Gringotts

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Não consegui esconder minha animação pela manhã ao ver Hagrid no corredor da enfermaria, nos aguardando para levar-nos seja lá onde for. Corri com entusiasmo pra ele, que me olhou sorridente.

- Hagrid! – exclamei, sorrindo de orelha à orelha.

- Parece que alguém teve uma ótima noite de sono! – deduziu e eu acenei prontamente com a cabeça.

- Apesar das rãs venenosas na testa, foi bom. – falou Noah, aproximando-se, sonolenta.

Hagrid e eu sorrimos levemente. Nada como o entusiasmo matinal de Noah.

- Não conseguiu dormir? – perguntei, notando o olhar de preocupação de Hagrid, o que me deixou feliz. Saber que mais alguém estava preocupado com ela era bom, pra variar.

- Não exatamente. Você ronca muito. – disse Noah e eu gargalhei.

- Hm... isso pode ser resolvido. – falou Hagrid.

- O ronco de Eleanor? Acho que nem no mundo bruxo encontram solução.

Hagrid gargalhou levemente e eu também. Sorrir era tão mais fácil agora.

- Não, não... – explicou-se Hagrid. – a insônia. Você pode ir buscar uma poção do sono com o professor Snape quando retornarmos, Eleanor.

Engoli em seco. Noah olhava pra mim com curiosidade.

- O professor com cara de rabugento? – perguntei.

- Shhh! – Hagrid esbugalhou os olhos de espanto quando eu disse aquilo, mas vi um pequeno sorriso formar-se em seus lábios. – É professor Severo Snape.

- Por que ele me daria? Acho mais fácil você ir, Hagrid. – sugeri e ele desviou os olhos, nervoso.

- Eu... bem, é que... – balbuciou.

- Ele tem medo do professor Snape. – concluiu Noah, olhando-o de forma analítica.

- Ora, mas é claro que não. É só que... – Hagrid estava vermelho como um tomate. – bom, de qualquer forma, eu vou pedir ao Alvo que fale com ele antecipadamente.

- E por que você mesmo não fala, se não tem medo dele? – perguntou Noah, arqueando uma das sobrancelhas.

- É, Hagrid, por quê? – questionei também, pressionando Hagrid.

- Está tarde, vamos andando! – Noah e eu sorrimos levemente uma pra outra. Sua suspeita comprovada.

- Não vamos tomar café no Salão Principal? – perguntei, curiosa.

- Não, não, tenho uma surpresa especial pra vocês. Vamos indo! – respondeu Hagrid, aparentemente ansioso pelo que estava por vir.

Voar na motocicleta de Hagrid era uma das melhores sensações que eu tinha vivenciado – não que uma garota órfã de onze anos que viveu sua vida inteira num orfanato, quase completamente isolada do mundo, pudesse ter vivenciado muito. Tudo era novidade.

A máquina mortífera – como Noah e eu apelidamos carinhosamente, embora Hagrid não tenha gostado muito do nome – voava a uma velocidade bem alta, mas, apesar disso, era possível desfrutar da paisagem no caminho. As ruas, casas e prédios, pareciam parte de uma pintura arquitetônica moderna, formando um emaranhado de conexões estranhas que só um verdadeiro londrino entenderia.

Fechei meus olhos por um momento, erguendo minha mão esquerda lateralmente contra o vento. Por um momento eu estava voando, e era uma das melhores sensações do mundo! O vento gélido cortava levemente minhas bochechas rosadas, mas eu não estava com frio. A sensação de queda iminente formou borboletas no meu estômago e agarrei na bainha do enorme casaco marrom de Hagrid. Uma coisa com a qual eu dificilmente me acostumaria: o pouso.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora