Capítulo 1

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Dulce María

Sexta-feira à noite, eu estava me arrumando para mais uma saída com meus amigos, o que acontecia há pelo menos 3 anos. Todas as sextas nos encontrávamos no mesmo bar e no mesmo horário.  Acontece durante a  semana também e não ficamos mais de 4 dias sem nos encontrar, coisa de família mesmo.

Apesar de amar essa rotina, eu precisava parar de fazer isso. Essa é na realidade a última vez que eu poderia sair com meus amigos. E o motivo? Meu irmão estava se candidatando a prefeitura da cidade, e sua irmãzinha, no caso eu,  ser vista em um boteco todo final de semana para encher a cara com os amigos não é exatamente o que ele gostaria de ter em sua campanha. Isso não é postura para além de tudo, uma advogada que estava se tornando conhecida e bem sucedida no âmbito político.

Eu estava ali,  de frente para o espelho, me sentindo linda, meu cabelo vermelho estava liso e ia até a cintura, uma calça preta que imitava couro, uma bota cano curto de salto e uma camiseta ombro a ombro lida da mesma cor e sem bolsa. Já a maquiagem, era minha marca registrada, sempre marcante, olhos em um marrom muito bem esfumado e o meu batom vermelho sangue, eu estava realmente impecável... Impecável para a minha última noite  com os meus amigos. E eu estou me perguntando a que ponto minha vida chegou já faz  bons meses, mas dessa vez? Dessa vez eu estou realmente assustada com o rumo das coisas.

Chamei um uber e desci para esperar. Eu fecharia em grande estilo minha última noite sendo eu de verdade, não a advogada prodígio, não a irmã do futuro prefeito da cidade, não a garota que precisa parecer responsável e santificada, hoje eu seria só a Dul; que dança, curte, bebe e joga carta e sinuca com os amigos a noite toda, até o cansaço vencer.

Quando cheguei, todos os meus amigos me aplaudiram, o bar estava decorado com bexigas, meu nome estava em todos os lugares junto a fotos minhas com cada um deles dentro daquele  lugar que eu tinha o carinho de chamar de segunda casa. No balcão um sequência de mais ou menos uns 15 shots já cheios, limões cortados na lateral de cada copinho, prontos com açúcar e pó de café. Meus amigos estavam dispostos a tornar aquela noite surreal, eles odiavam aquele shot, mas iriam tomar porque era o meu favorito.

Montilla prata era o conteúdo, antes de beijar cada um deles fui na direção do balcão e ergui meu copo.

- Não é para sempre, será apenas uma pausa, me esperem com muita cocaína russa! Logo estarei de volta! Salud! - falei tentando controlar minha voz.
Todos levantaram o copo aos berros.

- À Dul! - Maite, minha melhor amiga puxou o coro.
- À Dul! - repetiram em uníssono.

Limão primeiro, logo em seguida o rum!
Senti a garganta queimar e logo abri um sorriso, abracei cada um deles e então peguei uma cerveja e minha gin, a noite estava apenas começando.

***

Na manhã seguinte meu estômago estava revirado, boca seca e uma dor de cabeça de brinde, tentei lembrar como cheguei em casa mas não conseguia, olhei meu celular e lá estava o recibo do uber, no recibo o local de saída era um pub na avenida principal, e então tudo fez sentido. 
Quando o bar onde estávamos fechou, fomos para esse pub e continuamos a beber, e então todos os meus planos de uma noite incrível foram por água abaixo. Encontrei alguém que eu não esperava ver, pelo menos não fora de um pesadelo. 

Christopher von Uckermann, deputado e filho do ex prefeito da cidade.
Era a primeira vez que eu encontrava com ele em algum bar daqui. Na verdade era a primeira vez que eu o encontrava em qualquer bar desde que ele foi eleito.  Seu pai o forçou a ser deputado pela cidade, Christopher parou de sair com os amigos e mudou radicalmente seu estilo de vida. O que ele fazia sim era motivo para ser algo mal visto. 

Nada ConvencionalOnde histórias criam vida. Descubra agora