Olga Albrook

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Felizmente, eu não estava sangrando. – não fisicamente, pelo menos. Internamente, por outro lado, a faísca de esperança que eu ainda possuía acabou de morrer.

Madame Foster lançou-me no chão violentamente e correu em direção a Noah, com os braços estendidos para alcançá-la, mas ela se desviou, rolando pelo chão.

- Eu sei o que você fez! – berrou Noah, a plenos pulmões.

Madame Foster congelou por um momento, semicerrando os olhos, ainda furiosa.

- O que uma criança idiota como você poderia saber a meu respeito? – perguntou, agarrando o abajur e lançando-o contra Noah, que se esquivou novamente.

- Você roubou a identidade de Eleanor! – fosse um plano de Noah para desencorajá-la a nos matar ou qualquer outra coisa, eu estava grata, pois a madame paralisou instantaneamente e pôs-se a encarar-nos.

Após alguns segundos, possivelmente ponderando a situação, ela gargalhou. Noah continuava encarando a víbora peçonhenta com tanta confiança que me perguntei se ela finalmente haveria enlouquecido.

- Por que minha filha não pode ir a Hogwarts enquanto uma menininha imunda que não vale nada iria? – ela comentou, encarando-me com desprezo.

- Então eu estava certa... – retrucou Noah, para si mesma.

Olhei para Noah, confusa, questionando-me se aquela conversa só não fazia sentindo pra mim.

- Se estiver pensando em usar isso contra mim de alguma forma, ninguém vai acreditar em duas órfãs imundas. – gabou-se madame Foster.

- Pode ser que não. – disse Noah. – Mas acreditarão nisso. – ela ergueu um dos dois documentos em suas mãos e madame Foster esbugalhou os olhos.

Ela correu em direção a Noah, furiosa, com o objetivo de arrancar-lhe a prova, mas Noah foi mais rápida e pôs um pé, fazendo-a cair de cara no chão. Ela retirou, de dentro do seu pijama, duas cordas e me pediu que amarrasse as mãos de madame Foster. Obedeci rapidamente – apesar de, internamente, estar me sentindo levemente criminosa.

Madame Foster remexeu-se colericamente, tentando, com todas as forças, desfazer-se dos nós.

- Soltem-me! – berrou.

- Cale-se! – ordenou Noah à víbora. – Conte a verdade a ela.

- E por que eu faria isso? – cuspiu, entredentes. – Wilson, Cleonice!

Meu coração acelerou. Noah tocou em braço, entendendo perfeitamente o meu desespero e tentando me acalmar. Estávamos tão focadas em madame Foster que esquecemos completamente os outros dois.

- Está tudo sob controle. – garantiu Noah.

- Wilsooooon! – berrou madame Foster, novamente.

- Se você colaborar, eu te solto.

Olhei para Noah, impressionada. Uma criança de 11 anos resolvendo mistérios e barganhando com um adulto. Ela parecia um tipo de Sherlock Holmes precoce.

- Mas que diabos! Está bem! O que quer saber? – aparentemente madame Foster percebeu que o único jeito de sair daquela situação era colaborando.

- Tudo. – Noah sentou-se no chão, com as pernas e braços cruzados, a uma distância segura da naja.

Madame Foster bufou.

- Você e minha filha têm praticamente a mesma idade. – falou, e percebi que o '' você'' era sobre mim. – Quando Ethel nasceu, eu estava quase sendo capturada pelo maldito Ministério da Magia. Comprei o orfanato e vi em você a oportunidade perfeita para dar à Ethel um futuro no mundo bruxo, em Hogwarts.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora