O GRANDE CORAÇÃO

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CLARA

Foi duro demais eu e outro médico, darmos a notícia fatídica para Júlia e Jéssica.

― Eu sinto muito senhora... - foi a última coisa que o médico disse, antes de Jéssica desmaiar e ser amparada pelo Carlos. Júlia se apoia na parede e eu a puxo para um abraço.

― Ele sofreu muito?- pergunta Júlia ao médico.

― Ele estava com o coração crescendo, ao que tudo indica. Não foi o acidente que causou a morte dele, foi o grande coração. A senhora sabia que ele tinha cardiomegalia?

― Sim. Descobrimos há um ano atrás...mas o médico disse que o tamanho em que já estava, não teria como tratar só com medicação. Ele precisaria de um transplante.

― Ele não se tratou Júlia?- perguntei.

― Começou a tomar remédios, mas devido a minha saúde... ele se dedicou mais a me deixar bem - ela começou a chorar - ele me implorou pra não contar nada a ninguém, nem ao Eduardo. O filho homem e mais velho que ele tinha. Essa semana parece que ele tava adivinhando... foi tão... tão Samuel comigo. Estava tão feliz, que o filho estava bem e com a filha se adaptando e que eu estava bem melhor... Hoje pela manhã, ele se despediu de mim com um beijo e disse que era o homem mais feliz e realizado do mundo - ela chora um choro contido - Clara, me deixa ver o Eduardo. Ele deve ficar péssimo quando souber. O Samuel era a única pessoa que restava do passado dele. O único familiar da época, que ele tinha. Era a única pessoa que o levava para lembrança dos pais. Eu preciso ficar ao lado dele.

― Vamos contar a ele. Ele ainda está inconsciente. Assim que contarmos, venho te buscar.

A Jéssica foi levada para um sofá, pelo Carlos. Assim que a Júlia se aproximou da filha, Carlos as deixou e veio saber do estado da Dri. Contei a ele sobre tudo.

― Coitado do Eduardo! O Samuel era um cara muito legal.

― Ele ainda não sabe. O Bruno teme que o pai enlouqueça. O Samuel era um pai para o Eduardo.

― A Dri tá com ele, né?

― Vai ficar ao lado dele, você a conhece. E eles oficialmente estão namorando.

― Já imaginava. Eu vou fazer companhia pra Júlia e Jéssica e, assim que der, eu quero ver a Dri. Tudo bem?

― Tá certo.

Quando a notícia foi dada ao Eduardo, ele quase surtou. E o médico decidiu sedá-lo. Muito tempo depois, quando ele acordou... chorou muito.

― Ele era a única família que me restava do meu passado... eu não posso perder ele... o que eu fiz de errado Deus? Outra vez perco alguém num acidente estúpido? Foi culpa minha... foi culpa minha... - ele volta a chorar copiosamente.

― Amor a culpa não foi sua - disse Dri.

― Foi sim. Eu poderia ter dirigido e ele ter ficado em casa. Estava vivo agora. Não vou me perdoar por isso. Como vou olhar pra Júlia e pra Jéssica agora? Ai meu Deus... Traz o Samuel de volta... leve a mim... - e chorou muito.

― EDUARDO NÃO REPITA ISSO NUNCA MAIS! - Júlia entra no quarto falando áspero com o Eduardo - Como acha que o Samuel se sentiria ouvindo essas bobagens que você disse. Ele te amava como um filho. Que pai quer ver seu filho morto?

― Júlia, perdão... eu tentei ajudar...mas ele não respondia.

― Não foi culpa sua. Foi um acidente. E ele, mesmo que estivesse em casa, morreria do mesmo jeito. Eu prometi não contar nada a você, antes que essa porcaria de dia acontecesse - ela caminha até a cama e o Bruno se afasta. Ela enxuga as lágrimas do Eduardo - meu filho, o Samuel morreu, pois seu coração era grande demais... Tenho certeza que ele hoje teve um dia muito feliz com você!

Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora