Vamos, coma.

913 83 45
                                    

ADRIANA

Acordo e o Eduardo não está. Será que sonhei? Levanto e vou fazer minhas higienes. Mas é quando vou escovar os dentes que vi porque o Eduardo não estava lá. Meu pescoço está com hematomas imensos negros assim como meu braço. Começo a chorar, copiosamente.

― Vim te chamar para tomar café- diz Clara.

― Que susto! Vou comprar um guizo para você- passo por ela e volto pra cama- não tô com fome.

― Por que estava chorando?

Retiro meu cabelo que cobria meu pescoço e mostro as marcas para a Clara.

― Olha isso!- Clara se aproxima... analisa o local.

― Eu deveria imaginar que ficaria marcas mais escuras. Mas eu não presenciei o ocorrido, não imaginei que o cara tivesse sido tão violento, ontem não estava tão evidente. Calma, eu vou tentar melhorar isso.

Ela sai e pouco depois volta com uma toalha pequena e uma vasilha. Vai até o banheiro e enche a vasilha com água quente.

― Toma. Faça compressas com água quente no local. Vai ajudar a diminuir a coloração escura- ela molha a toalhinha e me dá - agora, você precisa se alimentar. Foi ver o meu sogro ontem?

― Ele só dormiu aqui. E fugiu logo de manhã. Acho que viu essas marcas pretas em mim e ficou com nojo de mim...

― Adriana, o Eduardo não fugiu de você. Ele foi na delegacia agora de manhã com o Samuel. Parece que o rapaz resolveu fazer uma queixa contra ele.

Horas se passaram. Eu com muita vergonha dessas marcas não quis sair do quarto para nada. Lá embaixo está rolando um churrasco na piscina. Clara vem mais uma vez me chamar para comer e eu me recuso a sair de debaixo desse lençol. Pedi a ela que não deixasse o Eduardo vir até o quarto.

― Adriana. O churrasco acabou assim que o Samuel retornou com o Eduardo da delegacia.

― Que houve?

― Parece que para arquivar a queixa, o delegado quer ver a outra parte envolvida, ou seja, você. Porém o Eduardo não quer que você se exponha. Então parece que vão recorrer aos exames que o cara fez no hospital. Você estava certa, ele estava drogado, mas isso não justifica o traumatismo craniano que o Eduardo causou nele. Para que o Eduardo não responda por agressão e tentativa de homicídio... o delegado quer ouvir você. Ele se recusa a levar você na delegacia. Disse que você já passou por um grande trauma e não precisa ficar expondo suas feridas para provar que você foi a vítima.

― Acha que o Eduardo pode ser preso?

― Sim. Mas creio que possa pagar fiança. O que complica é o fato do rapaz ser filho de um vereador importante da cidade.

― Você pode chamar o Samuel pra mim por favor?

Quando o Samuel chega eu dei um jeito de cobrir os hematomas com o lençol.

― Você queria me ver? Resolveu comer alguma coisa? Desde ontem, você não come mocinha.

― É verdade que vocês foram na delegacia?

― Sim.

― O Eduardo pode ser preso?

― Pode. Mas ele é advogado. Vai saber o que fazer.

 ― Me leva na delegacia Samuel.

― Não Adriana. Por que se expor assim?

― O Eduardo estava me defendendo, não é justo que ele pague por algo que não fez...

Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora