Telefone Sem Fio

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Duas semanas após a morte de seus pais, Uriel estava quase completamente recuperada. Quase porque não creio que algum dia alguém que perdeu os dois pais de uma só vez possa se recuperar completamente.

A notícia da morte dos LeBlanc balançou o mundo bruxo, principalmente porque, segundo o Ministério da Magia informou, eles foram assassinados. Desde então, ferrenhas investigações foram iniciadas para descobrir o possível responsável, mas foi tudo em vão, nenhuma pista, por menor que seja, foi deixada para trás.

O ministro da magia disse que o ocorrido foi '' lamentável'' e que prosseguirão com as buscas, embora todos saibamos que, se não encontraram nada agora, muito dificilmente encontrarão no futuro.

Desde que me lembro, estou no orfanato, então nunca sofri pela morte de nenhum ente querido. Logo, só posso imaginar a grande dor que Uriel deve ter sentido ao perder os dois pais de uma só vez.

- Geleia? – perguntou Will, tentando enfiar uma torrada na boca dela.

- Eu estou bem. Não precisa me tratar como se eu fosse um bebê. – disse Uriel, olhando o prato de sopa à sua frente.

Não a culpo por estar irritada conosco. Passamos as duas últimas semanas tentando animá-la a qualquer custo, inclusive com banalidades. A Noah até ofereceu um saco de polvilho inteiro só pra ela, e acompanhado de suco de laranja.

Eu quase tive um infarto quando vi a cena.

- Nós só queremos te animar, Uri. – explicou Izzie, dando um sorriso torto.

Uriel olhou para Will, que encarava a própria comida.

- Eu sei, desculpe, Will.

- Tudo bem. – ele garantiu, voltando a fazer as palhaçadas de costume.

Dei uma olhada para a mesa da Sonserina e vi Liam cercado por dois veteranos, um de cada lado, que tagarelavam animadamente sobre algo. A julgar por sua expressão, ele não parecia muito animado.

Seus olhos encontraram os meus e ele os revirou rapidamente, fazendo-me rir.

- Visão! – exclamou Diego, subitamente sentando-se ao meu lado, empurrando August.

Suspirei.

- O que você quer, Diego? – perguntei.

Ele pôs um braço ao redor do meu ombro e fez um gesto ilustrador com a mão, no ar, como se eu pudesse adivinhar exatamente o que ele estava pensando.

- Imagine você rebatendo todos os balaços com aquela fúria nos olhos! Ah, e seus cabelos já combinam com a cor do poder! – falou.

- Cor do poder? – questionou Ethan, uma das sobrancelhas arqueadas.

- Então, o que me diz? – indagou-me o tesoureiro, ignorando o Ethan.

Eu mexi um pouco na comida, tentando fazer meu cérebro pensar no que diabos ele queria dizer, mas foi inútil. O fato de eu ser empática era bom, afinal, significava que eu não era uma psicopata. Mas às vezes, como agora, eu chegava a ser tão empática que esquecia de mim mesma.

Era estranho porque, esse nível de empatia eu só costumava sentir pela Noah. Agora, porém, eu só conseguia pensar no quanto a Uriel devia estar sofrendo e em como eu me sentiria péssima no lugar dela.

Mesmo sabendo que eu não podia mudar o que aconteceu, eu não conseguia me livrar daqueles pensamentos.

- Do que está falando? – perguntei, sem muito interesse, com os olhos ainda fixos no mingau.

- Quadribol, claro! – ele exclamou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Olhei para ele.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora