Sereianos

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(Na multimídia, uma sereiana.)

Senti a água gélida inundar meus pulmões quase imediatamente.

A queda foi tão atordoante que eu simplesmente não conseguia saber para qual lado nadar – que lado era a superfície, afinal? Eu não saberia dizer. Então, tentei esperar meu corpo estabilizar para verificar de qual lado a luz estava vindo. Após alguns segundos rodopiando nas águas do Lago Negro, meu corpo finalmente parou.

Vi alguns pontos de luz numa direção e, aliviada, comecei a nadar em direção a eles. Quando percebi realmente em direção a que eu estava nadando, senti o leve e costumeiro pânico apossar-se de mim.

Alguns peixes estranhamente humanoides aproximavam-se de mim, encarando-me. Senti que o meu fôlego acabaria a qualquer momento, mas o que mais me deixava assustada era o aspecto assustador deles, com seus cabelos que pareciam algas flutuando livres na água. Aparentemente eles emitiam uma espécie de luz – para atrair presas estúpidas como eu, talvez?

Antes que eu me afogasse, uma lula gigante envolveu um tentáculo em mim e, subitamente, eu pude respirar normalmente. Era estranho porque, eu tinha certeza que meus pulmões estavam cheios d'água.

- Não podemos permitir. É um deles. – disse uma das criaturas.

O fato de eu entender o que eles falavam foi chocante pra mim. Eles não pareciam falar exatamente, eram alguns ruídos ou ondas estranhas que emitiam e a mensagem era levada até os outros. Difícil explicar. Sentir as vibrações nos ouvidos me dava um pouco de cócegas, pra ser sincera. Então eu sorri levemente, o que fez todos olharem pra mim.

- O que ela está fazendo? Sabe a situação em que se encontra? – irritou-se outro.

- Ela não sabe de nada, eu posso sentir. – afirmou uma das criaturas, aproximando-se subitamente de mim e me encarando com seus olhos reptilianos amarelados.

A essa altura eu me limitei a olhar de um rosto para o outro. Olhei para a Lula gigante que me segurava gentilmente e parecia estar esperando por algo, como o término da '' reunião''.

Tentei abrir a boca pra falar algo, mas só consegui emitir um ruído estranho de bolhas.

- Entende o que falamos? – perguntou a criatura próxima a mim e eu assenti positivamente.

- Viu? É magia das trevas, com certeza! Livremo-nos dela! – sugeriu um com aspecto enrugado.

- Não podemos fazer nada precipitado.

- Acho que o Lago Negro seria um bom disfarce pra um acidente.

Ao proferir a palavra '' acidente'' a criatura lançou-me um olhar malicioso que me fez estremecer.

- Achei que todos da raça dela já haviam desaparecido. – diz um, lançando-me um olhar especulativo.

- Aparentemente não.

- É uma desgraça! Trará má sorte!

- Já chega. – falou uma das criaturas. – Não percebem que seremos iguais ou piores a eles se fizermos isso?

Eles refletiram.

- Vamos deixar a garota ir.

Uma nova agitação tomou conta do grupo de criaturas-sereia, como eu as apelidei, e parecia tomar um rumo um pouco sanguinário – com alguns dos membros sugerindo minha aniquilação.

- Não acho que essa decisão esteja somente em suas mãos. – vociferou a criatura-sereia enrugada.

- Eu acho... – falou outro, interpondo-se entre os dois. – que todos precisamos nos acalmar.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora