Ratos Radioativos

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(Na multimídia, uma mandrágora bebê).

Enquanto todos me encaravam, boquiabertos, eu observava a mandrágora em frente a mim gritar.

- Ora, cale essa boca! – exclamei, e a planta parou.

Mesmo a mandrágora parecia me encarar com estranheza agora.

- Você até que grita alto mesmo hein. – reclamei, limpando o ouvido com um dedo.

Madame Sprout se aproximou tão subitamente que quase caí para trás, assustada.

- Isso... é fantástico! Como... você? Quando... – ela não parecia saber muito bem o que falar.

A mandíbula de Ethan e os demais poderia descolar do rosto a qualquer momento, de tão surpresos. Então eu entendi que o estrago que fiz certamente foi muito maior do que o aparente.

- Professora, eu sinto muito... sobre as plantas, eu não queria cair, eu só estava tentando... – ela me interrompeu.

- Isso não importa! – exclamou, afobada.

- Não? – questionei, arqueando uma das sobrancelhas.

- Você realmente está viva... – ela constatou, deixando-me constrangida.

- Sinceramente, não sei por quanto tempo. É cada coisa que me sucede. – comentei, devolvendo a mandrágora calada ao seu devido lugar.

- Blackwood, poderia conduzir a turma até a outra estufa de Herbologia? – perguntou, sem tirar os olhos de mim.

Novamente, senti-me como um animal exótico, exposto num vidro para contemplação.

- Claro, senhora. – disse Blackwood, lançando-me um pequeno sorriso.

Dei um sorriso amarelo, em retribuição, ainda sem entender direito o que estava acontecendo.

- Você... não sente nada? Dor de ouvido, talvez? – ela perguntou, aproximando o globo ocular do meu ouvido.

- Não. – respondi, sem graça.

Queria muito que ela simplesmente esquecesse o episódio e voltasse às aulas. Eu odeio ser o centro das atenções.

- Professora, há algo errado? – questionei, sem ter certeza se queria ouvir a resposta.

- Muito pelo contrário, Srta. Foster! – ela elucidou. – Oh, Dumbledore havia me dito... mas eu não sabia que... sim, certamente... – balbuciou, consigo mesma.

A única coisa que consegui fazer, dada a situação, foi ficar parada com cara de bezerro desmamado.

- Vou fazer algumas anotações, se você permite... – avisou, após escrever duas páginas.

- Claro. – falei, enquanto observava os rostos curiosos na outra estufa voltados para cá.

- Levante os braços, por favor. – pediu, e obedeci.

O sorriso cínico de Mérida Snide do outro lado da estufa me irritou profundamente. Na verdade, acredito que o fato mais irritante esteja no meu completo desconhecimento sobre o motivo de espanto da Madame Sprout.

Eu não queria saber o porquê, pra falar a verdade. Talvez ela só estivesse surpresa com o fato de eu ter saído sem muitas lesões da queda sobre a prateleira de vidro.

- Muito bem... o que está sentindo agora? – perguntou, fazendo algumas anotações ligeiras num bloquinho.

- Eu... é, bem... – Hagrid entrou, subitamente, na estufa, fazendo meu coração saltitar de alegria.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora