Capítulo 44

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RAFAEL

Sim, sim, eu sei o que você está pensando.

"Rafael, por que você é tão idiota? Não seja tão idiota, cara a Gabriella só quer sair com você. Ela é sua meia-irmã, então você pode ser amigo dela, certo?"

Sim, eu sei, mas ouça. Você pergunta a um gato por que ele é um gato? Você fica perguntando ao gato por que ele persegue ratos ou pontos de laser vermelho? Você diz assim:

"Ei, gato, por que diabos você acabou de derrubar aquele pedaço de papel da mesa? Gato estúpido."

Isso é exatamente o que os gatos fazem. Eles não dão a mínima para o que você pensa, e pedir pra um gato parar de fazer as coisas que todo gato faz não é apenas estúpido, é inútil pra caralho! O gato vai continuar fazendo a mesma coisa sempre e é nesse ponto que eu quero chegar.

Eu sou um idiota, sou um babaca, um bastardo arrogante e convencido, então não sei por que você quer que eu mude de repente. Sou assim já faz muito tempo e a Gabi sabia o que eu era antes de tentar se envolver comigo e ela deveria saber que nada poderia mudar. Voltamos ao básico. É o que é. Eu não posso mudar o mundo. E não quero lidar com essa merda agora. Por isso saí. Eu preciso tirar minha mente de toda essa merda. Não posso ficar perto dela agora. 

Entro no carro, vou embora e a deixo lá em casa. Nosso Lar. Eu tenho que voltar alguma hora, não tenho? Bem, foda-se. Foda-se, foda-se! Talvez eu não precise voltar. Talvez eu consiga um quarto de hotel ou algo assim. Por quanto tempo devo ficar longe? O verão inteiro?

Ela não vai a lugar nenhum. Se eu não quiser vê-la novamente, terei que tomar uma atitude drástica. Talvez eu possa sair em viagem pra algum lugar. Tenho certeza de que poderia encontrar um destino interessante. Cancún, Jamaica ou seja lá o que for.

Onde fica aquele lugar de Hedonismo? Sabe, aquele em que as pessoas simplesmente fazem o que querem, andar nuas, orgias gigantes, quem se importa? Nunca fui, mas se tem um lugar que poderia me fazer parar de pensar na Gabi, com certeza era lá. Se bem que... por que tenho que parar de pensar nela?

Estamos de férias, certo? Então...poderíamos ir juntos em uma viagem! Claro, merda. Por que não pensei nisso antes? Eu e ela juntos! Aruba seria legal, já estive lá algumas vezes. Os turistas que passeiam dali são quase cem por cento pessoas idosas e isso torna o lugar perfeito. Poderíamos fazer o que quiser durante todo o verão. Andar por aí e dar as mãos, aninhar-se ao ar livre, beijar na praia enquanto o sol se põe e ninguém jamais saberia que ela é minha meia-irmã. Nada importaria. Ninguém pensaria em perguntar.

Mas como eu sou um babaca, estraguei esse plano antes mesmo dele começar. Isso não vai funcionar. Não depois da merda que acabei de fazer. Não dá pra chegar lá pedindo, depois de ter tratado ela como merda na frente dos nossos pais simplesmente porque ela se prontificou a me ajudar nos estudos.

Não dá pra pedir desculpas e logo em seguida perguntar se ela quer passar nossas férias de verão em alguma ilha exótica comigo. Seria meio suspeito, não acha? Pois é... eu não sei o que fazer. Não sei para onde estou indo. Não tenho ideia de por onde estou dirigindo.

Pego a rodovia e acelero a relaxantes oitenta e cinco milhas por hora. Acelero mais um pouco. Noventa. Quem se importa? Talvez a vida fosse melhor se eu batesse ou recebesse uma multa por excesso de velocidade, fosse parado, levado para a cadeia, algo assim.

