Maldição familiar

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- Certo, alguém tenta matar a minha mãe e vocês simplesmente admitem que não é algo necessário que eu saiba?! — Disse na direção dos dois homens de sua família não escondendo o descontentamento que sentia.

Se tinha tirado um peso de suas costas pelo fim do processo de Diego, agora tinha conquistado um bem pior ao ouvir aquela informação sobre Darius. Estava com um misto de sentimentos nada agradáveis em seu peito.

Zeke não queria se meter naquela conversa familiar, por ele arrastava Eren para longe dali e os deixava resolver seus próprios problemas. Entretanto, estava começando a gostar daquela família a ponto de querer entender os motivos da mãe de Levi ter sofrido qualquer coisa. Não conhecia a mulher, mas já tinha ouvido boas coisas de Eren animado e também algumas ligações que a mulher fazia ao genro igualmente feliz com ele. Então, ao contrário de Levi aquela mulher era alguém agradável e gentil demais para simplesmente receber uma tentativa de assassinato. Não que Zeke achasse que Levi merecia algo daquele tipo, mas admitia que era bem mais fácil algo assim vindo em sua direção, não sua mãe.

- Quando isso aconteceu? — Levi insistiu tentando não se estressar com aquele silêncio repentino dos dois, justamente aqueles que até poucos minutos estavam até bem falantes e divertidos sobre Eren, repentinamente acharam válido calarem-se.

August claramente mais tenso olhando negativamente para o chão, maxilar bem apertado e uma expressão séria de poucas palavras não querendo entrar naquela conversa. Kenny ao seu lado parecia bem interessado em lançar um olhar de ódio para um poste qualquer. Ou seja, nada do que viam era um bom sinal de coisa boa.

- Antes de tu nascer. — August acabou por responder e recebeu mais uma expressão de desdém vinda de Levi.

Ninguém o criticaria por estar daquela forma, entendiam completamente que ele estivesse agindo assim com o próprio pai, afinal ouvir que a própria mãe havia sofrido algo e o culpado ainda estava impune fazia os dois irmãos entenderem seus sentimentos. Eren queria entrelaçar seus dedos nos dele e pedir paciência, pois claramente havia algum motivo para que não soubesse, mas não poderia fazer qualquer coisa com tantas pessoas os vendo. Ainda estavam na parte exterior do Fórum, muitas pessoas já haviam ido embora e outras que ainda estavam eles ao menos conheciam, porém não poderiam dar chance ao azar.

- Ah, claro, quase trinta anos se passaram! — Levantou um pouco o tom de voz, mas não a ponto de estar gritando com seu próprio pai. Poderia até estar puto, mas o respeitava imensamente. — Alguém pode me explicar por que diabos aquele homem ainda está vivo?!

Pouco se importou se Eren iria o xingar para que parasse de tentar resolver as coisas com morte como anteriormente já tinha feito. Mesmo que o próprio moreno tivesse dito que iria ser ele mesmo a fazer isso. Passou uma das mãos nos cabelos os bagunçando ainda mais, se é que fosse possível.

Toda a situação era pior do que imaginou. Primeiro, o fato de Darius querer a morte de seu pai, seu tio e a possível namorada de Kenny. Além de já ter tentado matar Eren. Agora, além de todas essas pessoas e até o próprio Levi, já havia tentado contra a vida de Kushel? Sentia certa necessidade de correr atrás do Superior e espancá-lo até sentir o sangue dele sujar seus dedos e aqueles ossos de sua face se quebrarem.

Poderia facilmente aceitar um ódio qualquer a si mesmo, mas não à sua mãe que nem envolvida com a Polícia era. Não sabia se os próximos dias que veria aquele homem conseguiria se controlar e não espancá-lo, não se importava com a possibilidade de um novo julgamento por algum comportamento agressivo seu.

Eren aproximou-se discretamente de Levi aproveitando que o corpo dos outros homens o encobriam e apertou delicadamente o tecido de sua camisa com seus dedos. Levi o olhou com uma expressão bem menos carregada, mas ainda sim um pouco nervosa. Estava nervoso, sentia aquela mesma mão direita um tanto trêmula, apesar de passar despercebida para os outros homens. Ouvir aquelas palavras era quase como apertar um gatilho mental e lembrar-se daquele sangue de Isabel em sua mão, da pressão que tinha feito na arma para atirar, do medo que vinha sentindo em perder pessoas importantes em sua vida. Depois de tantos anos naquela agitação da Polícia sempre tendo inimigos queria paz.

Mistérios (Riren/Ereri)Onde histórias criam vida. Descubra agora