GABRIELLA
Estou me sentindo sufocada! Normalmente, quando todos comemos juntos, é assim mesmo, mas agora parece pior. Eu queria estar sentada do lado do Rafa. Estender minha mão e tocar a sua aleatoriamente. Eu quero beijá-lo.
Foi o que fizemos ontem à noite quando comíamos pizza. Não estávamos à mesa, mas sim na sala de estar assistindo TV e eu podia fazer o que quisesse. Se eu quisesse beijá-lo, poderia beijá-lo. Se eu quisesse tocá-lo, poderia tocá-lo. Não importa como ou onde. Não havia obstáculos entre nós.
Estamos na mesa da copa, eu, ele, minha mãe e seu pai. É uma mesa redonda, maior do que uma mesa de cozinha normal e estamos todos espaçados de forma mais uniforme. Estou sentada com minha mãe e seu pai um de cada lado meu e o Rafa está à minha frente.
Eu poderia tocá-lo com o pé, eu acho. Poderia esticar minha perna sob a mesa e tocar meu pé no dele e ninguém saberia, mas não parece certo. Eu não acho que ele vai gostar. Ele nem mesmo olha para mim.
— Como está indo a faculdade? - seu pai pergunta a ele. - Está mantendo suas notas no futebol, certo?
— Sim. - ele responde, praticamente grunhindo a palavra.
— Bom! - seu pai diz sem perceber o humor do filho.
— Isso é ótimo! - diz minha mãe, sorrindo. - Gabi, tenho certeza que você está indo bem também, certo?
— Como sempre. - meu padastro diz, sorrindo. - Talvez você pudesse ajudar o Rafael a estudar durante as férias de verão?
— Claro! - eu digo. Provavelmente parecendo ansiosa demais, mas não me importo. - Se... se ele quiser. Eu não me importo.
— Não! - ele responde. - É férias de verão por uma razão. Eu preciso descansar.
Tudo fica quieto depois disso. Ninguém mais sabe o que dizer. Eu como em silêncio e Rafael também. Ele ainda não olha para mim. Seu olhar está direto em seu prato, encarando sua comida. Panquecas, ovos mexidos e salsichas. As panquecas são boas, mas não são tão boas quanto as dele.
— Eu estava pensando em fazer smoothies de frutas mais tarde. - eu digo do nada.
Tento dizer isso com confiança e sem gaguejar, mas tropeço no meio do caminho quando Rafael levanta a cabeça, finalmente olhando para mim. Ele está zangado? Não tenho certeza.
— Se... se alguém quiser... - acrescento, incerta.
— Isso seria ótimo, Gabi! - diz meu padastro. - Tudo tem sido muito corrido ultimamente e isso seria um presente refrescante depois da semana que sua mãe e eu tivemos. Foi uma boa viagem, mas muitos negócios para tratar.
— Sim, você disse que ficaria fora por uma semana, mas agora você está de volta. - diz Rafael - O que aconteceu?
— O quê foi? Estraguei seus planos para uma festa em casa? - seu pai diz. - Eu pensei que já tínhamos conversado sobre isso quando você destruiu a casa no colégio. Só porque você está na faculdade agora não muda nada.
— Não, ele... - eu começo a dizer mas, Rafael me interrompe.
— Sim, e daí se eu estivesse?
— Achei que você estivesse mudando. - diz o pai. - Você tem sido muito menos rebelde ultimamente. Os últimos dois anos foram ótimos, Rafael. Tudo o que ouvi de você sobre o seu primeiro ano na faculdade parece bom também. Mas, aparentemente, você está determinado a me fazer odiá-lo. Eu não sei por que se esforça tanto pra ser um garoto mau.
— Acho que já chega disso. - diz minha mãe. - Todo mundo está nervoso. Deve ter sido difícil para os dois voltar para casa e ter que conviver um com o outro por alguns dias.
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My Stepbrother - livro 1 (CONCLUÍDO)
RomantizmGabriella Simões é o exemplo de boa garota. Boas notas, bom comportamento, dedicada aos estudos e a mãe, sua melhor amiga. Passou a adolescência desacreditando de si mesma e priorizava sempre agradar aos outros. Rafael Bittencourt é o típico bad bo...