8

193 14 0
                                    

Rayssa

Ainda não sei onde que eu tava com a cabeça de trazer o André junto comigo para buscar meu pai. Isso tudo porque eu queria continuar na presença dele? Quando ele souber pra onde o estou levando, vai achar que sou uma louca?
André: Então, pra onde vamos?
Rayssa: Aeroporto. — Eu digo sorrindo pra tentar esconder meu nervosismo e ele franze a testa. Porra ele não devia fazer isso, fica lindo assim.
André: Aeroporto? — Repete.
Rayssa: Isso.
André: Por acaso está tentando me sequestrar doutora Rayssa? — Solto uma risada. Bem que eu queria mesmo, porém n falo isso
Rayssa: Não, bobo. Meu pai está chegando de Londres. Na verdade ele já chegou e deve tá tendo ataques com minha demora.
André: Londres? Uau. Foi a passeio?— Eu sorri.
Rayssa: Ah com certeza. Ele foi 17 anos atrás e nunca mais voltou. Não nos falamos muito, então isso pode ser que fique esquisito.
André: Sinto muito.
Rayssa: Não sinta. Ele não me fez tanta falta assim, seria só mais um médico botando pressão na minha vida.
André: Ele também é médico? Lembro da sua mãe, Doutora Eva né?— assenti.
Rayssa: Isso. Eles se separaram porque nenhum dos dois suportava ser inferior ao outro. Brigavam o tempo todo e quando minha mãe conseguiu ser chefe de cirurgia ele não aceitou e foi embora.
André: Que merda. E sua mãe?
Rayssa: Minha mãe é aquela máquina de fazer cirurgia. Só pensa nisso, chega ser irritante porque ela não vive e acha que eu tenho que fazer o mesmo.— Ele assentiu e voltou a olhar pra janela.— Mas e você? Seus pais? Como foi esse último ano? Quero detalhes e ainda temos um tempinho pela frente. —Ele sorriu.
André: Foi complicado, muito complicado.— Disse distraído — Precisei de muitas sessões com uma psicóloga pra pelo menos voltar a conseguir dormir, de resto você pode talvez imaginar.
Rayssa: Sim.— conheço alguns casos como o dele. Pessoas que não aceitam viver quando perdem algo ou alguém importante e acabam cometendo muitas loucuras.— Você tentou....— não consegui completar.

André: Me matar? Sim. Muitas vezes e de diversas maneiras que você possa imaginar, mas tô aqui. Sobrevivi.— Meus olhos embaçam e eu encosto o carro antes que eu cause um acidente. Viro me para olhar bem em seus olhos.
Rayssa: Eu sinto muito André, muito mesmo.— Toco em suas mãos e sinto que faz um carinho nas minhas.
André: Não sinta, eu tô bem. Tô recuperado e aprendi muita coisa da vida com tudo isso.— Respiro fundo e ele continua— E eu acho que você deveria voltar a dirigir ou seu pai vai ficar uma fera com você.— É o momento em que eu lembro do meu pai.
Rayssa: Aí caralho! Sim. — ligo o carro e fico atenta a pista.
Ao contrário de antes estamos calados. Eu acredito que falar dessas coisas tenha gerado um pouco de transtorno a ele, por isso também fiquei quieta.
Quando a gente chegou, saímos juntos e entramos juntos ao Santos Dumont.
André: Ele disse onde está?
Rayssa: Sim. Na cafeteria. — Seguimos até lá e logo avistei meu pai. Fazia muito tempo em que eu não o via, mas ele não havia mudado absolutamente nada. Tempo literalmente parou para ele.
Carlos: Minha garota como você cresceu! Vem aqui da um abraço no seu pai. — Um pouco sem jeito sorri para ele e o abracei.
Rayssa: Oi pai. Fez boa viagem?
Carlos: Sim. Achei que não viria mais me buscar.
Rayssa: Desculpe, o seu vôo chegou antes e eu não estava esperando. — Ele passou a reparar que André estava comigo e o olhou.
Carlos: E você é...?— perguntou na expectativa e estendendo sua mão pra André.
André: Ola prazer, sou André.
Carlos: Ah ele é o médico que sua mãe disse que te come pelo hospital?— disse olhando pra mim e me engasgo com a saliva. Puta merda!— Aí meu Deus, tragam uma água pra ela. Respira Rayssa.
Rayssa: Pa...— Tento falar mais ainda estou engasgando. A água chega e consigo voltar a respirar.— Pai como você pode falar uma coisa dessas?
Carlos: Oh minha filha peço desculpas, sua mãe havia comentado exatamente assim então...
Rayssa: Então nada — O repreendo. — André é meu amigo, estávamos juntos tomando um café e o trouxe comigo de companhia. Depois iremos jantar juntos.

Carlos: Ah compreendo. Me perdoe jovem, confundi. Achei que estava conhecendo meu futuro genro.— André sorri super sem graça e eu literalmente preciso de um buraco pra enfiar minha cara. Porque eu fui querer trazer ele mesmo? Que ideia brilhante!

Rayssa: Vamos embora? Podemos ir pai?— Antes que responda saio apressada e os dois homens me seguem.
Chegando no carro guardamos as malas e seguimos para meu apartamento.
Rayssa: Pronto pai essa é sua casa durante os próximos dias em que for ficar no Brasil, essa é a chave, 9° andar, número 908. Divirta-se.— Disse entregando as chaves.
Carlos: Mas é assim?
Rayssa: Sim, não irei fazer sala pra você. Já disse que eu tenho um jantar com o André.
André: Rayssa eu não me importo de ir outro dia. A gente pode marcar...
Rayssa: Não. Meu pai não vai se importar né pai?— O olhei de cara feia e ele pareceu entender.— Por favor não me espere. Vou direto pro hospital, tenho plantão essa noite.
Carlos: Ok então. Prazer conhecê-lo rapaz, cuide de minha filha. — Ele sai do carro e eu reviro meus olhos, colocando minha cabeça no volante.
Rayssa: Eu vou ficar louca. — Escuto uma risada.
André: Ele não parece ser tão ruim.
Rayssa: Completamente sem noção. Me perdoe pelo comentário dele, eu não...
André: Relaxa ok? Não precisa me explicar nada. — Sim, realmente eu não precisava, mas eu juro que queria.— Tem certeza que não quer marcar pra outro dia? Seu pai pareceu triste por ter que ir sozinho
Rayssa: Ele que lute — Sorrio.— Hoje nós vamos matar o tempo perdido.

UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora