Rayssa
Quando minha mãe disse que precisava conversar comigo a sós eu já imaginava do que se tratava. Seu teatrinho de que não conhecia o André e perguntar onde estava a esposa dele, mesmo já sabendo a resposta, foi errado demais.
Rayssa: Porque fingiu que não conhecia ele? Tá maluca?
Eva: Como ousa trazer esse viúvo como companhia? Você quer me irritar Rayssa?— a olhei deixando nítido minha ira.
Rayssa: Te irritar?
Eva: Imagina se ele abre a boca e fala que não conseguimos salvar suaa esposa? Estamos cheios de patrocinadores aqui. Mortes não é um sinal bom para um hospital.
Rayssa: Pessoas morrem e o caso da Bella você sabe muito bem que não teve nada a ver com nós. Ela já chegou praticamente morta aqui.
Eva: Deveria ter me consultado. É arriscado demais. Tudo isso pra garantir sua transa mais tarde?— fiquei ainda mais chocada e levei minha taça a boca visando tudo que havia ainda dentro.
Rayssa: Vou fingir que não estou ouvindo isso pro seu bem. E ele vindo ou não eu teria minha foda garantida porque nós estamos juntos. — soltei e foi a vez dela engasgar.
Eva: Juntos? — De repente a conversa me entedia e resolvo deixar a falando sozinha
Rayssa: Ta ouvindo isso? É o sucesso! Sucesso do nosso baile, da nossa vida e do nosso hospital. Qualquer coisa fora daqui não lhe interessa, apenas sua a vida. Com quem eu tô, com quem eu beijo ou transo te importa menos ainda. Vá curtir sua festa e vê se arruma um médico rico que ainda consiga te dar um orgasmo pra ver se você fica menos amarga, mamãe. — Com sua espressão de choque e meu sorriso debochado e muito irritado, sai para procurar onde André poderia ter ido. E eu gelo todinha.
Na varanda de uma das janelas ele estava conversando com o João. Do que eles poderiam estar falando? Espero que não de mim, pois eu acho difícil. Passo o olho pelo salão tentando achar Jéssica que ia vir com ele e nada. Onde minha amiga se meteu?
Pego mais um champagne e conforme vou cumprimentando mais convidados, vou me aproximando mais de onde eles estavam.
Rayssa: Oi rapazes, porque estão aqui fora?João: Oi Rá, acabei de encontrar o André aqui. Estávamos juntamente falando sobre você — ele disse rindo e eu ri também, mas não contia nenhum humor e sim nervosismo.
Rayssa: E o que torna essa conversa tão importante?— André estava quieto e olhou pra mim.
André: Ele tava me contando que o terno que vocês dois escolheram ficou ótimo em mim. — Direcionei meu pior olhar para o João e ele pareceu entender que não era pra ter falado. E eu mudei de assunto.
Rayssa: Cade Jéssica?
João: Não pode vir. Disse que está indisposta.
Rayssa: Você foi ver como ela estava?
João: Porque eu iria? Ela deve tá bem, deve ser cólica. — Revirei meus olhos e gravei em minha mente que ligaria para ela assim que eu pudesse.
Rayssa: André queria te levar a um lugar, vamos?— Ele assentiu e saiu na minha frente sem me esperar. Dei um soco no braço do João que se fez desentendido e sai dali a procura do André.
O encontrei dessa vez fora do hospital e com olhar distante.
Rayssa: O que eu quero te mostrar fica no quinto andar, não aqui fora.
André: Não quero ficar lá dentro mais. — Me aproximei.
Rayssa: Porque? O que o João te disse? Saiba que...
André: Ele não me disse nada, mas eu não quero entrar. Não sou do mesmo nível de vocês é isso fica nítido pra mim. Você precisou comprar um terno caro pra me deixar apresentável para seus amigos. Sua mãe me desprezou assim viu que eu era sua companhia, como ela costumava me chamar mesmo? De viuvao. E fez um teatro fingindo não me conhecer. — Eu murchei, ele tinha razão em tudo. Eu provavelmente também odiaria estar num lugar onde não me encaixo.
Rayssa: Eu já conversei com minha mãe e eu sinto muito por ela ter tocado no assunto da sua esposa. Ela atacou sem motivos. Na verdade ela tem motivos, mas isso não vem ao caso, na está resolvido.
André: Esse João é um babaca. Não sei como você aguenta ele, tem que ser muito bom de cama mesmo
Rayssa: Você é melhor.— Ele riu com escárnio e desviou o olhar.
André: Acho melhor eu ir para casa. Sinto muito! — ele virou e eu segurei seu braço.
Rayssa: Não! Fica aqui, por favor. Não me deixe sozinha.
André: Seu amigo tá lá dentro e por coincidência ele também tá sem par.Rayssa: Mas eu quero você e eu trouxe você comigo.
André: Ele faz seu tipo Rayssa. Ele é médico, vive no mesmo nível de vida que você, tem estilo próprio. Aposto que sua mãe faria muito gosto de te ver com ele né?— Não respondi. — Eu sou só um professor universitário viúvo, cheio de traumas da vida. Não tem como isso dar certo.
Rayssa: Como que não vai dar certo se você não quer nem tentar? — Ele desviou o olhar do meu. — Olha eu gosto de você, desde que ficamos pela primeira vez eu não fiquei mais ninguém e pra ser sincera eu nem tenho vontade. Nao sei ao exato o que mais te chateou, mas prometo que agora vamos curtir esse baile juntos. Pode ser?
André: Vou ter que dançar?
Rayssa: Com certeza vai, dançar até tirar esse bico da cara. — dei um selinho em seus lábios e ele sorriu.
André: Acho que eu exagerei um pouco, desculpe.
Rayssa: Sem problemas, agora vem, vamos dançar e depois vou te mostrar o que tenho pra você.
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UM ANJO EM MINHA VIDA /Completa.
RomanceUma médica e um professor. Duas pessoas completamente diferentes que se encontraram. De Jene Andrade. 🌠