A Grande Deusa

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Despertei com o movimento das ondas ao meu redor.

Sentei e rapidamente conferi a cabeça, parecia estar tudo em ordem – apesar da tontura.

Observei ao redor e, a uma boa distância de mim, consegui avistar o navio do capitão Zion. Perto dali, estava um pequeno corpo, que logo reconheci como sendo do Luke. Corri em sua direção e o sacudi.

- Hm? Só mais um pouco... – ele sussurrou, virando-se para dormir mais.

- Luke! – gritei, fazendo-o despertar, sobressaltado.

- Hã? O quê? Quem foi? Eu pego! – ele disse, desnorteado.

- Está tudo bem.

- Ah, é você, Diluc. – ele suspirou, aliviado.

Ainda era estranho me passar por um garoto, mas eu não tinha nada a perder – afinal, eu sequer conseguia lembrar meu próprio nome mesmo.

- O que aconteceu? – perguntou, enquanto inclinava a cabeça lateralmente, para que a água deixasse seu ouvido.

- A tempestade... – murmurei, lembrando-me da lenda.

- Ah.

Luke me olhou de soslaio. Felizmente ele não citou que eu provavelmente era a culpada do azar sobre a tripulação – não pelo fato de ser mulher, mas pelo fato de ser eu.

Talvez Frederico estivesse certo sobre mim.

- Vamos andando. – ele disse, e assenti.

Chegamos no navio, parcialmente destruído pela tempestade, onde o capitão Zion já gritava ordens aos tripulantes.

- Precisamos de mais ferro! – berrou, enquanto espremia o chapéu, cheio d'água. – Eu disse ferro, caolho, ferro! – ele meneou a cabeça impaciente.

Luke e eu nos entreolhamos, perguntando-nos se essa era a melhor hora de se aproximar do capitão, mas, assim que ele nos avistou, não tivemos muita escolha.

- Ah, aí estão vocês! Onde estavam?

- Nós... – Luke começou a explicar, mas foi interrompido.

- Bom, isso não importa. – disse Zion. – Por hora, precisamos de comida! Vão e busquem tudo que for comestível.

Abri a boca para retrucar, mas o capitão não me deixou falar.

- E cuidado com os canibais. Essa ilha está repleta deles! – advertiu.

Engoli em seco.

- Ele disse canibais? – questionei, enquanto Luke e eu adentrávamos na mata.

- Sim... essa é a ilha dos canibais. Não é sinistro? – perguntou Luke, parecendo mais animado que aterrorizado.

- É. Acho que... – afastei uma teia de aranha com um pedaço de pau. – é melhor sairmos logo daqui.

Luke deu de ombros, enquanto abria caminho à frente com um facão.

- Não é como se tivéssemos muita escolha... o navio vai demorar um pouco até ser reparado. Mas não precisa ficar com medo, pegamos as coisas rápido, e saímos rápido, eles nem vão perceber que estivemos aqui.

Mal Luke acabou de falar, um pedaço de cipó partiu-se no ar, erguendo-o, como um coelho indefeso preso na armadilha. Fiquei paralisada, apenas observando a cena pelo que pareceu uma eternidade.

- Ajude aqui! – exigiu Luke, contorcendo-se dentro da espécie de casulo.

- Shhh! Fale baixo. Se isso for uma armadilha dos canibais, você não vai querer ser morto logo, não é? – retruquei, tentando tirá-lo de lá com as mãos. – Use seu facão!

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora