60 capitúlo.

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Rio de Janeiro.

Vou começar o que terminei
Não preciso hesitar
Vou tomar o controle desse tipo de situação
Estou travada e carregada, completamente focada.

Dangerous woman_ Ariana Grande.

Isadora Salvatore.

Já fazia um pouco mais de meia hora que eu e Marcos estávamos a caminho de São Paulo. Marcos não falou nada, e eu assim permaneci, há uns minutos atrás liguei o rádio, pois o silêncio estava constrangedor.

Parecendo adivinhar tudo o que passei, o rádio começou a tocar " encontrar" de Marcos e Belutti.

" que não tem volta o jeito é concentrar
Na melhor forma de seguir em frente
Não vou mais correr atrás, eu vou pensar
Um pouco em mim e esquecer da gente"

Suspiro, mais uma vez encosto minha cabeça o vidro do carro, sentindo o olhar de Marcos em mim.

Eu confiava em Augusto, e ele traiu minha confiança, pela primeira vez eu tinha conseguido seguir em frente, após anos, e tudo foi por água a baixo. Não sei se irei conseguir me envolver com mais alguém da qui para frente.

" E nada de chorar
Mesmo sem você eu vou ser feliz
Com outra pessoa vai me encontrar
Vivendo aquele grande amor
Que você nunca quis"

Fungo alto, eu não tinha percebido que estava chorando, olho para Marcos para ver se ele escutou, ele me encara.

- Vai me contar o que está acontecendo?-- Sua voz me causa arrepios, mas me mantenho em silêncio.- Aquele doutorzinho de fez mal?

Começo a gargalha, igual uma louca. Dizem que as pessoas que mais sorriem, são as que mais choram, não é? Pois então! Eu chorei tanto que agora achei graça em uma coisa nada haver, depois de anos eu voltei a ser aquela adolescente.

- Você se referindo ao Augusto como um doutorzinho, sendo que você dizia ser o maior "juíz" do mundo, e blá blá blá.-- Respondo sobre seu olhar acusador e curioso.

- Como você ousa falar assim?-- Ele tenta fazer uma voz brava, mas falha, gargalhando logo em seguida.- Você não mudou nada, continua a mesma garota infantil, rebelde de sempre.

- Sabe...-- Olho para ele, as lágrimas começam a cair em meu rosto.- Eu queria muito não estar grávida no momento, para me encher de alguma bebida alcoólica.

Penso no que eu disse, e começo a chorar ainda mais.

- Viu? Até como mãe eu sou péssima! Eu acabei de falar que não queria estar com minha filha... Nossa filha.-- Fungo.

Marcos se mantém em silêncio por uns minutos, me fazendo parecer uma pateta.

- Não tem como piorar...-- Sussurro para mim mesma.- Traída durante anos, por uma pessoa que eu nunca amei, amando outra que nem sequer me amou de verdade, e por fim sendo ignorada.

- Olha, Isadora...-- Marcos começa a falar, mas para com um solavanco do carro.- Ah, não...-- Ele me olha chocado, ao mesmo tempo que entra com o carro em uma entrada qualquer.

- Quer me matar do coração?-- Pergunto, limpando as lágrimas que ainda restam em meu rosto.

- Não... Eu só queria não deixar o carro no meio do asfalto.

Começo a gargalha.

- Isadora, eu não estou brincando.-- Me recomponho.- Você não abasteceu o carro.-- Marcos pega seu celular, e começa a erge -lo.

Como que eu fui me esquecer de abastecer o carro?

- Vou descer para ver se consigo alguma torre.

Marcos desceu, eu o acompanhei, não iria ficar sozinha ali. Ele andou alguns passos para frente, eu apenas o acompanhei em silêncio.

- Pronto, consegui.

Marcos começou a discar alguma coisa, a ligação chamou, e logo em seguida se calou. Olhei para o aparelho, esperando que alguém tenha o atendido.

- Acabou a bateria.-- Marcos diz irritado.- Você está com o celular aí?

- Estou.-- Pego o aparelho, e levanto no mesmo sentido.- Não tem torre.

- Qual é sua operadora?

- Tim.

- Merda de propaganda enganosa! Como eles dizem que não tem fronteira se...-- Marcos parou de falar.- Reclamar não irá adiantar. Vamos voltar para o carro, amanhã eu saiu em direção há alguma ajuda.

- Não vou dormir em um cubículo, desse tamanho.-- Aponto para minha barriga.

- Você está incrivelmente pequena.-- Marcos caminha de volta para a caminhonete.

O observo parada no mesmo lugar.

- Vai mesmo ficar aí?-- Ele se vira.- Pode ter algum rato, ou...

Saiu correndo em direção ao carro.

- Chato!-- Grito assim que ele entra.- Eu tenho medo, você sabe.

- É, eu sei.-- Ele gargalha.

- Mas muita coisa mudou.

- Em meus olhos você continua a mesma. A mesma garotinha rebelde que quer enfrentar o mundo, mas tem medo de um rato.

Lhe olho, e o encaro por alguns minutos.

- O que foi?

- Você mudou muito...-- Respondo, sem pensar.

- Você também.

- É, eu sei.-- Olho para minha barriga.- Fiquei enorme.

- Eu diria que ficou linda.

Sorrio, sei que corei, sinto meu rosto queimar.

- Mas ainda fica vermelha quando recebe um elogio, e não sabe corresponder.

- Por que você foi um idiota comigo... E, agora... Bem, você sabe...

- Estou sendo legal?-- Aceno em confirmação.- Eu Apenas fui enganado.

- Enganado?

- Preciso mais que palavras para você acredita em mim, quando voltarmos eu te darei uma boa explicação, se você deixar. Mas agora acho bom você descansar.

Me deito virada para o vidro, e seu elogio corre na minha cabeça. Marcos também virou ao lado contrário ao meu.

Eu ainda o amo! Eu ainda... Não! Não posso... O que estou pensando? Em dormir com ele, e depois... Depois ele negar que o filho que espero não é dele? Talvez, ele tenha razão... Bem, eu estava comprometida né?

Me viro, no mesmo momento ele se vira também, me aproximo vagarosamente dele, ele não espera para me beijar, é um beijo desesperado... Posso por a culpa nos hormônios da gravidez?

Que se foda!

Maktub.- O Destino (1 Livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora