GABRIELLA
Devo ter adormecido em algum momento. Estou acordada agora, mas não quero abrir meus olhos. Eu quero voltar a dormir, ter bons sonhos e esquecer tudo o que aconteceu.
É fácil agora, porque o Rafa está aqui comigo. Por um momento, achei que ter ele por perto depois da situação com Felipe seria mais difícil pra eu suportar, mas não é. Aliás, é muito melhor do que pensei!
Ele percebeu que há algo errado, mas não está me pressionando. Além disso, tenho meu braço em volta dele e minha cabeça aninhada contra seu peito. Não tenho certeza de quando isso aconteceu, mas eu gosto.
Eu deveria me endireitar na cama, eu sei, afinal ossos pais estão em casa, mas não vou, porque não quero. Estou dormindo, certo? Posso usar essa desculpa. Se alguém nos vir assim, posso apenas dizer que adormeci. Talvez o Rafa também esteja dormindo. Apenas aconteceu. Ninguém poderá nos culpar ou julgar por isso.
— Ela já acordou? - minha mãe pergunta.
Oh meu Deus, ela está no meu quarto? Ela pode me ver. Eu fecho meus olhos com ainda mais força e tento voltar a dormir. Se ela perceber que estou acordada, terei que me afastar dele. Não poderei ficar assim depois que acordar.
— Ainda não. - o Rafa diz. - Mas acho que ela está acordando.
Por quê? Por que você disse isso, Rafael? Não consigo entender. Acho que realmente preciso acordar agora. Bocejo e tento agir normalmente.
Quando eu abro meus olhos e me vejo deitada sobre ele, eu me levanto e me afasto como qualquer meia-irmã normal faria na minha situação. Certo?
— O que você está fazendo! - digo, sentando-me e olhando para ele.
Tento soar devidamente indignada, mas tenho quase certeza de que tudo o que acabei de dizer parece falso. Talvez eu devesse ter feito aulas de atuação algum dia. A vida parece mais fácil se você fingir que é outra pessoa.
— Calma aí garota, foi você que adormeceu e acabou me abraçando. - diz ele. - Eu só estava tentando ser legal.
— Você? - pergunto, revirando os olhos para ele. - Sendo legal? Desde quando isso é possível?
— Há uma primeira vez para tudo! - ele diz, sorrindo. - Mas não se acostume com isso. Você está doente e essa é a única razão pra eu ter agido assim.
Ah, certo. Eu deveria estar doente. Eu meio que estou doente. Ainda não sei como lidar com o que estou enfrentando, mas minha cabeça está muito mais clara agora que tirei uma soneca. Não me sinto tão estressada ou magoada como antes. Sei que deveria, e irei sentir em breve, mas agora não me sinto.
— O que você está fazendo aqui, mãe? - Eu pergunto, virando-me para ela.
— Eu trouxe sopa! - diz ela. - Pra você e pro Rafael. Achei que isso poderia ajudá-la a se sentir melhor. Além disso, por sugestão dele, fiz algumas com queijo.
— Ooohh, adoro essas torradas! - digo.
Há um prato inteiro cheio delas! São maravilhosas. Eu gosto de cortá-las ao meio e mergulhar na sopa. E o queijo derretido deixa tudo melhor ainda!
— Parece que você está se sentindo um pouco melhor então. - minha mãe diz. - Está com fome?
— Me sinto um pouco melhor sim. E estou com fome mesmo. - constato. - Por quanto tempo eu dormi?
— Por algumas horas, querida. Não é Rafa?
— Sim, algo assim! - diz ele, encolhendo os ombros.
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My Stepbrother - livro 1 (CONCLUÍDO)
RomansaGabriella Simões é o exemplo de boa garota. Boas notas, bom comportamento, dedicada aos estudos e a mãe, sua melhor amiga. Passou a adolescência desacreditando de si mesma e priorizava sempre agradar aos outros. Rafael Bittencourt é o típico bad bo...