Devolvendo ou não

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ADRIANA

Nem consegui dormir direito de tanta raiva que eu tava sentido daquele...daquele ...

― Idiota!!- grito dentro do quarto.

Também não consegui fazer nem os docinhos, nem os sanduíches pra vender agora pela manhã no ponto do ônibus. " Já tô tomando prejuízo por conta dessa criatura".

Tomo meu banho e me arrumo pra ir à faculdade. Ao menos às aulas eu tenho que assistir. Quando saio do meu quarto, encontro Bruno na sala aguardando Clara.

― Oi- diz ele amigavelmente.

― Oi - olho pra ele e fico com mais raiva ainda, sei que ele não tem culpa, mas ele me lembra o pai dele...

― Tá tudo bem?- ele levanta e vem até mim.

― Tudo ótimo - tento evitar, mas meu tom é áspero e ele nota.

― Tá com raiva de mim? O que eu fiz? Na real, eu que tô com raiva de você, mocinha. Combinamos uma coisa e você faz tudo diferente...

― Olha Bruno, de verdade, a Clara já me deu um sermão ontem, não preciso de outro hoje. E não tô com raiva de você... desculpe meu tom. Tô com raiva do seu pai... aquele imbecil...

― Ei... ele tentou ajudar você... e você tá xingando ele por quê?

― Não quero o dinheiro dele, nem que ele fique com pena de mim e fique me dando dinheiro sem explicação...

― Ele te pagou pelo serviço que você prestou a nós. Você tinha aceitado... por que esse chilique agora?

― Eu aceitei o pagamento pelo jantar e as refeições do fim de semana... quer saber? Deixa pra lá - Pego minha bolsa e caminho até a porta- tenham um bom dia. Beijos.


No caminho até o ponto, fico pensando um monte de coisas e o motivo pelo qual ele me mandou esse dinheiro. Resolvo que vou refazer a transferência assim que der um intervalo nas aulas.

São dez e vinte da manhã e tenho meu primeiro intervalo. Me afasto das meninas e pego meu celular. Faço a transferência dos 400. Volto para companhia delas e resolvemos lanchar. Elas me perguntam como foi o fim de semana e só respondo um breve " Foi bom". Não quero entrar em detalhes e dizer que o lobo mau não é gay e que ele é o pai do Bruno.

Onze e quarenta, minha última aula terminou agora. Pego minhas coisas e coloco em minha bolsa. Dou um olhada no celular... não costumo usá-lo quando estou em aula.

― Porcaria!

― Que houve Dri?- pergunta Nanda.

― Lembrei que tenho que passar no banco pra pagar uma conta.

― Não dá pra pagar pelo aplicativo?

― Não. Não dá. Tá atrasada, agora só no banco mesmo.

― Nossa que furada... vai pegar uma fila imensa.

― É, eu sei. Por isso eu xinguei- falo o mais natural possível para que não perceba que estou mentindo- deixa eu ir, senão a fila aumenta ainda mais. Beijo!

Vou à agência mais próxima da faculdade, saco o dinheiro no caixa eletrônico  e saio o mais rápido que posso. Caminho a passos largos para que dê tempo de chegar antes do horário de almoço.

Pra minha sorte ou azar, o Samuel está descendo do carro em frente ao prédio.

― Oi senhor Samuel!- digo desacelerando o passo.

Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora