Quente!

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BRUNO

São nove da manhã, chego em casa  e vejo Samuel na cozinha fazendo café.

― Tudo bem por aqui?- pergunto e ele vira-se pra mim sorrindo.

― Sim e contigo?

― Vim só tomar um banho, vou voltar pra casa da Clarinha. Ajudar ela a buscar notícias da Adriana.

Samuel me faz um gesto pra eu me sentar.

― Estávamos ligando pra ela horas a fio, ela não atendia, agora cai na caixa postal direto. Ela não chegou em casa. E agora a pouco vindo pra cá, Clara me ligou avisando que uma das amigas que estavam com ela ontem, foi lá e levou o celular e a bolsa dela. Acho que vamos na polícia. Pois disseram que ela saiu com um homem estranho ontem.

― Calma Bruno, sua amiga tá bem.

― Bem como Samuel? Como alguém sai com um homem desconhecido, sem telefone, nem documentos? Eu sabia que essa bebedeira não ia dar coisa boa.

― Bruno acredite em mim. Sua amiga tá bem. Foi muito bem cuidada e em breve vai pra casa.

― Você dá tanta certeza como se soubesse onde ela tá...

― E eu sei... - ele se serve de um pouco de café que acabou de fazer com a maior calma do mundo - porque ela está aqui.

― Como é?

― Tá lá encima no quarto do seu pai.

Nossa essa notícia me pegou de surpresa. Fiquei chocado e feliz ao mesmo tempo.

― Ela tá bem?- faço gesto que vou levantar e ele segura minha mão.

― Ela tá ótima, seu pai cuidou muito bem dela. Só está com ressaca, o que era de se esperar.

― Como ela veio parar aqui?

― Seu pai foi buscar ela ontem à noite.

― Meu pai o quê?- fico meio incrédulo. Meu pai se abalando até um Pub pra buscar uma amiga minha, por quê?

― Bruno. Vamos conversar, antes de você ir lá ver com seus próprios olhos, como ela está.

― Sim.

― Você sabe que gosto do seu pai como se fosse meu filho. E você como meu neto. Já faz tempo que eu observo seu pai com essa garota... tenho quase certeza absoluta que ele sente algo por ela.

― Bom, ele eu não sei, mas ela eu tenho certeza porquê ela mesmo me disse. No início ela achava que ele era gay.

Rimos da situação.

― O que eu quero dizer é... conheço seu pai desde que ele era criança, vi a felicidade dele com sua mãe, com seu nascimento... e vi a tristeza dele quando Vera se foi. Seu pai se trancou para qualquer tipo de relação. Pra ele, só Vera poderia fazer ele feliz... Ele até tentou um relacionamento uns 10 anos atrás, lembra?

― Sim, com a Cátia.

― Mas vejo que com a Adriana é diferente... quando os dois ficam próximos, eu vejo como ele olha pra ela. Bem parecido com o olhar que ele tinha sobre sua mãe. De um tempo pra cá, ele tá sempre inventando algo pra fazer  pra encontrar ela, ou fazer ela vir até ele. Mas ele também tá lutando pra manter distância dela, inventando desculpas pra ele mesmo. Criando preconceitos...

― Tenho pensado muito no meu pai esses últimos meses. Pois agora que estou noivo... vou me casar, eu saindo de casa, como ele fica? Sempre fui tudo pra ele. Tenho medo dele entrar numa depressão como foi quando minha mãe morreu.

Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora