Capítulo 24

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Julie...

Acordo com o barulho do meu celular e vejo no relógio do criado mudo que ainda são 2:30 da madrugada, quem é o infeliz que está me ligando a uma hora dessa?

- Alô? - falo com a voz rouca de sono, nem me atrevi a ver quem era.

- Ju - me assusto quando ouso a voz embargada do Luke pelo outro lado da linha.

- Luke, o que foi? - pergunto me sentando na cama preocupada, ele começou a soluçar do outro lado da linha, o que me fez ficar mais preocupada ainda.

- Foi minha culpa Ju, eu que a matei, eu não me mereço viver. - ele começou a falar entre soluços.

- Não fale assim, nuca fale isso me entendeu. - eu disse me segurando para não chorar. - Onde você tá? - pergunto me levantando, o que fez Flynn acordar.

- O que foi? - ela perguntou grogue de sono, eu só fiz o sinal para ela esperar.

- Eu to em casa. - Luke disse depois de um tempo.

- Estou indo para ai, me espera, não faz nenhuma besteira, por favor. - eu disse entrando no meu closet para pegar uma roupa qualquer.

- Está bem. - ele falou um pouco mais calmo, mas ainda soluçando.

- O que foi Jules? Quem era no telefone? - Minha amiga perguntou preocupada.

- Era o Luke, ele estava chorando e falando que era culpa dele, por alguém ter morrido e que não merecia viver, acho que ele teve uma recaída, preciso ver ele. - eu disse me arrumando.

- Como assim recaída? Julie são quase três da manha, você não pode sair assim. - minha amiga tentou me convencer mais eu precisava ver ele.

- Luke tem depressão. - Flynn arregalou os olhos. - Ele não me contou, quem me contou foi o Alex, ele já tentou se matar antes, ele toma remédio tarja preta, eu só soube disso depois que vi umas marcas de mutilação do braço do Luke, e encontrei o remédio em seu quarto. - falei isso e suspirei. - Flynn todos eles tomam esse remédio, Luke pela depressão, Alex pela ansiedade, e o Reggie pela síndrome do pânico. - Cada vez que dizia isso minha amiga arregalava ainda mais os olhos.

- Mas para ajudá-lo precisa ir para casa dele a essa hora? Os meninos estão la. - minha amiga tenta me convencer.

- Ele ligou para mim, Flynn, ele faria o mesmo por mim, ou ate mais. - olhei para minha amiga. - avisa pro meu pai, explica a situação, ele  vai entender.

- Espera. - ela me chamou e eu olhei para ela nervosa. - Como você vai?

- Eu já chamei um Uber, ele está vindo. - falei e escutei uma buzina. - E ele, preciso ir.

Não deixei ela fala sair de casa e entrei no carro, a viajem até a casa dos três foi agoniante, parecia que estava demorando uma eternidade para chegar, então quando cheguei no meu destino eu pulei do carro agradecendo o motorista e fui até a porta, pegando uma chave reserva que tinha atrás do vaso de planta e abri com a maior pressa.

Ao entrar devolvi a chave no lugar dela e rumei em direção ao quarto do ex guitarrista, ao chegar nele não me atrevi a nem bater só abri a porta, foi quando meu coração se quebrou em mil pedaços com a cena que eu vi.

Luke estava abraçado a um porta retrato, sentado na cama com as pernas encolhida e a cabeça apoiada na perna, da porta eu conseguia escutar seus soluços. Foi com calma e sentei ao seu lado, quando toquei em seu ombro com cuidado ele se sobressaltou e quando viu que era eu não falou nada só me abraçou e chorou com mais força, depois que ele se acalmou um pouco eu tirei meus tênis e me deitei na cama nos cobrindo e ele se deitou sobre minha barriga próximo ao meu peito e me abraçou como se eu fosse fugir.

- Meu caton pode me falar o que te fez ficar assim? - perguntei depois de um tempo, assim que os soluços passaram.

- Emily. - foi a única coisa que ele falou, eu sei que não era o momento, mas eu sentir uma pontada de ciúmes, poderia ser alguma namorada antiga? Eu não sei, mas isso fez um nó subir na minha garganta que eu tive vontade de chorar.

- É alguma ex namorada sua? - perguntei assim que consegui controlar minha voz, mas parece que não funcionou, ainda dava para perceber o ciúmes na minha voz, mas parece que o Luke não percebeu, o que foi bom.

- Não, ela era minha mãe. - quando ele falou isso me senti uma idiota na hora, por ficar com ciúmes.

- Era? - perguntei confusa.

- Sim, hoje faz um ano que ela e meu pai morreram. - quando ele disse isso, ele me abraçou com mais força e eu senti suas lagrimas caírem e molharem meu moletom.

- Shiii, calma, respira, tudo vai ficar bem. - eu tentei acalmá-lo.

- Eu... Eu me arrependo tanto, por que quando eles morreram estávamos brigados, eu tinha fugido de casa, porque eles não queriam seu único filho de 17 anos em uma banda de rock, mas era meu sonho, eu lembro até hoje das coisas que eu disse para minha mãe quando eu sai de casa, e eu nem vi meu pai, porque ele estava trabalhando, ates de fazer sucesso eu sempre ia ver eles escondidos. - ele parou um pouco para respirar, e eu fiquei quieta esperando ele termina a historia. - Quando conseguimos um contrato, e fomos fazer nosso primeiro show como uma banda de sucesso, eu fui ver eles mas não consegui falar com eles, fui um covarde, em vez disso pus os ingressos que estavam comigo na caixa de correio, então na hora do show eu não os vi, achei que eles não tinham vindo, mas depois eu recebi a noticia de que no caminho para la um caminhão tinha batido no carro que eles estavam e eles não tinham sobrevivido.

Ele começou a chorar e eu não disse nada, só o abracei, eu sentia a sua dor, era a mesma que eu senti, não, eu sinto com a morte da minha mãe, mas diferente dele, eu tenho meu pai, e meu irmão para me segurarem, o Luke só tem os meninos e agora a mim, e se depender de mim ele nunca vai ficar sozinho.

- Caleb, na época quase não queria deixar eu ir para o enterro dos meus pais, mas eu fui mesmo assim, arrumei tudo, fiz tudo isso chorando, os meninos ficaram comigo todo momento. - ele começou a contar de novo. - Não sei quando a depressão começou, mas sei quando ela ficou mais forte, foi nessa mesma data, 19 de outubro, e foi ficando cada vez pior, o Caleb não deixou eu ter meu momento de luto. - ele soluçou - Logo após o enterro ele já marcou uma cessão de fotos, ensaio, gravação e um monte de coisas, e com o tempo foi ficando pior, até três meses atrás, quando os meninos me encontraram prestes a tirar minha vida. - quando ele terminou de relatar isso eu não aguentei chorei junto com ele, o abracei com todo carinho e amor que sentia.

- Eu to aqui, sempre estarei aqui. - foi a única coisa que eu disse.

Após essa revelação, Luke caiu no sono ainda abraçado a mim, enquanto eu fazia carinho em seus cabelos e cantarolava para ele, fiquei pensando em algumas coisa e não percebi quando eu cai no sono abraçada com ele.


Minha Luz (Juke)Onde histórias criam vida. Descubra agora