A Murta-que-geme

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(Na multimídia, Myrtle Elizabeth Warren, a murta que geme).

Tento forçar novamente meus músculos a moverem-se, mas é inútil. Estou completamente paralisada de medo, e sequer consigo elaborar uma frase coerente.

- Eleanor, tá tudo bem? – pergunta Liam, do lado de fora.

A voz de Liam me tira do transe e finalmente consigo recuperar os sentidos. Corro para a porta desesperadamente e bato com tanta força quanto minhas mãos permitem naquele momento.

- Abre!!! – berro, tentando, inutilmente, abri-la. – Liam, abreeeeee!

A porta abre num solavanco e caio por cima de Blackwood, rolando para o lado e levantando tão rapidamente que minha vista escurece. Agarro o traje de Liam e saio correndo por onde recordo que seja o caminho de volta.

- O que aconteceu? – pergunta Liam e finalmente o solto.

Paro para recuperar o fôlego, sentindo uma dor aguda alfinetar minhas costelas vez ou outra.

- Eu... o gemido... o box! – foi o que consegui falar, após alguns segundos.

- A murta-que-geme? O banheiro feminino do segundo andar é assombrado por uma ex-aluna de Hogwarts, achei que você soubesse.

- O quê? Quem?

- A murta, a garota morta. Murta Isabel Warren.

Recosto-me na parede para recobrar o fôlego. Ponho a mão no coração instintivamente, um gesto naturalmente apaziguador. Havia sido o meu primeiro encontro com um fantasma ou o que quer que aquilo lá fosse – apavorante, por sinal.

- Hum, não sei, não cheguei a vê-la. Havia alguém chorando lá e, de repente, tudo ficou mais frio e escuro, foi péssimo. – expliquei, tentando não lembrar muito da sensação que o episódio me trouxe.

- Não se preocupe, fantasmas não podem fazer-nos mal. – acalmou-me Liam.

Acenei positivamente com a cabeça, em entendimento.

- De qualquer forma, como eu poderia saber sobre a murta? Às vezes, quando penso que sei algo sobre Hogwarts, algum acontecimento aleatório me faz refletir sobre a veracidade disso, e percebo que não sei absolutamente nada.

Liam sorriu levemente.

- Não é como se eu soubesse tudo também. – ele retorquiu, visivelmente tentando fazer com que eu não me sentisse a pior bruxa do mundo.

- Por que ela foi morta?

- Ah?

- A murta.

- Ah, o basilisco do fundador da Sonserina a matou.

- Basilisco?

- Sim. É uma... – Liam semicerrou os olhos, esforçando-se ao máximo para tornar sua explicação compreensível. – criatura. Parece com uma cobra, mas é extremamente pior e criticamente maior. Foi criado com o intuito de matar os trouxas de Hogwarts e '' clarificar'' a escola.

- Que horror, como esse homem pôde ser o fundador de uma casa?

- Bem, felizmente os que concordam com ele são minoria.

- E onde está o Basilico... Baslico, Beslico... enfim, onde está?

- Há rumores que ainda esteja em Hogwarts, em alguma espécie de câmara secreta.

Engoli em seco. A perspectiva de ter uma cobra gigante em algum lugar de Hogwarts, louca para ser solta e matar pessoas como eu, por exemplo, não era muito agradável.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora