Uma Trouxa em Hogwarts

Aula de Voo

(Na multimídia, a instrutora de voo, madame Hooch.)

Enquanto caminhávamos em direção à nossa próxima aula, meu corpo ainda repleto de Unguento, eu refletia sobre o possível significado das palavras de Liam Blackwood. Ele estaria tentando me ajudar ou satirizando minha nula aptidão com poções? Decidi ser otimista e acreditar na primeira hipótese, apesar de realmente não entender como uma lista com os ingredientes daquele desastre medicinal pudessem me ajudar.

- A Gosmenta está nervosa, ela não gostou da última experiência de voo. – falou Noah subitamente, interrompendo meus pensamentos e eu sorri com a lembrança.

- Não que possamos chamar aquilo de voo, tá mais pra queda livre. – zombei e Noah me encarou, séria. – Tá bem, tá bem. Então, nossa próxima aula é voo?

- Sim! Não é incrível? – perguntou Izzie, que parecia ter monopolizado toda animação do grupo.

Chegamos ao lado externo da Escola, nos Terrenos de Hogwarts, onde uma mulher com aparência, no mínimo, exótica, nos aguardava. Ela parecia uma coruja. Cabelos grisalhos curtinhos apontando para todas as direções e olhos exatamente como os de coruja.

- Bem-vindos à sua primeira aula de voo! Eu sou Madame Hooch e sou sua instrutora de voo. Aguardem um pouco, logo mais iniciaremos. – disse, alegremente.

Felizmente ela parecia ser simpática. Se bem que, em comparação ao Snape, acho que até uma pedra parecia ser mais simpática.

- Primeira aula de voo? – perguntei à Uriel. – Vocês não tiveram aulas de voo ainda?

- Não, houve um problema no corujal e a Madame Hooch se ocupou a semana inteira, só estando livre hoje. – respondeu prontamente.

Eu estava contente que, pelo menos uma aula, todos nós veríamos juntos pela primeira vez – não somente Noah e eu como duas retardatárias. Pena que fosse justo voo – não que eu não gostasse de voar, voar na máquina mortífera de Hagrid foi fantástico, mas eu tinha certeza absoluta que eu não possuía o mínimo de coordenação motora para voar numa vassoura.

- Aliás, por que uma vassoura, hein? – questionei subitamente, e August surgiu timidamente atrás de mim.

- Porque durante a Caça às Bruxas era mais fácil disfarçar perante os trouxas esses objetos mágicos com os quais eles estivesse mais habituados. – explicou.

- Sim, não consigo imaginar um trouxa achando normal um elefante voador no quintal. – retrucou Izzie, rindo. Uriel acompanhou sua risada. Noah estava focada em acalmar, secretamente, Gosmenta.

- Você está bem? – perguntou August, parecendo sinceramente preocupado. Encarei-o, confusa.

- Ah, isso... – olhei para a pomada espalhada nos braços. – comparado ao que eu passava antes, isso aqui é o paraíso.

Ele me olhou tristemente.

- Mas não se preocupe, eu estou bem agora. – acrescentei rapidamente, não queria preocupa-lo. - Foi só um pequeno incidente na aula de Poções. E as lembranças do passado... eu quase nem tenho, chega a ser nostálgico.

Ele me encarou, analisando-me. Eu mentia muito mal.

- Ah, você estava na aula de Poções? – perguntei, estupidamente, tentando mudar o foco da conversa. – Quer dizer, claro que você não estava, eu teria notado.

- Na verdade eu estava...

Me senti mal imediatamente. O que Ethan havia no café hoje cedo tinha um fundo de verdade. August, com seus hábitos tímidos e sorrateiros, chegava a ser praticamente invisível diante de personalidades tão ofuscantes como Snape, Blackwood e Snide, por exemplo.