(Na multimídia, nossa querida Noah Calisto).
(Obs: ela insistiu em tirar fotos de óculos, porque se sente mais inteligente assim).
- Noah, eu sinto muito. – falei, após alguns segundos encarando o teto do dormitório.
O teto dos dormitórios na Corvinal eram encantados para parecerem o céu noturno – eu poderia ficar ali por horas, contemplando as belezas de origem divina.
- Eu sei, você precisou dela. – respondeu Noah, na parte inferior do beliche.
Eu não fazia ideia de qual era sua expressão naquele momento, mas senti uma leve onda de conforto invadir-me por nós, finalmente, estarmos tendo essa conversa.
- Como você.... – comecei, mas ela me interrompeu.
- Eu sabia que você estava em perigo. De alguma forma.
Permaneci em silêncio, deixando-a prosseguir quando estivesse à vontade para isso.
- Sei que você pensa que tive uma crise por causa da Gosmenta. – assenti positivamente com a cabeça, mesmo sabendo que ela não conseguia me ver onde eu estava. – Mas não foi por causa da Gosmenta. Eu estava preocupada com você.
Senti uma leve queimação apoderar-se dos meus olhos. Diante de algumas declarações de afeto de Noah, era quase impossível não chorar, mas eu precisava me controlar.
Uma vez que eu não sabia o que falar, fiquei em silêncio novamente, dessa vez tendo a certeza de que, se eu abrisse a boca, muito provavelmente eu acabaria chorando. Eu estava tão concentrada na relação de Noah e Gosmenta que não parei pra pensar de quem ela realmente estava sentindo falta.
A fala de Noah despertou em mim uma lembrança.
Certo dia quando estávamos no orfanato, preparando o jantar, eu fui orientada a cortar cebolas, enquanto Noah, a pôr os pratos na mesa. Ao chegar à cozinha e me encontrar chorando, a Noah simplesmente me abraçou forte por trás e começou a chorar também. Ela não sabia, pois raramente ficava responsável pela cozinha, que cebolas liberam uma substância irritante para os olhos.
Nunca esqueci esse dia.
- Você está chorando? – ela pergunta, sua voz apreensiva.
Limpo uma pequena gota que escorreu em meu rosto antes de responder.
- Não, claro que não. – assegurei, limpando a garganta.
Agora eu sentia uma leve culpa se apoderar de mim. Eu a havia deixado sozinha.
- Não se culpe, Eleanor. – disse Noah, sobressaltando-me. – Fui eu quem te deixou sozinha para comer polvilho. Eu deveria ter ido com você.
A capacidade de Noah em acertar meus pensamentos era, por vezes, assustadora, de tão certeira.
- E você teria deixado o polvilho por mim? – perguntei, divertida.
- Hum... – ela refletiu.
Seu tempo de reflexão me fez rir.
- Não precisa responder, eu sei que você adora polvilho. – eu disse.
- Eu também adoro você. Estava refletindo pois estava pensando num jeito de ter feito as duas coisas ao mesmo tempo, comido polvilho e ido com você.
Eu sorri novamente. Somente Noah possuía um humor tão único e característico a ponto de me fazer rir após um longo dia de aulas – uma delas, ensurdecedora.
- Noah, eu descobri algo incrível sobre a Gosmenta! – exclamei, descendo do beliche e sentando em sua cama.
Procurei Gosmenta com os olhos. Ela repousava, inerte, seu peito subindo e descendo lentamente, ao lado do travesseiro de Noah.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Trouxa em Hogwarts
ФанфикA pequena e curiosa Eleanor acaba indo parar, acidentalmente, no Expresso Hogwarts, o tão famoso trem no mundo bruxo que conduz os novos alunos a sua nova Escola de Magia e Bruxaria. O que será que acontece com ela quando percebem que a carta de con...