Reunião familiar

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Receber aquele giz, o olhar e principalmente respostas bem amargas por algumas mensagens trocadas deixava Eren ainda mais confuso se perguntando o que tinha feito demais para o "amigo", porém sabiamente preferiu não insistir no assunto, mesmo que não entendesse o motivo dos sorrisos dos amigos em sua direção. Apesar do dia todo ter sido meio afastado acabou por pela noite deixar que aparecesse em seu apartamento, obviamente também pelo remédio que seu corpo a cada segundo sentia saudade, mas talvez não admitindo para ninguém e nem para si mesmo sentia um pouco de saudades daquele que intitulava de pirralho.

A rotina era basicamente a mesma de sempre: Eren trazia uma sacola com algumas coisas para cozinharem, uma mochila nas costas com sua roupa para o dia do seguinte, o dava o remédio e acabavam por dormir juntos.

No início talvez Eren ainda estivesse receoso de ceder as tentativas de Levi de aprofundar aquilo, deixar de ser apenas um oral e beijos mais quentes, mesmo que o calor em si era basicamente pelo estado ainda um tanto febril do professor, mas depois de tanta insistência não conseguiu negar mais e talvez para Eren o próprio andar novo, a pele bem marcada e aquela dor nas costas fosse quase um sinal explícito de que Levi realmente estava aos poucos retornando ao normal, ou quase isso. As ligações noturnas e pela manhã dos pais do homem sempre acabavam por acontecer, então de uma forma bem curiosa às vezes Eren era expulso do quarto ou de forma delicada Levi mantinha sua mão na boca do rapaz para que se calasse, obviamente da primeira vez que colocou a palma sobre seus lábios passou a língua nela lhe fazendo uma breve sensação de cócegas e também recebeu um dos olhares mais decepcionados que poderia receber do 'amigo'.

Para Levi o mais engraçado de todas as situações que já tinha entrado em toda a sua vida foi receber uma ligação de Farlan literalmente três dias depois do ocorrido, realmente respeitando o que Eren havia educadamente com palavras doces sugerido. 

A mão ainda estava machucada, mas não a ponto de ter que usar a quantia de faixas igual do início, então apenas utilizava um pequeno curativo realmente para ninguém ver o estrago que tinha feito a si mesmo, obviamente em mais alguns dias ficaria bem cicatrizado e aqueles cortes 'secos' ficariam bem evidentes a quem quer que fosse olhar para seus dedos, mas não se importava, principalmente por o 'enfermeiro' chamado Eren fazer os curativos e deixar um beijo carinhoso sobre a pele próxima como forma de cicatrizar mais rápido. Era óbvio que dizia-lhe coisas como: "Pare de ser idiota! Pare de beijar minha mão! Sério Eren, saí!"; mas uma parte de si queria continuar a receber aqueles carinhos e agradecia a teimosia de Eren nessas situações.

- Shhh... – Eren sussurrou o apertando ainda mais naquele abraço apertado querendo realmente correr até seu apartamento e pegar aqueles comprimidos e dar a quantia certa para Levi, pois machucava-o ver aquele homem daquela forma realmente suando frio, tremor, queimando de dor e praticamente implorando pelo remédio. 

Eren, Levi e Hanji sabiam bem que ele teria essas reações, afinal era uma desintoxicação de um remédio forte, o qual já vinha sendo usado há um bom tempo e cortá-lo daquela forma apesar de parecer fácil na teoria, na prática era dessa forma. Em sua primeira crise abstinência Eren já queria desistir, pois seu coração doía vê-lo com aqueles olhos cinzentos tão bonitos agora totalmente vermelhos e com tanto ódio a ponto de sentir toda a suas costas ardendo pelos arranhões que Levi estava fazendo em sua pele. 

- Eu estou aqui para ti, vai ficar tudo bem agora... – Não sabia se repetia essa última frase apenas para Levi ou para si mesmo, para de fato acreditar nisso, mas repetia quase como um mantra. Mesmo com dois cobertores grossos sobre o corpo, roupas extremamente quentes Levi tremia, tremia de frio, ansiedade e um real pânico que era bem evidenciado por aquela mandíbula rígida, tremor nos dedos e o corpo todo. – Tu és forte Levi, gosto tanto de ti... – Mais um aperto e um homem apertando sua testa em seu peito com certa força como se quisesse afastar aquela dor, não sabia nem explicar o que estava sentindo, mas queria que aquilo parasse. – Se tu soubesse o quão forte és, não desacreditaria em si mesmo...

Mistérios (Riren/Ereri)Onde histórias criam vida. Descubra agora