Não, isso não está certo! Eu desacelero. Sessenta e cinco é uma boa velocidade. Sim, bem, é o limite de velocidade, então é melhor que seja uma boa velocidade. Eu não quero ter problemas. Não quero que a Gabi se preocupe comigo ou pense que a culpa é dela por que, obviamente, não é.

A culpa é minha. Eu é que estou encrencado. Sempre fui um problema. Ela realmente precisa ficar bem longe de mim. Não tenho dúvidas de que vai ser mais fácil falar do que fazer. Não sei se consigo ficar longe dela mas sei que preciso.

Vejo uma placa na rodovia sinalizando a primeira saída para a praia. Puta merda, há quanto tempo estou dirigindo? Pelo menos uma hora ou mais.

Poderia ter vindo aqui com ela. Por que não pensei nisso antes? Quem diabos sabe! Se eu não tivesse sido um idiota com ela no café da manhã, poderia ter perguntado se ela queria ir à praia. Claro, podemos ver alguém que conhecemos lá, mas ainda podemos sair. Eu poderia vê-la nadar na água em um biquíni sexy pra caralho.

Mas não, não é isso que eu quero. Quero me despir, ficar nu e dar um mergulho na piscina de novo, como fizemos ontem. Eu quero arrastá-la para a banheira de hidromassagem e vê-la afundar no meu pau, enterrando-o dentro de sua boceta. Ouro. Ela é ouro. Não, melhor! Diamantes? Platina? Tungstênio? Eu não sei.

Ela pode muito bem ser uma estrela cadente do meu pequeno universo. E eu sei o que sou. Um buraco negro que estraga tudo que chega perto de mim. Talvez isso não seja muito científico. Pergunte a Gabi sobre essa merda. Eu não sei. Ela nem está na escola de física ou ciências ou o que quer que seja, mas aposto que ela sabe algo sobre isso de qualquer maneira.

Pego a saída para a praia e sigo em direção ao calçadão. Sim, já fiz isso antes. Normalmente com amigos. Não seria minha primeira vez. Eu sei como a merda funciona por aqui. Para garantir um bom resultado, tiro a camisa no próximo sinal vermelho e jogo nas costas. Janelas fechadas, música alta, dirigindo devagar como todo mundo. Isso é bom. Este é um bom lugar para mim. Há muitas pessoas aqui. É legal, então faz sentido. Garotas em todos os lugares, apenas descendo a lateral da rua perto da praia. Biquínis, saídas de praia, pernas, bundas e seios até onde a vista alcança.

Eu deveria ter saído no conversível. Você sabe como é fácil pegar garotas em um conversível na praia? Mais fácil do que se abaixar e pegar um punhado de areia. Mas ainda estarei bem com esse carro, só preciso de uma distração e há muito aqui, então quero tornar isso mais fácil. Sim, é isso. É isso que vou fazer.

Dirija devagar. Dê umema olhada  algumas garotas. Encontre uma. Leve-a para um passeio ou mais do que isso, se é que você me entende. Vamos ver no que vai dar. A praia principal está bem lotada, mas há algumas praias particulares a alguns quilômetros de distância que estão mais vazias.

Uma garota e sua amiga se viraram na minha direção. Eu finjo ignorá-las por um segundo. Isso faz parte do charme. Quero que elas pensem que são especiais. Eu olho e as vejo sorrindo para mim. Eu sorrio, dou uma piscada. Elas riem. Uma delas acena e a outro ri ainda mais com isso, puxando a mão de sua amiga para impedi-la. Me aproximo.

—E aí meninas! - eu digo.

— Olá! - dizem juntas.

Isso vai ser fácil!

Sexo a três é exatamente o que eu preciso. Quem precisa de uma garota, que ainda por cima é minha meia-irmã, quando posso ter essas duas belas mulheres aqui e agora? 

Ok, não tenho certeza de que essa seja uma boa troca. Mas tanto faz. Eu vou superar isso!


My Stepbrother - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora