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Quando chegamos até a sala de DCAT, a professora Hipátia ainda não havia chegado.

- Nossa, o que aconteceu?! – perguntou Ethan, exasperado, olhando nossos cabelos assanhados e alguns cortes decorrentes da queda.

- Pergunte a ela. – disse Mérida, lançando-me um olhar de fúria, que ignorei.

Antes que eu pudesse tentar localizar Noah, uma multidão de alunos curiosos nos cercou.

- Por que estão presas uma à outra? – questionou Will, tentando conter o riso.

Semicerrei os olhos na direção dele, que ficou sério imediatamente. Em meu estado de irritação, eu seria capaz de rosnar para qualquer um que brincasse com a situação - como se ela, por si só, já não fosse desesperadora o suficiente.

- Eleanor! – berrou Noah, com os abafadores postos, aproximando-se da aglomeração. – O que essa cobra te fez?

Mérida olhou para ela, indignada. Era melhor ela se acostumar a ser adjetivada por nós dessa forma. Na verdade, agora nem isso eu poderia fazer – uma das coisas que me dava prazer, xingá-la, não posso mais fazer para que essa corda idiota não se encurte ainda mais.

- Depois eu explico, Noah. – respondi, aborrecida.

Quanto menos eu pensasse na ridícula situação na qual estava, melhor. Além disso, eu tinha problemas mais relevantes pra resolver.

- Eu preciso do clube. – falei, tentando tirar Ethan do transe no qual se encontrava.

Desde que chegamos, a boca dele estava aberta de espanto.

- Oh, Mérida, isso é terrível! – disse Phoebe Bellini, aproximando-se de Snide.

- Nossa rainha está presa a uma trouxa! – acrescentou Ray Quinn, completando o bonde mais venenoso de Hogwarts.

- Quer ver a trouxa?! Quer ver?! – vociferei, fazendo-as recuar.

- Calma, Eleanor... – pediu Uriel, impedindo-me de ir à direção mais uma vez.

Eu nunca fui uma criança muito briguenta – exceto, claro, quando alguém tentava mexer com a Noah. Depois que eu quebrei três dentes do garoto que a perturbava no orfanato, o resto das crianças deixaram-na em paz.

Mas agora era diferente. Desde que cheguei a Hogwarts e descobri as maravilhas do mundo mágico, me sinto estranha. Por um lado, estou animada com tudo que venho aprendendo, por outro, cada vez que esses eventos estranhos acontecem comigo, eu me sinto diferente.

Mais forte, de certa forma, mas também assustada. Eu dificilmente perdia a paciência com tanta facilidade. Talvez o excesso de caos na minha breve estada em Hogwarts tenha ajudado a gerar essa instabilidade emocional.

- Dez galeões a pergunta. Se for uma direta cuja resposta é sim ou não, são cinco galeões. – Cobrou Will, recebendo protestos dos alunos.

- Vocês são uns mercenários! – reclamou um.

- Estelionatários, com certeza! – acrescentou outro.

- Ora, ora... a culpa não é minha se vocês não sabem negociar. – justificou Will, as mãos levantadas.

Uma discussão foi levantada em torno da legalidade do que Will, Uriel e os demais tentavam fazer com a multidão de curiosos. Uriel trazendo à tona algumas leis bruxas sobre comércio, e Will tentava convencê-los a ceder e comprar o pacote para fazerem perguntas à garota foguete.

Joguei-me na cadeira e pus a mão livre na testa, baixando a cabeça. Era muito pra processar. Como Dumbledore achava que isso poderia ajudar: ficar presa à primeiranista mais irritante de Hogwarts?

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora