Encontro Interessante

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(Na multimídia, o ''amigável'' Basilisco). 

Levantei, atordoada.

Senti minha cabeça doer miseravelmente quando sentei. Pus a mão nela e constatei a presença de um pouco de sangue. Minha boca estava seca e minha garganta doía.

Tentei olhar ao redor mas estava tudo escuro. Procurei a varinha no bolso e acionei um feitiço.

- Lumus!

Tudo se iluminou. A última coisa de que eu me lembrava foi de ter caído pelo que pareceu uma eternidade – e então tudo se apagou, num baque surdo que levei. Comecei a me perguntar se minha sorte realmente havia mudado com minha chegada em Hogwarts – talvez eu fosse algum tipo de pessoa amaldiçoada e em minha vida fossem destinadas a acontecer desgraças.

Na verdade, eu já estava acostumada às desgraças da vida – mas no orfanato, ao menos, eram justificadas pela maldade de Albrook. Mas e aqui, em Hogwarts? Por que tantas coisas estranhas continuavam acontecendo comigo, e só comigo?

Suspirei fundo.

Observei onde eu estava. Parecia uma espécie de túnel estranho de areia. Perguntei-me quem poderia ter construído aquilo – já que, provavelmente, eu ainda estava abaixo de Hogwarts. Tinha que estar. Esse pensamento era a única coisa que me acalmava.

Olhei pra cima e havia um alçapão. Tentei pular e alcançá-lo, mas era inútil. Como não consegui lembrar de nenhum feitiço de voo, decidi seguir pelo túnel e ver onde dava.

Após alguns minutos de caminhada em meio ao silêncio sepulcral do túnel, cheguei a uma espécie de porta redonda grande. Havia algumas cobras encrustadas nela, que convergiam na esquerda e espalhavam-se à direita.

A mesma sensação ruim que tive antes na sala, voltou a tomar conta de mim agora. Um aviso de perigo cruzava a minha mente, gritante. Eu sabia, em meu íntimo, que deveria sair dali o mais rápido possível – mas como eu faria isso, senão por essa porta?

Toquei o círculo reptiliano e ele se abriu. Estranhei a facilidade de abertura dele, era suposto ser tão fácil abri-lo? Nos livros em que li, isso só podia significar um perigo terrível do outro lado da porta, mas não havia um caminho alternativo a tomar.

Entrei num ambiente bem maior que o túnel, mas de certa forma ainda claustrofóbico. Havia uma espécie de porta na boca da estátua de um homem. De lá, saiu a maior cobra que eu já vi na vida.

Resisti ao impulso de correr. Provavelmente isso só a faria me matar mais rápido. Pois eu sabia, algo gritava dentro de mim, que essa cobra iria me matar.

Ela fez alguns círculos ao meu redor e em seguida aproximou-se perigosamente de mim.

- O seu cheiro, criança... – disse. – você não é humana, é?

Engoli em seco. O fato da cobra falar – e o pior, eu entender. – não parecia uma preocupação válida diante da ameaçadora situação.

- Como assim? Claro que eu sou. – falei, o mais firmemente que pude.

- Interessssssssante.

Eu torci para que ela não pudesse escutar as batidas do meu coração. A essa altura, eram tão frenéticas que eu certamente estava tendo uma arritmia.

- Como você passou pela porta? – perguntou a cobra, mostrando sua língua bifurcada.

- Abrindo ela? – respondi, hesitante, vendo um leve sorriso se formar no rosto do réptil.

- Interessssssssante.

- Como eu saio daqui? – perguntei, cautelosa.

A cobra pareceu rir.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora