Carpe Retractum

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(Mérida Snide na multimídia).

Ao chegar no escritório do diretor Dumbledore, nós duas pusemo-nos a tagarelar simultaneamente.

- Chega! – exclamou Alvo. – Uma de cada vez. Foster, por favor.

Respirei fundo, pensando exatamente no que deveria falar. Repassei todos os diálogos mentalmente, mas na hora da raiva, o que predomina é a emoção.

- Ela é uma víbora venenosa! – adjetivei, recebendo um olhar de desaprovação do diretor, que provavelmente esperava uma fala menos odiosa de minha parte.

- E você é uma sangue-ruim. – rebateu Snide.

O diretor, antes de pé, sentou-se vagarosamente em sua cadeira. Ele provavelmente sentiu que a conversa se estenderia mais que o esperado inicialmente. Seu semblante carregou-se do pesar de quem está prestes a ouvir uma série de acusações e desabafos.

- Srta. Snide, peço que não volte a utilizar esse termo novamente em Hogwarts. Nunca. – ele advertiu. – Srta. Foster, eu pedi que a senhorita me informasse o que ocorreu. Uma vez que está nitidamente incapaz de fazê-lo, pedirei à senhorita Snide que o faça.

Snide sorriu satisfatoriamente e limpou a garganta.

- Claro, senhor. Peço perdão pela vulgaridade do termo que utilizei, mas essa garota me tira do sério. – falou Mérida. – Desde que chegou em Hogwarts, faz de tudo para chamar atenção do.... – ela refreou a língua. – dos outros! Chega a ser palpável sua necessidade de atenção. Creio que Hogwarts não seja o lugar mais adequado para ela.

Eu ri. Sempre o fazia quando estava nervosa.

- Você só pode estar louca! – comecei, o diretor recostou-se na cadeira. – Eu nunca quis chamar atenção de ninguém! Pelo contrário, eu odeio ser o centro das atenções!

- Sua cara na estufa hoje dizia outra coisa, Foster.

- Ouça-me, não vou ficar discutindo com uma pessoa tão... – procurei um adjetivo pejorativo o suficiente, mas não encontrei nenhum que refletia com fidedignidade o desprezo que eu sentia por Snide. – tão... argh! – exclamei, antes de virarmos o rosto uma para a outra simultaneamente.

Em frente a nós, Dumbledore alisava a barba enquanto nos examinava.

- Certo. – ele disse, tentando iniciar a abordagem sobre o problema novamente. – Srta. Snide, aguarde lá fora, por favor.

Mérida se levantou, um sorriso de vitória cruzando seu rosto.

- Claro que eu falarei com você depois. – Dumbledore acrescentou, fazendo seu semblante empalidecer levemente.

Sorri com a cena. Quando estávamos a sós, o diretor passou alguns minutos em silêncio, reflexivo. Não quis romper a quietude, pois eu sabia que estava errada, então apenas esperei a repreensão.

- Srta. Foster, sei que algumas coisas... – ele ponderou bem as palavras. – inexplicáveis, têm acontecido recentemente envolvendo você.

- Algumas coisas? Eu quase morro todos os dias! – exclamei, exasperada.

Ele coçou a cabeça.

- Sim, eu tive notícias a esse respeito. Sei que você deve ter muitas perguntas sobre isso... mas a única coisa que posso dizer, no momento, para sua própria segurança, é que você é diferente dos demais.

Eu o fitei, inexpressiva. Disso até eu já sabia. Não era possível um azar desgraçado, tanto no mundo trouxa quanto no mundo bruxo, ser resultado de uma aleatoriedade.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora