Senti toda minha existência revirar-se dentro da fenda do tempo mágica que Baba criou, para que eu pudesse voltar ao meu tempo. Ela explicou que a amnésia era parte do efeito colateral do uso indevido de algum artefato mágico.
Não demorou muito após minha '' travessia'' para que luzes ofuscantes fossem apontadas em minha direção. Sob a dor excruciante de ter meus olhos – recentemente muito sensíveis – expostos àquelas luzes, eu, subitamente, lembrei de tudo.
Noah, o orfanato, Hagrid, Hogwarts, meus amigos, o clube sete. E até mesmo Gosmenta! Me senti mal imediatamente por ter esquecido deles, sobretudo de Noah.
- Pelo amor de Deus, isso não é necessário, abaixem as luzes! – exclamou um homem alto que, após estreitar os olhos, reconheci como sendo o detetive Jaeger.
Ele se aproximou de mim, que estava encharcada e desgrenhada, e pôs um manto aquecido sobre mim.
'' Poxa vida, já era tempo hein'', sussurrou Black, agasalhado dentro da minha blusa.
Oh, e como esquecer dos Axolotes? Baba explicou que são meus familiares, criaturas mágicas! Ainda levaria um bom tempo para que eu me acostumasse às cócegas que as passadas de ambos pelo meu corpo causavam.
- Eleanor, como está se sentindo? – abri a boca para responder, mas estava surpresa ante a menção do meu próprio nome. – Venha, vamos levá-la até Hogwarts.
O nome familiar aqueceu meu coração. Durante o percurso, numa viatura mágica, o detetive me fez algumas perguntas – feliz por finalmente estar '' em casa'' novamente, colaborei tanto quanto pude.
- Como conseguiu voltar? – ele perguntou, erguendo discretamente um pequeno bloco de notas e depositando-o em sua perna. – Supomos que você tenha utilizado indevidamente algum artefato mágico de tempo, graças aos rastros no cofre.
Eu sorri, lembrando das palavras de Baba.
- Eu... suponho que sim, não consigo lembrar muito bem daquele dia. – respondi, sinceramente.
- Imagino que não, você fez um estrago e tanto em Gringotts. – riu-se o detetive. – Vivi para ver aqueles duendes tendo sua tão preciosa segurança bancária posta à prova. – ele se aproximou de mim. – Não conte que eu disse isso a ninguém, ok?
Assenti, rindo. O detetive possuía um ar simultâneo de paternidade e autoridade que me faziam gostar dele.
- O que exatamente aconteceu no dia em que sumi? – questionei.
Jaeger tirou o chapéu e o depositou ao seu lado, no banco acolchoado do veículo. Olhando para a quietude da noite, refletiu.
- Pra falar a verdade, também não sabemos. – ele retorquiu. – Imagine nossa surpresa ao ver uma garota de onze anos invadindo Gringotts com uma águia gigante e sumindo logo em seguida.
Eu concordei com a cabeça, recordando-me vagamente dos acontecimentos.
- O que aconteceu com a águia? – perguntei.
- Ela foi posteriormente identificada como sendo a familiar de Liam Blackwood. Ele não sabe o que motivou a águia a agir daquela maneira. – respondeu.
Liam Blackwood. O nome atingiu-me como um golpe. Ainda que minhas memórias estivesse de volta agora, havia um quê no nome Blackwood que me fazia sentir com amnésia de novo – era como se eu estivesse deixando escapar algo.
- Mas nós sabemos! – gritou Pink. – Fomos nós!
O detetive, momentaneamente surpreso, esfregou os olhos para ter certeza de que não havia exagerado nas noites sem dormir.
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Uma Trouxa em Hogwarts
FanfictionA pequena e curiosa Eleanor acaba indo parar, acidentalmente, no Expresso Hogwarts, o tão famoso trem no mundo bruxo que conduz os novos alunos a sua nova Escola de Magia e Bruxaria. O que será que acontece com ela quando percebem que a carta de con...