BRUNO
Assim que chegamos em casa meu pai ficou trancado no escritório por horas. Dri veio conversar comigo. Pelo jeito meu pai se abriu com ela, contando o que meu padrinho aprontou no passado com ele.
— A tal Cátia me tratava muito bem. Fazia todas as minhas vontades. Eu tinha doze anos, meu pai apesar de me dar tudo que eu precisava, me levava na corda curta. Sempre disse que eu precisava valorizar o que eu tinha. Mas a Cátia me mimava e, como eu passei praticamente 6 anos sem mãe... tudo que eu queria era ser mimado.
— Mas quando sua mãe faleceu você não tinha 10 anos? Como ficou sem mãe por seis anos?- pergunta Dri.
— Quando minha mãe descobriu que estava com câncer, eu tinha 6 anos. Meu pai praticamente parou de viver, pra viver pra minha mãe. Ela começou o tratamento e mesmo os dois me dando " atenção"- fiz aspas com os dedos- a prioridade era a saúde dela e meu pai se dedicava ao bem estar dela, vinte e quatro horas por dia. Depois que o câncer ficou mais agressivo, minha mãe não queria que eu a visse. Dizia que não queria que eu ficasse com ela na memória daquele jeito. Quando ela dizia que sabia que ia morrer, meu pai ficava arrasado. Um dia eu lembro... de passar na porta do quarto dele e ela estar deitada, lendo... eu olhei pra ela e mal a reconheci... estava tão pálida e tão magra...ela me viu na porta e me chamou. Me fez sentar na cama ao lado dela e me fez prometer cuidar do meu pai. Disse que me amava, que não era pra eu ficar com raiva do mundo ou de Deus, pois tudo acontece no momento certo. Ela faleceu dias depois. Meu pai entrou numa depressão de dar pena. O Samuel e a Júlia foram cruciais na nossa vida. O Samuel praticamente mudou pra mansão para ficar ao lado do meu pai. E eu fiquei um tempo praticamente morando com a Júlia e a Jéssica.
— Então foi aí que sua amizade com a Jéssica começou?
— Sim e não. Já convivia com ela, mas nessa época foi quando ficamos mais unidos. Jéssica foi o apoio que eu precisei. Ela cuidava de mim, mesmo nossa diferença de idade sendo só de 1 ano. Ela não me deixava ficar pensando na morte de minha mãe. E quando eu ia ficar com meu pai, ela ia ficar na mansão comigo. Ela trocou de colégio pra ficar do meu lado. Me dava colo, quando a dor era grande. Meu pai estava numa guerra particular, por mais que ele tentasse ficar ao meu lado, ele não conseguia. Quando olhava pra mim, ele chorava tanto, que era de cortar o coração. Eu via ele sofrendo e eu sofria junto e nessas horas Jéssica e Samuel estavam lá.
— Você teve algo com a Jéssica?- perguntou Clara.
— Morena, isso foi a muito, muito tempo atrás... antes de você.
— Então vocês namoraram?
— Não. Mas sim, eu me envolvi com ela. Eu fui o primeiro beijo dela e ela o meu. Tínhamos muito carinho e muita intimidade um com o outro.
— Vocês transaram?
— Não Morena. Foi coisa de adolescente. Jéssica é como uma irmã pra mim. Não precisa cismar com ela. Entenda que ela foi muito importante em minha vida, num momento em que precisei.
— E a Cátia?- pergunta Dri mudando de assunto.
— Catia entrou na nossa vida, quando meu pai conseguiu levantar a cabeça e tentar seguir. Ele voltou pra empresa, praticamente ele viveu administrando ela de casa. O tio Fred, padrinho do meu pai, faleceu quando eu tinha 4 anos e como ele não tinha mulher, nem filhos, deixou tudo pro meu pai. Pra ser bem honesto, acho que nem meu pai sabe quanto dinheiro tem. Quando meu pai voltou a trabalhar, ele conheceu a Cátia, ela era bonita e simpática. Ele foi num jantar de natal da empresa e me levou. E quando chegamos lá, ela estava lá. Era funcionária de uma empresa filial ligada a uma das empresas do meu pai. Ela começou a conversar comigo e me fazer companhia, enquanto meu pai conversava com sócios e empresários em outra parte da festa. Ela era divertida e me convidou pra ir no cinema com ela no dia seguinte. Quando meu pai se aproximou da gente eu apresentei ela e disse que tinha um encontro com ela no dia seguinte. Ele riu, o que fazia muito pouco e eu gostei de ver meu pai sorrir.
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Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1
Roman d'amourÉ difícil resistir a tentação. Dizer não, quando o desejo é grande. Seu corpo quer, seu coração também, mas sua razão fala, grita que é errado! Eduardo um empresário bem sucedido, viúvo e muito bonito se pega num dilema quando conhece Adriana a melh...