Apartamento

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São onze e quinze e estou saindo da faculdade, mandei mensagem para o Carlos avisando que estava saindo mais cedo... Enquanto aguardo o Carlos, resolvo sentar na lanchonete e beber um refrigerante.

Samuel chega e pede para se sentar na mesa comigo. Fiquei tensa e ele viu minha reação.

― Acalme-se. Eduardo está em casa. Ele não passou muito bem a noite...

― Ele está bem agora?- a pergunta sai tão rapidamente que não tive tempo de segurá-la na boca - não precisa me responder... isso não é da minha conta.

― Ele teve um processo alérgico e ficou muito pior que da vez em que disseram que comeu um pesto que você fez- ele ri . Sei que é uma técnica pra deixar a conversa confortável.

― Nossa! - é a única coisa que consigo falar.

― Bom, não vamos falar do teimoso em questão. Eu parei pra falar com você porque quero te dar uma notícia, acho que você vai gostar... Jéssica está vindo morar aqui. Assim fica fácil pra ela por conta do estágio.

― Nossa Samuel, que legal.

― Posso ter seu número de telefone? Para passar à Jéssica. Ela não tem seu número, mas eu sei que ela gostaria. Eu poderia pedir ao Bruno. Mas eu precisava da sua autorização. E como você, Clara e Bruno, têm praticamente a mesma idade dela... pensei que pudessem ajudá-la a se adaptar.

― Claro. Você tem como anotar?

Ele me entrega o celular dele. Anoto o número e salvo. Devolvo o celular a ele.

― Quando ela chega?

― Esse fim de semana. Vou buscar ela e Júlia.

― Sua esposa está bem senhor Samuel?

― Não precisa me chamar de senhor, Adriana- ele dá um suspiro profundo- Júlia tem dias diversos... em alguns ela está ótima, em outros nem tanto. Justamente por isso o Eduardo me convenceu a trazê-la para a cidade, ficar mais perto dos médicos... ele nos tem como pais.

― Sinto muito, não sabia que sua esposa tinha problemas de saúde persistentes.

― Vai ficar tudo bem. A Jéssica fica tão sobrecarregada com tudo... acho que aceitamos vir morar aqui justamente pra que a minha menina se divertisse um pouco. Fizesse amigos... quem sabe namorar um rapaz que preste!- ele fala e revira os olhos e rimos da situação.

― Vou grudar em sua filha como um carrapato! Vou ficar tanto no pé dela que ela vai pedir pra voltar pro interior.

― O Bruno e ela eram muito amigos... brincavam juntos quando crianças, saiam juntos quando adolescentes. Mas agora o Bruno tem a Clara e uma profissão muito difícil. Falta tempo pra ele. Eduardo tem a Jéssica como uma irmã caçula. Me ajudava a tomar conta dos moleques atrás dela... antes de eu me mudar para o interior... mas - ele olha pra mim- deixa pra lá. Você não quer ouvir sobre o Eduardo, não é mesmo?

― Tudo bem Samuel. Você está me falando de Jéssica e o ... dr. Eduardo faz parte da vida dela.

― Adriana. Ele gosta de você... só é teimoso demais pra dar o braço a torcer.

― Eu não quero mais falar disso... dele - Sou salva pelo gongo, quando o Carlos chega- olha só Samuel, o Carlos também está vindo morar aqui e pode entrar no círculo de novos amigos da Jéssica.

― Boa dia! Quem é Jéssica?- ele estende a mão pra cumprimentar Samuel.

― Bom dia! Tudo bem contigo? Jéssica é a minha filha.

―  Ah. Adolescente que está vindo estudar?

― Nada. Você conheceu ela seu bobo. Estava na cozinha da casa de praia no noivado de sua irmã. A morena que você cumprimentou quando chegou- digo mostrando a cadeira para o Carlos se sentar.

Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora