Uma Trouxa em Hogwarts

Transfiguração

(Na multimídia, a ilustre Minerva McGonagall).

Enquanto coxas de frango e tortas de abóbora voavam acima das mesas, atingindo esporadicamente um professor, eu permanecia abraçada à Noah, embaixo de uma mesa.

Ela continuava segurando Gosmenta tão forte que eu podia observar seus olhos reptilianos um pouco esbugalhados.

- Noah, tá tudo bem, eu tô aqui com você. A Gosmenta também tá aqui, então você pode afrouxar um pouco sua mão. – Gosmenta pareceu agradecer minha intercessão.

Noah ainda estava se balançando um pouco, pra frente e pra trás, enquanto repetia '' A Gosmenta é minha, então você tem que devolver. Ela não é sua, porque você não é a dona dela, ela é minha.''.

- Sim, a Gosmenta é sua, ninguém vai tirar ela de você. Ninguém pode tirar. – confirmei.

- A Gosmenta é minha, ninguém pode tirar porque é minha. – disse.

- Isso mesmo, é sua.

Tapei os ouvidos dela com minhas mãos, isso a fazia se sentir melhor. O ruído desastroso que inundava o Salão Principal foi detido pelo grito do professor Dumbledore.

- Ordem!

Todos se detiveram.

- Quem não estiver sentado em dez segundos, irá ajudar o Sr. Filch pelo resto do mês com a limpeza de Hogwarts.

Uma maratona de retorno aos lugares deu-se início. Quando todos os alunos estavam em seus respectivos lugares, Dumbledore parecia se preparar para realizar um discurso sobre disciplina, mas o alarme sonoro soou, indicando o fim do intervalo de almoço.

Senti meu estômago revirar levemente. Eu não havia comido nada ainda, mas isso não importava, eu estava exatamente onde precisava estar – com Noah, apoiando-a.

Os alunos, ansiosos por se livrar da bronca, esvaziaram o Salão Principal mais rápido que de costume.

- Vocês vêm? – perguntou Ethan, cauteloso, olhando por debaixo da mesa.

Assenti com a cabeça.

- Podem ir na frente.

- Não vamos deixar vocês.

Revirei os olhos.

- Ethan, confie em mim, vá.

Ele pareceu refletir por um momento se deveria ou não me ouvir, e então acabou partindo, junto aos demais. Noah parecia mais calma, agora que o barulho todo se foi.

- Não pode tirar de mim porque é minha... – repetiu.

Tirei as mãos dos ouvidos dela, abraçando-a fortemente.

- Parece que você também não gosta de barulho, e eu pensava que era só uma coisa de velhos. – disse o professor Dumbledore, sentando-se um pouco ao lado da mesa onde estávamos '' refugiadas''.

Noah pareceu escutar atentamente, ainda balbuciando um '' ela é minha'' de vez em quando.

- A professora Hipátia Birgitta, de Defesa Contra as Artes das Trevas, está testando um novo protetor auricular, proteção contra ataques sonoros, segundo me informou. Talvez a Srta. Calisto esteja feliz em realizar o teste. – ele passou o que pareciam ser dois protetores de orelhas pretos por debaixo da mesa, eu agarrei.

Pus cuidadosamente em Noah, que passou a se balançar quase imperceptivelmente agora. Ela parou, saiu debaixo da mesa, agarrou o pacote de biscoito e o sacudiu ao lado das orelhas, agora protegidas.