Capítulo 39

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GABRIELLA

Sempre soube que Rafa malhava. Desde de a época do colégio na verdade, mas nunca o vi em ação. Ele fica com uma expressão intensa no rosto enquanto trabalha os músculos. É uma concentração profunda, nunca vacilante, completamente focada. Eu vejo seus músculos se movendo em cada movimento, passo a passo. Eles ondulam e se tensionam, mas eu gosto mais do olhar em seu rosto. É quase zen, como se essa fosse sua maneira de meditar. MAs é engraçado pois, não consigo nem imaginar Rafael meditando. É interessante e diferente.

— Por que você desistiu? - ele me pergunta.

— Do quê?

— Líder de torcida. Por que você desistiu?

— Eu nunca fui uma líder de torcida. - digo, mas não acho que seja essa a resposta que ele quer.  

— Quando éramos calouros no colégio, eu vi você fazendo um teste. Você foi para o primeiro dia de prática, mas nunca mais voltou. Por que não?

— Não sei. - respondo.

Na verdade eu sei, mas eu tinha esquecido tudo sobre isso até agora. Eu tinha esquecido o motivo pelo qual eu queria ser uma líder de torcida em primeiro lugar. 

— Tem certeza? - ele pergunta. 

Ele poderia citar a regra número sete, mas ele não faz.

— Fiquei com vergonha. -  digo.

— O que? Por que?

— Eu...

Hesito por um segundo, mas então decido contar a ele.  Eu quero contar a ele.

— Bem, eu era a única garota com óculos. - digo. - Não sei se elas estavam falando a verdade. Agora que entendo melhor as coisas, acho que não. Mas a líder delas e a assistente me disseram que garotas de óculos são feias. Eu ainda poderia tentar entrar para o grupo, mas eu não podia usar meus óculos, nem mesmo durante os treinos.

— Isso é besteira. - ele afirma. Termina seu levantamento atual, supino e bate a barra de volta em seu suporte. - Elas realmente te disseram isso? No entanto, havia uma garota de óculos uma vez.

— Sim. - eu digo. - Mais tarde, mas não quando tentei. Achei que elas estavam falando a verdade. Acreditei em tudo que elas disseram. Que eu não poderia ser líder de torcida com óculos e que garotas de óculos eram feias.

— Foi por isso que fez a cirurgia? - ele pergunta.

— Seu pai não precisava fazer isso. - digo. - Eu nem pedi. Minha mãe perguntou a ele sobre isso mais tarde e ele acabou ajeitando tudo.

— Gostava de você com óculos. Também gosto de você sem ele. Você fica bonita de qualquer jeito.

Isso é... meu coração incha.  Ninguém nunca disse algo assim para mim antes.

Nenhum dos meninos com quem namorei me conhecia antes quando eu usava óculos. Sempre me perguntei se eles ainda iriam querer sair comigo se eu ainda os tivesse. Era um segredo estranho para guardar e sei que não deveria ter vergonha disso. Muitas pessoas usam óculos, certo?

— Você gosta de garotas de óculos? - Pergunto-lhe.  Ele me lança um olhar engraçado. - Quero dizer, você acha que garotas de óculos podem ser atraentes? Eu sempre me perguntei sobre isso.

— Você sempre se perguntou se eu acho que garotas de óculos podem ser atraentes? - ele pergunta, em dúvida.

— Você não! - Bem, não, isso não é totalmente verdade, agora é? - Só meninos em geral, quero dizer.

My Stepbrother - livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora