamãe estava me levando pra minha ver minha irmã.
André: A Rayssa? — ela assentiu e Suzane bateu na porta do meu carro toda encharcada e eu saí para ela entrar e fui para o banco do motorista.
Suzane: Obrigada André, nunca fiquei tão feliz em ter que lidar com a pessoa em que eu bati no carro, e olha que já bati bastante vezes.
André: É, mas dessa vez a culpa foi minha. Com essa chuva eu não vi o galho e acabei gerando tudo isso. Ainda bem que vocês estão bem. — Meu telefone começa a tocar e é novamente a Rayssa. — Porra! — Resmungo.
Suzane: Algum problema?
André: Só um minuto, é a Rayssa. — atendo o telefone — Oi amor.
Rayssa: E aí? Não recebi mensagens sua fiquei preocupada. Tá tudo bem?
André: Então, aconteceu um pequeno acidente, mas eu tô bem.
Rayssa: Acidente?
André: É, por acaso o carro da Suzane bateu no meu.
Rayssa: Suzane?
André: Sim... Vou dirigir agora amor — Suzane sussurou para que eu fosse para o hospital e eu assenti. — Estou indo para aí, sua irmã precisa ser atendida.
Rayssa: Aí meu Deus! Ela tá bem?

André: Tá, tá todo mundo bem. Jajá chego aí — Desliguei o telefone e com a chuva um pouco mais fraca e com o carro com minha parte traseira detonado, fui para o hospital.
Durante o caminho novamente a pequena Isabelle voltou a chorar.
André: Ta tudo bem aí?— perguntei.
Suzane: Ela tá assim o dia todo, tá com febre e super enjoadinha. Ela tem uma imunidade muito baixa, qualquer coisinha deixa ela assim fraquinha.— assenti e logo chegamos ao hospital.
Assim que chegamos, pedimos para chamar a Doutora Rayssa que logo estava nos recebendo. Ela me analisou de cima abaixo e me mandou para enfermaria para cuidar do meu corte na testa e levou a pequena Isabelle para consulta.
Andar por esse hospital me trás muitas recordações e poucas delas são boas.
Depois que puseram um curativo no meu machucado, voltei para a recepção e lá estava o Carlos e Suzane aflitos.
André: Oi pessoal, como ela está?
Carlos: O que você faz aqui? — Ele usou um tom bem rude.
Suzane: Carlos...
Carlos: O que você faz aqui? Se minha filha tivesse morrido a culpa seria sua. Você causou o acidente
André: Eu sinto muito de verdade, mas pelo que eu sei todo mundo tá bem e a sua filha já estava mal de saúde.
Suzane: Me desculpa André — Ela passou na frente do marido e o olhou friamente — Ele só está nervoso. A Rayssa veio aqui e ela está com uma possível pneumonia. Ela já está na ala pediátrica e estamos aguardando tudinho.
André: Ata, tomara que ela fique bem. Ela é uma menina muito incrível, não merece ficar doentinha. — nós sorrimos e o Carlos continuava com uma carranca.
Nesse momento, se as pessoas que possivelmente me odiassem resolvessem todas se unirem para me matar seria nesse exato momento. Doutora Eva acaba de passar pela portaria e vinha em nossa direção.
Eva: O que fazem aqui? — Questionou fria do jeito que sempre age.
Carlos: Esse sujeito causou um acidente e quase matou minha esposa e minha filha. — Eva tomou um susto.
Eva: Como assim? Onde esta minha... — limpou a garganta aonde confundir — Onde está a filha de vocês?

Suzane: Ela está bem — novamente passou a frente — Já estávamos vindo ao hospital, ela não amanheceu bem e está com uma possível suspeita de pneumonia. Pegamos muita chuva depois que batemos com o carro, acho que foi o bastante pro caso dela dar uma piorada.
Eva: Entendi, fiquem a vontade. Irei supervisiona-la. Com licença — e como um jato a mulher saiu dali e o clima ficou tenso, enquanto aguardávamos notícias da única pessoa que estava sendo capaz de juntar todos nós novamente. A pequena Isabelle.

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora