Domingo

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ADRIANA

Resolvemos voltar pra rua. Coloco minha roupa de malhar e o Carlos troca de roupa também. Vamos correr!

Já passa de uma da manhã quando fazemos o caminho de volta pra casa. Não vamos correndo, resolvemos caminhar. Infelizmente ao passar pela rua a três quadras de casa, vejo do outro lado da rua, algo que me entristece profundamente.

Eduardo e uma mulher aos beijos na porta da casa. Aquilo me causa uma dor tão grande que meus olhos marejam na hora.

― E ele pulou da traseira do carr... Tá tudo bem Dri?- Carlos me pergunta.

― Sim- sussurro e minha voz sai embargada pelas lágrimas, que estou tentando segurar.

― Ei - ele vira meu rosto pra ele- O que foi? Eu disse algo que te chateou? Desculpe...

― Não. Não é nada contigo. É só um pressentimento ruim. Vamos pra casa.

Volto a correr e o Carlos me acompanha. Não falo mais nada e ele também não. Entramos no apartamento e vou direto pro banho.

Ligo o chuveiro, finalmente deixando as lágrimas rolarem rosto a baixo. Meu banho dura mais que o normal. Não quero voltar a ver o Carlos, chorando.

Saio do banho e vou colocar meu pijama clássico. Camisão e um pequeno short. Quando vou à cozinha pegar água. Carlos entra no quarto pra pegar o pijama dele e poder tomar um banho.

Não conversamos mais. Vou para o quarto e fecho a porta. " Então ele realmente está seguindo adiante? Realmente não sou nada pra ele. Acho que aqueles beijos foram só o fetiche de um homem mais velho com uma garota nova."  Sou mesmo uma idiota. Fico perdida em pensamentos... lembrando do que o Samuel me disse... do que ele me disse... e do que vi. Acho que vou conversar um pouco mais com o Carlos. Ele não deve ter entendido nada.

Saio do quarto e vou até a sala. Ele está dormindo no chão. Melhor voltar pra cama.

No outro dia vejo que ele está na cozinha quando levanto.

― Café?- pergunta ele.

― Você tá fazendo café?- pergunto surpresa.

― Sim. Fiz também ovos mexidos e torradas.

― Desde quando você cozinha? Ou melhor... você cozinha?

― Não é nada comparado ao que você faz... mas sim, eu cozinho.

― Clara não sabe nem fritar um ovo...

― Não sou  minha irmã. E acho que o básico todos devem aprender pra se virar na vida.

― Fiquei surpresa com isso. Deixa eu provar.

Ele apanha uma torrada, coloca no prato. Um pouco de ovos mexidos e uma caneca de café. Me entrega.

― Açúcar ou adoçante?

― A-ha...não lembra se gosto de açúcar ou adoçante...?

― Você gostava de açúcar, mas como vocês mulheres são meio loucas com essa coisa de não engordar... pode ter mudado pra adoçante.

― Não. Açúcar por favor. E a Clara?

― Estamos bem aqui- diz ela saindo do quarto com o Bruno- onde vocês estavam ontem à noite que não vimos vocês?

― Fomos correr- respondo.

― Você foi correr de madrugada? E você, seu irresponsável... ainda deu trela e foi com ela?

― Olha só querida irmã, não concordo com isso dela correr tão tarde, mas melhor eu ir com ela que deixar ela ir sozinha. E outra, não dava pra ficar aqui... afinal não sou surdo e o seu quarto é próximo da sala. Ouvir vocês gemendo daquele jeito, não é canção de ninar.

Clara ficou toda vermelha e Bruno a abraçou sorrindo.

― Fizemos muito barulho?

― Pro meu gosto cunhado, não foi um dos melhores ritmos que já ouvi- dessa vez eu sorrio com vontade. Adoro o senso de humor do Carlos.

Bruno e Clara resolvem nos chamar pra ir a praia. Eu aceitei, afinal não quero ficar em casa. Se ficar, vou ficar lembrando do que vi ontem.

EDUARDO

Fui outra vez jantar com a Vanessa, mas dessa vez realmente foi um jantar de negócios. A levei em casa e como já esperava, ela me beijou, mas dessa vez resolvi corresponder.

― Ainda bem que não estou usando um batomzinho vermelho- ela sussurra.

― O que? Chapeuzinho vermelho?

― Não Eduardo. Batom!

― Ah, okay. Entendi errado, desculpe.

Parece coisa do diabo isso. Sempre que resolvo fazer algo pra esquecer essa garota, alguma coisa ou alguém acontece pra me lembrar  que ela existe.

Rolou muitos beijos e amassos. Se transamos? Não. Depois desse entendimento errado de palavras... Chapeuzinho voltou a visitar meus pensamentos.

Volto pra casa pensando. E se eu comprar uma fantasia sexual, da chapeuzinho vermelho pra Vanessa vestir? Será que paro de pensar na Chapeuzinho? "  Mas Adriana é ruiva e Vanessa é morena... aff isso não daria certo".

Meu domingo foi normal. Não saí com a Vanessa. Fiquei em casa. Bruno passou o dia com a Clara e vai trabalhar essa noite. Vou no meu quarto a noite, estou completamente sozinho. Apanho o livro no criado mudo e sento-me na poltrona. "  Oi Chapeuzinho".  Olha ela vindo me visitar nos meus pensamentos. Lembrei-me dela desenrolada na minha cama... seu bumbum... vou até o closet e vejo a camisa minha que ela usou. Guardei junto com as outras para que Louise não a lavasse... ainda tem seu cheiro. Qual a finalidade disso... pensamentos em seu bumbum... seu cheiro... lá vou eu outra vez no cinco contra um.

Vou acabar virando especialista em masturbação. Preciso urgente, tirar essa garota da minha cabeça. Só não sei como.

Segunda chega lentamente para meu gosto. Mesmo depois de tentar me satisfazer sozinho... o sono não veio, mas a Chapeuzinho... ah, ela sim apareceu nos meus pensamentos não me deixando dormir outra vez. Acho que hoje vou dar mais um passo com a Vanessa...

Levanto e vou ao banheiro fazer minhas higienes. Quando desço, Samuel já está me aguardando.

― Você está com a cara péssima! O que houve?

― Não dormi. Pra variar essa última semana a insônia está ainda pior.

Tomo meu café, vou ao escritório apanhar algumas coisas, hoje terá uma daquelas reuniões chatas e demoradas... espero não cochilar.

Entramos no carro e seguimos rumo a empresa. Para minha desgraça passando próximo a faculdade da chapeuzinho, a vejo com o irmão da Clara. Parece feliz, ele a abraça. Ela sorri e lhe dá um selinho. Eu não vi isso, vi? Eles estão namorando? Ela é rápida em esquecer...


Trilogia : POR QUE NÃO?-Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora