Capítulo 1 - Perda

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Saio de imediato do carro assim que ele para, olho descrente para a casa a minha frente, corro até a frente da casa, subo os degraus chegando a porta principal, tento derruba-la, mas falho miseravelmente.

Olho para minhas mãos e as vejo tremerem, elas nunca tremem. Olho em volta e sinto meus olhos lacrimejarem devido a fumaça.

-BABBO - ouço a voz da minha garotinha vindo de dentro da casa, coloco a mão na cabeça em desespero.

-SOFIA! EU ESTOU INDO. - grito em resposta, indo novamente de encontro a porta, chuto, esmurro, mas a porta não cede, pego minha arma e atiro na maçaneta, chuto a porta novamente. Sinto quando meus irmãos chegam e me ajudam. Com a porta agora caída olho em volta e a fumaça já tomou conta de todo lugar.

-FILHA- grito em busca de resposta, mas ninguém responde, ela não responde. - SOFIA. - desesperado a chamo, eu não posso perde-la, minha filha não! Ando mais um pouco e vejo o teto mais a frente ceder, está quase impossivel de respirar aqui dentro. Olho em volta, onde voce está filha?

-SOFIA - meus irmãos a chamam. Fico alerta quando Ramsés se ajoelha, ele está um pouco a minha frente.

-O que achou? - questiono num fio de voz. Ele se vira para mim chorando, e em seguida levanta o teddy, meus joelhos vacilam e caiu no chão. Esse é o ursinho preferido dela, mas atento vejo que perto de onde o urso estava tem muito sangue e mais a frente vejo um pezinho com sapatinho rosa. -NÃOOO. - grito e tento ficar de pé, mas o teto cede a nossa frente impedindo que eu vá até minha garotinha.

Me forço a levantar, faço menção de ir até ela, mas meus irmãos me impedem. -ME LARGUEM! É MINHA FILHA. - grito em agonia enquanto eles me arrastam para fora da casa, me levam para longe dela.

Caiu de joelhos quando eles me soltam, só deu tempo de sairmos e a casa desaba, meus olhos veem o exato momento, olho para minhas mãos e vejo o ursinho dela. Minha garotinha, minha menininha, minha vida... minha filha. Choro e sinto meu peito doer, uma dor da alma.

-AHHHHH - grito. Sinto braços ao meu redor, não reajo, deixo-me ser abraçado pela minha irmã.

◆◆◆

Horas depois os bombeiros apagaram o fogo, escuto eles falarem, mas ouço como se eles estivessem muito longe. Desvio o olhar deles, e vejo quando a perícia retira de dentro da casa um corpo pequeno com um sapatinho rosa. Sem nem mesmo notar já estou andando até eles, corro para alcança-los mais rápido.

-HADES.- Apolo me chama, ignoro. Chego diante do corpo e sinto a porra das minhas pernas falharem, o rosto está completamente desfigurado, com as mãos tremulas alcanço seu cabelo, era loirinho, sua pele era sedosa.

Essa não pode ser minha filha. Eles colocam o corpo no chão, me ajoelho e me debruço sobre ela.

-Minha filha.- digo em um sussurro, ela está irreconhecível. Tento toca-la, minha mão treme, coloco minha mão em seu bracinho, completamente queimado, não é mais uma pele macia. Olho sua mãozinho que adorava fazer carinho em meus cabelos. Ela não pode estar morta.

-Acorda.- digo me batendo, isso é um pesadelo.- Acorda.- digo batendo em minha cabeça.

-Pare, Hades.- diz Nefertari segurando meus braços e me força em olhar em seus olhos, ela também chora.- Ela se foi.- diz com a voz embargada do choro.

-Não, não, não.- digo balançando a cabeça negativamente.- NÃOO!

-E-Ela se foi.- diz e não aguento, coloca a cabeça em seu peito, ela me abraça, choro, choro, choro até me faltar lágrima.

◆◆◆

Olho mais uma vez para seu jazigo, Ana Sofia Manglioco Pierre.

"Você partiu e a saudade ficou para nos lembrar que as memórias e o amor nem a morte consegue roubar".

HADES - Atração Perigosa (LIVRO III) Onde histórias criam vida. Descubra agora