Afilhada

1.2K 86 83
                                    

Ao chegar foi direto para seu apartamento, organizou boa parte dos pertences e então tomou um demorado banho para enfim ir até os pais. Mereciam uma visita e também falar sobre a menina, os dar detalhes, pois sabia que queriam ouvir isso presencialmente e não através de um celular. Diante disso, foi até lá e jantou com os dois, trocaram algumas palavras e então retornou estranhando a sensação de ficar sozinho naquele apartamento.

Era estranho estar tão incomodado e o achando tão vazio, apesar dos diversos móveis, das coisas que gostava e tantos detalhes que foi colocando ao passar dos anos, mas sabia que o que estava sentindo falta não era um móvel ou algo nesse sentido e sim um rapaz em específico que estava na casa da mãe.

"Será uma semana difícil e os meses serão piores ainda..." — Admitiu em pensamento, mas ali sozinho deitado em sua cama olhando para o teto poderia gritar que ninguém ouviria. — "Pelo menos ficaremos perto durante essas férias, não é o suficiente, mas pelo menos é um pouco..."

- Tch, és um idiota, Ackerman, pare de falar sozinho.

No dia seguinte foi até a Delegacia, finalmente retornar a aquele lugar com a consciência limpa, sem aquela sensação suja do sangue de Isabel em suas mãos, sem os olhares julgadores dos colegas, esqueceria disso, pois só queria entrar naquela sala de sempre e encontrar seus amigos. Sentia mais falta daquele lugar do que pensou que sentia, mas manteve-se com a expressão neutra de sempre. O primeiro destino foi a sala do padrinho, não negou o sorriso ao vê-lo descaradamente esconder uma garrafa de bebida em uma de suas gavetas ao ver que a porta tinha sido aberta. O segundo destino foi aquela sala onde Isabel e Farlan o esperavam com sorrisos no rosto, logo de primeira recebeu um abraço apertado da mulher e mesmo pedindo que o soltasse não passou tanta credibilidade, pois queria sim aquele carinho. O loiro deu um abraço meio incerto, durou poucos segundos, mas o suficiente para darem boas risadas.

Disse que tinha uma novidade e queria os informar, obviamente teve toda a atenção deles para que falasse. Descartou qualquer suspense e contou em detalhes sobre Beatriz. Não demorou nem alguns segundos para que recebesse mais bons abraços de Isabel animada com a ideia querendo saber mais sobre ela e como Eren estava reagindo com aquilo. Os contou com alguns detalhes, já que quando contava sem muitos deles recebia palavras críticas de quão insensível era.

Ao longo dos dias sua atenção era dividida entre suas obrigações e aquele celular, odiava-se por ser tão dependente, mas toda vez que o celular vibrava dava uma verificada para ver se era Eren ou qualquer outra coisa, preferia que fosse o moreno, mesmo que fossem mensagens quaisquer falando sobre seu dia a dia.

Toda noite aquela cama parecia se tornar maior e fria, Eren não havia o dito por mensagens e muito menos quando o ligava, mas a sua cama na casa da mãe também estava desconfortável. Portanto, vez ou outra entrava no quarto da mãe para que pudesse dormir juntos.

Eren, por sua vez, chegou com algumas boas malas e mochilas na casa da mãe preparado para uma semana com ela e logo em seguida partiria para uma nova fase de sua vida. Estava ansioso, animado e tantos outros sentimentos no peito que nem sabia nomear.

Ao chegar deu aqueles habituais abraços apertados sufocando a mãe, porém logo a puxou seriamente para que se sentasse no sofá da sala, pois precisavam conversar. Obviamente estranhou e sentiu-se estranha até o filho começar a falar o que de tão importante precisava tratar a ponto de que precisasse se sentar.

- Como posso começar a falar um negócio desse... — Pensou por instantes, mordiscou os lábios olhando para o chão da sala, pois se levantasse o olhar sabia que encontraria um par de olhos castanhos quase o obrigando a começar a explicar antes que surtasse internamente. — Bom, vou ser direto igual meu namorado é e fez com meus sogros.

Mistérios (Riren/Ereri)Onde histórias criam vida. Descubra agora