Lamentavelmente

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(Na multimídia, Liam Blackwood).

- Não deveria deixar resquícios, se não quer ser pega. – falou Liam, erguendo um biscoito de polvilho pra mim.

Quase tropecei no corredor.

- Onde você...? – meu rosto petrificado pareceu diverti-lo. Ele abriu um sorriso.

- Perto de onde o Snape guarda as poções. Sorte que ele não viu antes de mim. – ele esclareceu.

Parei por um momento, boquiaberta. Eu observava o biscoito de polvilho como um gênio do crime observaria uma falha em seu plano perfeito.

Lembrei da noite anterior e tudo que sucedeu até então. A Noah havia ficado adormecida abaixo da escadaria – então como o polvilho foi parar na sala de poções?

- Está procurando falhas no seu plano? – ele perguntou.

Pisquei algumas vezes antes de compreender que ele estava falando comigo. Meus pensamentos estavam na noite anterior e em entender como o polvilho incriminador acabou parando na cena do crime.

- Ah, é. – falei, sem prestar muita atenção nele.

Observei, enquanto refletia nas possíveis causas do ocorrido, Noah saltitar pelo corredor com seus abafadores rumo à aula de Herbologia. Ethan e Will ainda discutiam sobre qual dos dois era melhor no Quadribol – e Uriel e Izzie estavam ao meu lado, conversando distraidamente sobre autores de livros bruxos.

- Espera, quanto você sabe? – perguntei, parando-o no corredor.

Eu cochichei tão suspeitosamente quanto seria feito por um agente amador.

- Bem, na verdade não foi muito difícil, quando vi vocês tentando fugir do Filch ontem. – ele relembrou a cena em sua mente, sorrindo.

Enruguei a testa levemente, constrangida.

- Obrigada por salvar minha pele. De novo. – agradeci.

- Precisando. – Liam brincou, afastando-se.

Corri para alcançá-lo.

- Espera, mas como você sabe sobre a poção? – perguntei, para em seguida perceber o quão estúpida eu sou.

O sorriso torto de Liam mostra o quanto ele deve achar que eu sou burra. Não teria como ele saber sobre a poção, a menos agora, quando eu o disse abertamente sobre.

- Não sabia. – ele disse, contendo o riso. – Mas imaginei que vocês tivessem visitado a sala do Snape, pois ele foi bem incisivo nas palavras quando se referiu a você e, bem, ao '' roubo''. Onde você está, Calisto também está e, junto ela, o polvilho. O resto não foi difícil de deduzir.

Assenti lentamente com a cabeça, refletindo as falhas do meu plano. Não que eu quisesse aprimorá-lo – afinal, não pretendia fazer isso nunca mais.

- Espero que tenha valido a pena. – ele retrucou.

- O quê? – perguntei, ainda lenta.

Ele me lançou um olhar explicativo e percebi que se referia à poção.

- Ah, sim. Com certeza. – falei, olhando para uma Noah descansada e saltitante.

Enquanto caminhávamos em direção às estufas de Herbologia, Mérida Snide e sua dupla de víboras de estimação me encaravam, quase salivando veneno. Felizmente eu estava mais concentrada em tentar entender o motivo do polvilho ter parado na sala de poções.

Não havia como. A Noah não dá polvilho nem pra mim – e o que deu ao Ethan, ele comeu imediatamente, para que ela não mudasse de ideia. Bom, acho que nenhum outro aluno ou o próprio Snape consumiriam polvilho dentro da sala de poções, então esse caso era um pouco insolúvel pra mim.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora