HADES - Atração Perigosa (LIVRO III)

Capítulo 27 - Atitudes

HADES AMBROGETTI

Já anoiteceu, mas continuo no quintal inerte a qualquer coisa ao meu redor. Nem sei explicar o que estou sentindo, parece que estou desconectado de mim mesmo e sou apenas um espectador. Sinto meu celular vibrar, o pego e vejo que é uma mensagem do Ethan.

"Está feito, o Erick deu 72 horas para o resultado"

Leio e bloqueio o celular novamente, e como se essa mensagem fosse o que eu precisasse para acordar, eu levanto do chão e sigo para dentro de casa. Enquanto não tenho o resultado, quem quer que seja essa garotinha, eu irei encontrá-la, não sou muito de acreditar em coincidências, se ela não for minha filha, ela faz parte de algum plano maldito do Max, e eu não vou deixar ele mexer com esse assunto, Sofia é sagrado para mim.

-Figlio. - mamma me olha preocupada assim que entro na sala, todos permanecem no mesmo local, exceto a Esmeralda que não se encontra mais aqui.

-Cadê ela?

-Mandei que um soldado a levasse para casa, ela será observado de agora em diante e já mandei que colocassem um grampeador em seu celular. - Responde Apolo.

-Ótimo.

-O que pediu ao Ethan? - questiona e todos me olham, vou até a adega e me sirvo de uísque.

-Pedi que ele fizesse a exumação da Sofia para uma análise de DNA. - respondo com a voz fraca.

-Santo Cristo. - murmura mamma. - Eu não sei o que pensar.

-Muito menos eu. - respondo e ela vem até mim.

-Como está se sentindo? - bebo todo o líquido do copo, o álcool desce rasgando em minha garganta.

-Não sei, eu realmente não sei... é como se estivesse anestesiado... mas se ela está viva, irei caçar cada um que a levou para longe e a trarei de volta, custe o que custar. Agora, se o resultado da análise for positiva, voltarei a minha tormenta de não tê-la, de ter falhado. - respondo sentindo meus olhos marejados, cazzo.

-Você nunca falhou com a Sofia, nunca, sempre foi um pai maravilhoso, presente, amoroso. O que aconteceu não foi sua culpa. - diz mamma segurando meu rosto.

-Por favor mamma, pare de dizer isso. - retiro suas mãos do meu rosto. - Mentiras repetidas, não se tornam verdades.

-Sei que não acredita nisso, mas a mamma está certa, não foi sua culpa. - reforça Apolo. - Você deu seu máximo, fez de tudo, se quer culpar alguém, culpe o Lorenzo, a culpa é apenas dele que envolveu uma criança inocente em uma briga doentia.

-Não consigo. Torturá-lo aplacou minha raiva, minha ira, foi necessário para controlar esses sentimentos, mas o pior dos sentimentos é o vazio, o buraco que o desgraçado deixou. Já torturei muitas pessoas, matei, mas nunca imaginei que alguém iria fazer isso com minha filha. - digo e todos ficam em silêncio. 

Eu nunca quis ter filhos, casamento apenas por obrigação, como não sou o sucessor para capo, filhos meus não seriam tão necessários, óbvio que para a mamma sim, mas tecnicamente falando não.
E esse era um dos motivos, eu torturo pessoas, sei como o ser humano pode ser cruel, sei como fazer doer ao ponto de implorarem pela morte, a vida que levo não é segura, é inconstante, nem digo por fazer parte da máfia, mas pelos negócios que tenho fora dela. Eu temia que poderiam fazer isso com meu filho, e foi exatamente o que fizeram, minha filha pagou pelos meus pecados.

Mas ai a Esmeralda entra aqui em casa, olha nos meus olhos e afirma que a minha Sofia está viva, minha filha viva.
Há uma possibilidade dela estar viva, se isso for verdade, onde ela está? Como ela está? Com quem passou todo esse tempo? Estará machucada? Sinto como se minha cabeça fosse explodir, tantas incertezas agora. Esmeralda veio como um furacão.