Incógnitas

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(Liam pensando se a Eleanor ficou louca de vez).

- Cansado? – perguntei, segurando o gato. – Cansado, acorda! – eu o sacudi, como um boneco de pano, mas ele não parecia minimamente interessado em acordar. Pelo contrário, parecia o cliente de uma clínica de massagem, tão relaxado que estava.

Eu suspirei profundamente.

- Eleanor, o que está fazendo? – questionou Liam Blackwood, observando-me, curiosamente, enquanto eu parava de sacudir o gato.

Minha mente era engraçada. Quando eu era pega numa situação e queria saber o quão estranha pareceria para alguém que a visse, ela normalmente recriava, em minha imaginação, a cena, sob meu próprio ponto de vista.

O que eu pensaria, por exemplo, se visse um dos meus amigos, descabelados e com o rosto inchado, sacudindo um animal à beira de uma torre? Sobretudo o gato de alguém que sei que não pertence a nenhum deles? E se fosse um gato que, aparentemente, estivesse morto, de tão inerte?

- Eu não sou uma assassina de gatos! – berrei, enquanto segurava o bichano, como um fantoche. – Veja, ele está vivo! – assegurei, fazendo o corpo de Cansado dançar levemente.

'' Você é.... barulhenta.'' disse Cansado.

- Não durma, seu preguiçoso! – falei, mas ele não parecia muito favorável a dar-me ouvidos.

Não percebi a aproximação de Blackwood.

- Você está bem? – ele perguntou, um semblante de preocupação cruzando seu rosto.

Eu também me preocuparia se visse alguém nas mesmas condições. Talvez eu até ligasse para o número de emergência de algum hospital psiquiátrico.

Seria muito bom compartilhar com alguém a minha mais nova dádiva de falar com o Cansado. Quem sabe eu até conseguiria fazer isso com a Gosmenta! Mas, não podia fazer isso com o Liam, o que ele pensaria de mim?

Olhei para ele com leve desconfiança, perguntando-me se haveria algum hospital psiquiátrico no mundo bruxo.

- Eu não estou louca. – falei, parecendo mais lunática que nunca.

- Quem disse que você é?

Enchi a boca para responder '' o gato'', mas soaria muito estranho.

- Sinto muito. – pedi.

- Pelo quê?

- A resposta, foi grosseira. – expliquei, enquanto abraçava os joelhos.

Em minha frente, Cansado dormia, arreganhado. Acho que todos os pets do clube sete estão fadados a dormirem assim.

- Tudo bem, eu só estava preocupado. – ele falou, sentando-se ao meu lado. – Vi você subir a escadaria correndo, tão veloz quanto uma artilheira de time de Quadribol.

Eu sorri com a comparação, e pensei como nossas criações haviam sido diferentes. Na situação dele, eu me compararia a uma jogadora de futebol americano. Mas duvido muito que ele conheça esse esporte muito bem.

- Como você se livrou? – ele perguntou, arrancando-me de meus devaneios.

- Huh?

- De Snide.

- Ah, bom... – eu estreitei os olhos, tentando lembrar. – a verdade é que nem eu sei direito.

- O quê? Como assim?

- Foi algo envolvendo baratas, – estremeci levemente pensando nas antenas nojentas do inseto que odeio. – Snape e uma boa dose de stress acumulado.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora